Esportes

Análise final do Brasileirão 2008

screenshot283

Foto: Fernando Bizerra/EFE

Com o fim do certame, algumas considerações básicas:

  • O triunfo do São Paulo é, de fato, como já se cansou de falar, a vitória da organização, da estrutura e da competência: administrativa, técnica e psíquica. Um time que perde muito pouco (apenas 5 partidas), empata muito, sabe segurar o jogo e define quando é preciso. A base montada – e mantida – há mais de três anos, com o mesmo técnico, somada a reposição de peças com rapidez e eficiência, dá consistência ao projeto. O SP é o modelo de clube brasileiro a ser seguido, junto com o Inter, talvez. A profissionalização dos times nacionais é urgente e felizmente está acontecendo, num ritmo muito, muito lento, mas ocorre.
  • Classificação final da séria A e série B.
  • A seleção da Placar, a mais tradicional votação de melhores do ano do país, foi a seguinte: Rogério Ceni (SP), Vítor (Goiás), André Dias (SP), Miranda (SP) e Juan (Flamengo); Ramires (Cruzeiro), Hernanes (SP), Tcheco (Grêmio) e Wagner (Cruzeiro); Borges (SP) e Nilmar (Internacional).
  • A da Globo/CBF foi esta: Victor (Grêmio), Léo Moura (Flamengo), Thiago Silva (Fluminense), Miranda (SP) e Juan (Flamengo); Ramires (Cruzeiro), Hernanes (SP), Diego Souza (Palmeiras) e Alex (Inter); Kléber Pereira (Santos) e Alex Mineiro (Palmeiras).
  • Sérgio Xavier, editor da Placar, fala sobre as duas aqui (mesmo defendendo o seu lado, concordo em parte com ele).
  • Sobre o meu Flamengo, mesmo chegando muito perto da vaga na Libertadores, não é difícil apontar a causa do fiasco: diretoria trapalhona (e falastrona), além de incompetente e lenta, elenco dividido e turbulento, longe da situação ideal, Caio Jr. sem ter o controle e o respeito do time, além de não conseguir definir uma equipe e tomar o cuidado necessário nos momentos precisos…
  • O time acabou com o melhor ataque da competição (67 gols). Mas a defesa, que ficou a maior parte do campeonato entre as 5 melhores, desandou nos três últimos jogos: tomou 11 gols. Contra o Goiás, após estar vencendo com extrema facilidade por 3 x 0, o time começou a se complicar com o pênalti infantil de Jaílton (que fez vários outros pênaltis infantis durante a competição). Depois, com a lesão de Luizinho, o lateral reserva, Milhouse colocou Fierro na lateral. Justamente onde saiu o terceiro gol do Goiás, causando o desespero que foi o segundo tempo, onde mereceu até perder. Basta dizer que, se soubesse administrar um jogo ganho como esse, mesmo com todas as outras questões, o time tinha se classificado para a Libertadores no lugar do Palmeiras.
  • Caio Jr. já foi embora. Se Parreira for mesmo confirmado como técnico, a diretoria conseguir manter a ótima base desse grupo e contratar dois ou três reforços razoáveis, 2009 tem tudo para ser um ano muito bom.
  • Quanto aos rebaixados, fora o ridículo Ipatinga, que nem torcida tem (times sem torcida decente não deveriam disputar a séria A), caíram Portuguesa, Figueirense e Vasco (a única surpresa). Mesmo sendo rival, não é o tipo de coisa que comemoro. É uma lástima para o já tão combalido futebol carioca. Mas pagou o preço pela sua piada chamada defesa – se tivessem corrigido isso teriam conseguido uma posição muito melhor, dado que o ataque era bom.
  • Quem subiu da série B, desconsiderando o Corinthians, que esteve a passeio, e o Avaí, que batia na trave há décadas, a ascensão de Santo André (que já vinha aprontando…) e Grêmio Barueri é só reflexo dos investimentos expressivos e da boa administração que alguns times do interior de São Paulo tem. Tendência cada vez maior.
  • O campeonato, em si, além de ser extremamente disputado, solidificou a fórmula dos três pontos. Pessoalmente prefiro o mata-mata, por ser mais dinâmico, interessante e atrativo.
  • Esse papo eterno de que o futebol brasileiro é nivelado por baixo é uma piada, uma viseira de quem não consegue enxergar um palmo a sua frente. 2008 marcou a reestruturação dos times, vários jogadores de peso voltaram para o país, outros tantos surgiram e tivemos – vários – jogos de ótimo nível. Só não vê quem não quer e se acomoda no discurso pronto.
  • Além dos que se classificaram para a Libertadores (SP, Grêmio, Cruzeiro e Palmeiras), o Flamengo (5º) e o Inter (6º) serão os principais times de 2009, somado ao Corinthians. O resto vem muito atrás.

Vai valer a pena acompanhar a próxima temporada…

Padrão
Esportes

Análise do Flamengo no Brasileirão 2008 (até agora)

Feita a crônica da minha relação com o Flamengo e um panorama do futebol em si, é hora de irmos direto ao Brasileirão 2008.

Friamente, o Flamengo irá perder para si mesmo. E não, isto não é uma constatação de um torcedor fanático que não admite a derrota pura e simples. Após a torcida ter carregado o time nas costas em 2007, levando-o a conquistar uma vaga na Libertadores, o Flamengo começou o campeonato em 2008 avassalador, com a melhor campanha de uma equipe no Brasileirão de pontos corridos até 11º rodada, quando venceu o rival Vasco no Maracanã por 3 x 1 e deixou os analistas com a certeza de ser o favorito ao título. Até aquele momento o time tinha 8 vitórias, 2 empates e uma derrota, tendo o melhor ataque e sendo líder absoluto da competição com 5 pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

O time, redondo, estava sólido na defesa, no meio e no ataque – mas faltavam peças de reposição. E isto ficou evidente com as saídas de Marcinho, artilheiro da equipe, em ótima fase e um dos principais responsáveis pela campanha, e, em menor grau, de Souza, o trombador eficiente, e Renato Augusto, meia de enorme talento revelado na casa que andava cabisbaixo. Como o futebol brasileiro é fraco, amador, financeiramente limitado e refém dos clubes de fora, a janela de transferência castigou principalmente o Flamengo, que perdeu jogadores fundamentais e, mais importante, demorou muito a contratar substitutos. Pra piorar, um dos melhores meias defensivos, Klebérson e um atacante não dispensável, Diego Tardelli, se machucaram, com o segundo ficando fora até 2009.

A equipe caiu em desgraça: conseguiu a proeza de passar 7 rodadas sem vencer, com 5 derrotas e 2 empates. Muitas vezes jogava bem (como contra Palmeiras, Goiás e Botafogo), mas errava finalizações em demasia e se atrapalhava nas próprias bobagens. Podem anotar: a pontaria jogou o título pro espaço, e nestas 7 rodadas o Flamengo rasgou o hexacampeonato que, senão fácil, estava plenamente possível. O empate em 2 x 2 com a Portuguesa, por exemplo, com Ibson desperdiçando um pênalti aos 44 do segundo tempo (e o time vindo de derrotas para Coritiba e Vitória), não apenas somaria mais 2 pontos como interromperia a má fase e daria outra perspectiva para as partidas futuras.

Após passar semanas e semanas sonhando com Felipe, no Oriente Médio, e Vagner Love, na Rússia (com incontáveis viagens tentando concretizar o negócio), a diretoria passou a contratar em peso: vieram Marcelinho Paraíba, meia muito bom mas já em fim de carreira, Eltinho e Evérton, do Paraná, Dininho, pra zaga, Vandinho, do Avaí, um dos artilheiros da temporada até então, Josiel, da França, e os estrangeiros Sambueza, do River Plate, considerado muito habilidoso e Gonzalo Fierro, do Chile, outra promessa da mesma geração de Valdívia. Foi o time que mais contratou.

Além de todo o tempo necessário para estes jogadores serem regularizados, entrarem em forma e poderem ser aproveitados no time, houve algumas contusões, como a de Vandinho, e convocações para as seleções do Chile (Fierro) e Brasil (Juan), o último peça fundamental da equipe.

Mesmo fazendo uma das melhores campanhas do segundo turno, com apenas uma derrota, dentro da normalidade, para o São Paulo, o Flamengo mostrou a dependência de Fábio Luciano e Juan ao perder de forma vexatória para o Atlético Mineiro no Maracanã (17.10.08) lotado com 80 mil pessoas (maior público da competição), jogando a sua pior partida no ano e praticamente enterrando as chances de título num momento chave do campeonato. O jogo, aliás, pode ser tranquilamente comparado a outro vexame semelhante, os 3 x 0 para o América do México: mesmo Maraca, mesmo placar, mesmo público, mesma atuação pífia e inexplicável.

Dada este tiro na alma da magnética rubro-negra que iria suar sangue para lotar o estádio e levá-lo ao título milagroso, o que resta são migalhas ante o investimento feito. Das contratações, Everton teve boas atuações mas não se firmou, Vandinho é mediano e esforçado, Sambueza não foi aproveitado como deveria, Fierro não teve chances, Dininho é uma peneira, e Josiel, além de (muito) limitado está fora de forma. O único que realmente fez a diferença foi Marcelinho Paraíba, dando qualidade para um setor desestruturado. Pra piorar, Caio Júnior não é um técnico tão bom assim, fazendo pataquadas dignas de uma estupidez flagrante e Ibson lembrou que joga menos do que falam que joga.

Faltando 8 jogos e na 5º colocação com 52 pontos, a 4 do líder Grêmio, o título é algo possível mas que o time, em campo, não joga o suficiente para merecê-lo. Contra o Vasco, por exemplo, vitória por 1 x 0 diante de péssima atuação. Sendo assim, confira análise sobre o elenco e pitacos sobre as pelejas que estão por vir.

Goleiros

Bruno – Bom jogador que foi fundamental para a equipe em 2007 e também em 2008, mas com panes mentais dignas do pior frangueiro do mundo. Temporada razoável. Falha nas saídas do gol, posicionamento e reposição de bola.

Diego – Excelente goleiro reserva que deve estar cansado de amargar a posição, após anos relegado.

Zagueiros

Ronaldo Angelim – Monstro: eficiência, boa forma física e leal nas abordagens (apenas um cartão amarelo na competição).

Fábio Luciano – Capitão, imprescindível. Liderança e domínio do setor.

Leonardo – Uma piada. Quase não jogou.

Thiago Sales – Jovem. Tem potencial. Faz gols (esse ano já foram 4).

Dininho – Lamentável, afundou o time todas as vezes que entrou.

Laterais

Juan – Melhor lateral esquerdo do Brasil.

Leonardo Moura – Quando quer, joga muito. Tem dias “menos inspirados” com maior freqüência do que o desejado.

Eltinho – Risível.

Luizinho – É “inho” de mais na equipe. Futebol equivalente ao nome diminutivo.

Volantes

Toró – Ás vezes acha que está no “futebol americano”. Quando não quer aparecer e matar alguém, funciona.

Jonatas – Contratado como estrela, desapareceu. Bom jogador que nem no banco fica mais e deve estar chorando pelos cantos.

Jaílton – A besta, único remanescente da colônia desastrada do Ipatinga que veio para o Flamengo. Apesar dos pesares, foi (e é) importante mesmo com as suas limitações.

Aírton – Tem futuro. Marca bem e sabe jogar.

Meias

Erick Flores – 18 anos. Sua participação mais marcante foi um bonito drible no jogo contra o Atlético Mineiro no primeiro turno. Sem mais.

Kléberson – Devia ser mais regular. Dá segurança ao setor e sabe sair com a bola, quando necessário.

Sambueza – Mostrou que tem o que oferecer, mas ainda tímido. Não deve entrar nas loucuras de Milhouse ao ir jogar na lateral (!?!?!).

Fierro – Praticamente não teve chances. Está demorando a ser aproveitado no time.

Ibson – Jogador mediano que passou a mostrar que não joga tanto quanto acha que joga. Em dias ruins (freqüentes) é um desastre. Faltando seriedade e determinação.

Evérton – Jovem habilidoso que naturalmente tem seus altos e baixos.

Atacantes

Maxi – O primo paraguaio do Messi. Joga exatamente o que a descrição entrega.

Marcelinho Paraíba – Apesar de causar desconfiança pela idade avançada (33), foi o principal responsável pela melhora do time no segundo turno. Chegou com vontade e qualidade, tomou conta do ataque, cria, dá o sangue e marca gols. Se não bobear vira ídolo da torcida.

Vandinho – Alguma competência na finalização. Esforçado, técnica mediana.

Josiel – O tradicional trombador que, quando dá sorte, marca. O Flamengo sempre tem um desses (ou vários). Fora de forma, foi nulo até o momento.

Paulo Sérgio – Jovem, poucas chances, fraco.

Diego Tardelli – Frágil e dorminhoco, deu a sua contribuição e era opção interessante para o setor. Lesão ajudou a levar o time pro buraco.

Obina – Folclórico. 80% carisma, 20% sorte. Finalizador pífio, desperdiçou uns 115 gols feitos na competição. Apesar de, às vezes, entrar em campo com seriedade e lutar ao máximo para fazer o possível (é um brigador), sua técnica atabalhoada e principalmente a finalização sofrível estraga tudo. Devia ter sido sacado do time há muito. Sobrevive pelo carinho da torcida (já abalada). Dá sorte e de tanto insistir, acaba marcando. Apesar de tudo, é um dos principais jogadores da temporada, com 11 gols e 10 assistências.

Caio “Milhouse” Júnior (Técnico) – Perdido e desorientado, até hoje não definiu um padrão de jogo e um esquema básico para o time, principalmente no ataque, como já admitiu. Atrapalhado pela lentidão da diretoria, teve que montar o grupo durante o campeonato, fazendo mais experiências do que o saudável. Não sabe o que fazer quando Juan está fora, chegando ao absurdo de improvisar Sambueza (deixando uma avenida que contribuiu para a derrota histórica). Conseguiu descartar Jonatas, escalar Josiel sem condições e demorar a achar um espaço no time para Fierro. Não tem coragem para sacar Ibson definitivamente. Insiste em Obina pelo carisma, não pelo futebol, como disse há pouco. Um brincalhão. Dá a sorte de, mesmo não passando de um treinador mediano, preguiçoso e sem pulso, não ter ninguém no mercado brasileiro melhor que ele. Está ganhando mais do que deveria.

Márcio Braga (Presidente) e Kléber Leite (Diretoria) – Dois patetas. Maiores responsáveis pela quase certa perda do título. Sabotaram o time ao demorarem uma eternidade na contratação de reforços. Envolveram-sem em duas palhaçadas: a primeira com a Nike e a Olympikus, numa confusão digna de amadores e a outra com a Petrobras, numa relação já conturbada há tempos. Incapazes de conseguir novos e lucrativos parceiros. Nenhum dos dois poderiam estar no Flamengo, especialmente o pirotécnico Kléber, que teve um dos mandatos mais pífios e ridicularizantes da história do clube, contratando mais de 100 jogadores, estragando o centenário, se afundando em dívidas e ganhando apenas um campeonato carioca em 4 anos de administração. E Márcio Braga fala muito e trabalha pouco, além de tudo. A dupla é um câncer a ser extirpado.

Previsão dos próximos jogos

Flamengo x Coritiba (Casa) – Juan e Fábio Luciano fora a exemplo de contra o Atlético Mineiro. Considerando a peneira que o time vira nestas circunstâncias e se Caio Júnior não inventar muito, pode sair um empate. Vitória será milagre.

Vitória x Flamengo (Fora) – Precisa (e pode) vencer, devolvendo a derrota do primeiro turno.

Flamengo x Portuguesa (Casa) – Vitória. Tem obrigação de ganhar. Se não, pode fechar o clube.

Botafogo x Flamengo (Maraca) – Ganha se jogar sério.

Flamengo x Palmeiras (Casa) – Altamente motivado, deve ser um dos melhores jogos do returno. Vitória é fundamental.

Cruzeiro x Flamengo (Fora) – Jogo muito difícil, deve perder. Empate é bom resultado.

Flamengo x Goiás (Casa) – Vitória.

Atlético PR x Flamengo (Fora) – Depende da situação que chegar nesta rodada (se com chances para o título, para libertadores ou nenhum dos dois). Mas ganhar do ridículo time do Atlético PR é obrigação.

Como se vê, apesar de todos os pesares, as chances ainda são boas (não há nenhum time no Brasil, atualmente, melhor que o Flamengo). Para isso, precisam parar de errar passes, pois parece que desaprenderam (os erros aumentaram muito). Mesmo assim, o título a equipe já fez questão de jogar fora. Acredito na vaga para a Libertadores. Próxima análise após o término do campeonato. Veremos.

Padrão
Esportes

O ser Flamengo e a magnética do futebol

Eu sou Flamengo. E estas coisas não se explicam. Paixão verdadeira por um clube de futebol não tem motivo aparente. Desde que me reconheço no mundo, sou Flamengo. Ainda (muito) moleque, lembro de ter comemorado o penta brasileiro em 1992 pelas ruas de uma cidadezinha no interior do Espírito Santo, ainda sem saber direito o que estava acontecendo.

Ter um sentimento tão forte por uma equipe de futebol é uma daquelas coisas idiotas e sem sentido que você não consegue se livrar. Afinal, em tese, pela razão, não tem influência nenhuma na sua vida. E, como diria o meu avô, você se mata por meia dúzia de milionários que ficam lá correndo atrás de uma bola. Ele tem razão. O salário de um mês de um grande jogador do Flamengo atual deve ser o equivalente aos ganhos de milhares de flamenguistas juntos num único ano.

É o time do povo. Da favela que desce em peso pro Maracanã. Do cara humilde com dois dentes na boca que leva o filho pra ver um clássico no domingo. De gente que tem como sentido da vida deles o Flamengo. Literalmente, o Flamengo é a vida do cara. Temos a maior torcida do mundo: 35 a 40 milhões de pessoas. Tombada pela prefeitura do Rio de Janeiro como patrimônio cultural da cidade. Já viram isto? Repito: a torcida do Flamengo foi tombada pela prefeitura do Rio como patrimônio cultural do município. Homenagem mais que merecida.

Muitas vezes, esta é uma relação de amor não correspondido. O torcedor sofre, se importa, acompanha, colabora…e o time não corresponde, não consegue transformar isto em vitórias, em respeito a quem está no estádio. Sobretudo, porque o futebol é só um esporte. E o perder e o ganhar é parte inerente – longe de uma equação simples ou factual – da essência do jogo. Você fica puto, fica feliz, desiste, volta a acompanhar, se revolta, finge não se abater, vibra, xinga, se conforma, gasta horas pensando nisso, não assiste mais aos jogos, vai ao estádio…no clichê pelo clichê, é a montanha russa de fases e emoções que todo relacionamento possui. Com a certeza de que será pra vida toda. “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”.

Na verdade, torcedor “vira-casaca”, pra mim, não é torcedor. Nunca foi e nunca será. Dou risada quando me perguntam: “ok, e em Minas você torce pra que time? E em São Paulo?”. Hã? Como assim? Como, que diabos, num estado X ou em outro, pra que time eu torço? Eu sou F-L-A-M-E-N-G-O. No Espírito Santo, onde nasci, em Minas, onde moro, no Sri Lanka ou na Venezuela. O resto é o resto.

Já diriam os anais da crônica esportiva nacional que o futebol é o momento onde todo brasileiro é igual. É a hora quando, não importa que classe social você pertença, seu “intelecto”, profissão, cor ou o que quer que seja, você se torna mais um hipnotizado pelo magnetismo de uma paixão, uma torcida, um estádio, um clube e uma bola rolando. Verdade inegável.

Até por isso, eu tenho pena não só de nós, torcedores, como do futebol brasileiro em si. Não dá para imaginar quanto dinheiro é roubado, quanta sujeira se esconde nos bastidores e quanto a péssima administração de cartolas e conselheiros caducos e sangue-sugas entranhados nas dependências dos clubes jogam o esporte pra baixo. Em termos de mercado, desconheço algo mais forte que o futebol em nosso país. E o modelo de administração do século XIX, somado ao óbvio desvio de verbas e a pura e simples incompetência e amadorismo, jogam no abismo os clubes locais, que ganhariam horrores se profissionalizando.

Imagine o que uma boa diretoria, profissionais qualificados nas diferentes áreas administrativas e um departamento de marketing decente não fariam com um contingente de 40 milhões de torcedores? É impossível um patrimônio assim, se bem gerido, dar prejuízo. O Flamengo seria o clube mais rico do mundo, e tem nítido potencial para ser.

O futebol, na pior e na melhor faceta, é, realmente, a síntese do Brasil. O que temos de mais vivo e mais podre. O único lugar onde existe memória – nas outras coisas o passado é ignorado e o que lembramos raramente vai até o ano anterior (política, economia, artes, etc, etc, etc).

Não dá pra ser brasileiro ignorando o futebol. Seria um contra-senso inexplicável. Um atestado de estrangeirismo e estupidez (tanto quanto deixar a paixão por ele o tornar cego e fanático).

Não é nisto, o futebol, que um povo e um país se resumem. Mas é impossível compreender o Brasil de hoje e sempre sem passar pelo relvado – como diria o português antigo. Eu sou Flamengo. E continuarei sendo não importa o que aconteça. Vocês, outros, que se degeneraram, que continuem torcendo para o clube que torcem. E que ajudem a melhorar o esporte – com todos os benefícios que vêm com isso.

Pouco temos de tão belo e essencial.

Padrão
Esportes

CBF legitima o campeonato de 87 e o penta do Flamengo

Do blog de Gilmar Ferreira:

Lembram da Taça de Bolinhas — aquela que seria entregue ao clube que vencesse o Campeonato Brasileiro cinco vezes?

Pois bem, a CBF deve anunciar nos próximos dias a solução para o impasse quanto à nova e definitiva morada do troféu.

E o mais provável é que ele vá mesmo para a Gávea.

Explico: Fábio Koff, presidente do Clube dos Treze, entregará ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a cópia de um documento assinado por dirigentes de vários clubes solicitando a divisão do título brasileiro de 1987 entre o Flamengo, por ter vencido o módulo verde, e o Sport Recife, por ter ganho o módulo amarelo.

O documento teria sido assinado, inclusive, pelo vice-presidente do clube pernambucano, Milton Caldas Bivar, um dos quatro vice-presidentes do Clube dos Treze — fato este que não consegui confirmar.

Mas não acho de todo improvável. Afinal, o impasse não interessa ao atual campeão da Copa do Brasil.

Pelo contrário, dividindo com o Flamengo a legitimação da honraria por enquanto conferida apenas a ele, o Sport se alia aos poderosos do Clube dos Treze e de tabela ajuda a CBF a resolver um imbróglio que a atormenta: a questão da Taça de Bolinhas.

Porque reconhecendo oficialmente os dois clubes como campeões do Brasileiro de 87, a entidade legaliza o penta rubro-negro e entrega o troféu na Gávea…

____________________________________________________________________________________

Primeiramente, um lembrete: a questão é polêmica e por isso se arrasta há 21 anos.

É engraçado ver companheiros de imprensa se manifestando sobre um caso que nem todos à época acompanharam “in locco”, cobrindo as reuniões e ouvindo as duas partes principais do imbróglio.

Vem daí as “certezas” de alguns leitores que hoje se manifestam, até com radicalidade, baseadas em falsas premissas e em verdades manipuladas de acordo com preferências _ clubísticas, pessoais e comerciais.

Mero casuísmo.

Isso posto, complemento a informação e esclareço alguns pontos.

O documento em questão, que será apresentado ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi assinado pelo então presidente do Sport, em 1997, Luciano Bivar, irmão do atual presidente, Mílton Bivar.

E que o diz o documento?

Simples: o Sport queria se filiar ao Clube dos 13 e, conforme o estatuto da instituição, teria de conseguir a aprovação unânime dos representantes dos clubes filiados.

O Flamengo manifestou-se contrário ao fato a menos que, em condicão sine qua non, o clube pernambucano assinasse um termo reconhecendo, ao lado dos outros afiiados, a legitimidade do título do clube carioca, conquistado em 87, no Módulo Verde.

O Sport não criou objeção, assinou o documento e teve sua filiação aceita.

O Clube dos 13 garante ter enviado o documento à CBF mas, como houve mudança na diretoria do Flamengo, os representantes da nova gestão não se preocuparam em fazer o acompanhamento.

O assunto caiu em esquecimento até que o São Paulo conquistasse seu quinto título Brasileiro, em 2007.

Enfim, a fonte me informa ainda que o encontro entre Fábio Koff e Ricardo Teixeira só não aconteceu nesta semana porque o Teixeira teve de viajar para um encontro com executivos da Nike, nos Estados Unidos.

A expectativa é de que após o jogo entre Brasil e Colômbia, no Maracanã, um encontro entre os dois formalize a entrega de uma cópia do documento.

Teixeira deverá encaminhar o caso para o STJD que, finalmente, deverá pôr um ponto final no caso, anunciando a divisão do título:

Flamengo, campeão brasileiro do módulo verde.

Sport Club Recife, campeão brasileiro do módulo amarelo.

Ou seja: o Flamengo, primeiro pentacampeão brasileiro (80,82, 83, 87 e 92), ficará com a Taça de Bolinhas.

Para Juca Kfouri:

Nota do blog: como já dito 1000 vezes, este blog considera o Flamengo o primeiro pentacampeão brasileiro.

Até tu, Brutus?

Quase não acredito no que leio no diário “Lance!” de hoje que traz declarações jamais feitas por Carlos Miguel Aidar, o primeiro presidente do Clube dos 13.

O ex-presidente também do São Paulo à época em que se disputou a Copa União, em 1987, disse que o Clube dos 13 “abdicou” do Campeonato Brasilileiro daquele ano e que o Flamengo deveria ter reclamado a posse da “taça de bolinhas”, da Caixa Econômica Federal, em 1992, não agora.

Ora, meu Deus!

O Flamengo não só a reclama desde então como, em 1987, o Clube dos 13 acionou o Conselho Nacional dos Desportos que reconheceu, por unanimidade, o título rubro-negro como o verdadeiro título brasileiro.

CND que era presidido pelo vascaíno Manoel Tubino.

Depois, é verdade, na Justiça comum, o Sport teve o reconhecimento do título como seu, mas, lembremos, a CBF, e a Fifa, repelem decisões deste tipo fora da esfera esportiva.

Não se discute, aqui, que o Sport defenda até a morte a legalidade de sua conquista, fique bem sublinhado, embora o legítimo campeão tenha sido mesmo o Flamengo.

Mas o ponto estarrecedor é a nova postura de Aidar, tão falsa como a declaração do presidente do Flamengo, Márcio Braga, ao dizer que seu clube, em situação idêntica, entregaria a taça ao São Paulo.

Porque, embora não possamos provar já que não aconteceu nada parecido, nós sabemos que não entregaria.

Pois são todos tão espertos que acabam comidos pela esperteza e por isso não têm nenhuma credibilidade.

Uma lástima!

PS – Em 1987, testemunha de tudo que cercou a fundação do Clube dos 13 e a organização da Copa União, era o braço direito de Aidar o atual presidente tricolor, Juvenal Juvêncio.

PS 2 – Lembremos que Flamengo e Inter, ao se recusarem a jogar o cruzamento pornográfico proposto pela CBF, apenas cumpriram a decisão tomada por unanimidade pelos integrantes do Clube dos 13.

Tivessem adotado a postura mais fácil e topado disputar o cruzamento, seriam justamente acusados de traição.

A traição que, agora, é perpetrada pelo São Paulo.

PS 3 – A CBF, que havia anunciado não ter dinheiro para bancar o Campeonato Brasileiro de 1987 e voltado atrás depois de ver a expectativa de sucesso da Copa União, confirmada por uma das maiores médias de público de nossa história, mais de 21 mil pagantes por jogo, apenas, como sempre, jogou de bandida, Casa Bandida do Futebol.

httpv://www.youtube.com/watch?v=obuNvEhz2fY&hl=en&fs=1

httpv://www.youtube.com/watch?v=l87vTnPevzU&color1=0xb1b1b1&color2=0xcfcfcf&fs=1

Editorial pessoal

Que o Sport não reconheça o título do Flamengo de 1987 não é apenas compreensível, é obrigatório e óbvio.

Afinal, foi alijado, então, do banquete dos 16 clubes mais populares do país, além dos primeiros do ranking nacional.

É também aceitável que qualquer outro clube que não tenha participado do Clube dos 13 rejeite o pentacampeonato do Flamengo.

O Atlético Paranaense, por exemplo, se estivesse no lugar do São Paulo, teria absoluta razão em se dizer o único pentacampeão.

Mas o São Paulo, não.

Assim como todos os outros 15 clubes que firmaram o acordo de não realizar o cruzamento que a CBF pretendia.

O Flamengo foi, de fato, o campeão brasileiro de 1987.

De fato, não necessariamente de direito.

E o direito, já disse um grande jurista uruguaio, deve ser seguido sempre, a menos que se sobreponha ao justo.

Este blogueiro sempre optou pelo que considerou justo.

Por isso, aos 17 anos, foi ser militante político de grupo clandestino no enfrentamento da ditadura militar que considerava legal apenas a atiidade política nos partidos que consentia, a Arena e o MDB.

Tinha, então, plena consciência de que fazia algo justo, porém ilegal, e não importa aqui discutir no que deu tudo aquilo, embora, pessoalmente não me arrependa e tenha valido uma prisão nos porões do DOI-CODI, aos 21 anos de idade.

Pois guardadas as devidas proporções, a CBF fez com o Clube dos 13 o que a ditadura fez no golpe de 1964, uma arbitrariedade diante de um governo, atrapalhado, mas eleito pelo povo.

É disso que se trata.

De uma questão de princípios.

E não é possível que tanta gente inteligente não se dê conta disso, a menos que esteja apenas polemizando por polemizar.

Pouco importa a taça de bolinhas, afinal.

É público que considero a direção são paulina com mais virtudes que defeitos, razão pela qual só dela esperaria uma atitude que fosse coerente, ética e revelasse grandeza.

Além do mais, uma atitude que revelaria, também, inteligência, porque a distinguiria para sempre neste país de oportunistas, de impunes, do jeitinho e do levar vantagem em tudo.

No fundo, no fundo, azar do São Paulo, que perde uma ótima chance de se mostrar generoso e leal não apenas a um parceiro de empreitada, mas a si mesmo.

Em tempo: a FIFA sempre considerou o Flamengo pentacampeão brasileiro, assim como a CBF. No campo e de direito. Que se parabenize o São Paulo por ter conquistado o penta nacional, justíssimo, 15 anos depois.

E fim da história.

Padrão
Esportes

Flamengo: campeão nacional de basquete 2008

Marcelinho: o demônio, 40 pontos no último jogo e destaque em todo o campeonato

O Flamengo conquistou pela primeira vez em 2008 o título brasileiro de basquete masculino. De campanha irrepreensível, o time carioca praticamente não teve adversários: 31 jogos, 28 vitórias e apenas 3 derrotas. Nos playoffs, massacre: venceu por 3 x 0 todas as disputas, superando Vila Velha, Joinville e Brasília na final. A forte equipe da capital federal (campeã de 2007) não teve chances, perdendo por 93 x 66 no primeiro jogo, 91 x 76 no segundo e 101 x 96 no terceiro.

A vitória coroa um ano quase perfeito para o Mengão: campeão carioca, do nacional e vice-campeão sul-americano (a Libertadores do basquete). Marcelinho foi o destaque durante toda a temporada, com a sobrenatural média de 30 pontos por partida.

O basquete brasileiro vive um momento delicado. Fora das Olímpiadas desde 1996, desmandos na federação e inúmeras brigas políticas (aliada à incompetência), levando a seleção a um período horroroso de sua história. A dissidência gerou este ano outra anomalia, coisas de Brasil: a supercopa, criada por alguns times paulistas em represália à federação, tentando se organizar por si só.

Alheio a isto, o Flamengo fez história com uma das campanhas mais inquestionáveis de todos os tempos. É torcer para que os esportes olímpicos do clube não continuem em ciclos de apoio-desleixo, mas firmem-se, também, como prioridade, além do futebol. O basquete é um dos esportes mais emocionantes do mundo, com enorme potencial popular. Passou da hora de uma rede de televisão aberta dar o destaque devido (a Band já o fez, mas sua grade sempre foi muito inconstante).

Parabéns ao time da Gávea pelo feito! Flamengo Campeão Brasileiro de Basquete 2008!

Padrão