Esportes

Brasil conquista o hexa do mundial de Futsal

Foto: Terra/AFP

Em jogo nervoso, como era de se esperar, cheio de cautela, o Brasil conquistou o hexa campeonato mundial de futsal, considerando os dois títulos ganhos na época em que o torneio era organizado pela Fifusa. Franklin, goleiro reserva e jogador mais experiente da equipe, defendeu dois penaltis e foi considerado o grande “herói” da vitória contra a Espanha – quebrando a hegemonia européia conquistada na última década.

Além da óbvia recuperação do prestígio que o título proporciona, consagrando a geração de Falcão e cia, o hexa, em casa, serve de grande impulso para o incentivo do esporte no país, tanto dos praticantes mas principalmente midiático e, quem sabe, para uma nova liga nacional melhor organizada. É torcer.

Padrão
Esportes

O Brasil e o Futsal

Foto: Antonio Scorza/AFP

O Mundial de Futsal, que está sendo realizado no Brasil, é ótima oportunidade para verificarmos as peculiaridades deste esporte em nosso país. Infinitamente reduzido perante que o futebol de campo, o futsal é, arrisco dizer, o esporte mais praticado no Brasil. Os jovens não crescem jogando no campo, mas na quadra – que toda escola pública e privada possui. É no futebol de salão que as crianças e adolescentes crescem jogando e se formando, seja sua paixão pelo futsal seja a própria prática. Posteriormente, algumas migram para o futebol de campo, incomparavelmente mais rico e celebrado.

O mundial recebeu investimentos de R$ 9 milhões da prefeitura do Rio e incríveis R$ 54 milhões da CBFS, num custo total, dividido com a FIFA, de RS 100 milhões. Para se ter uma idéia da importância comercial e prática da modalidade, basta dizer que, dos 31 bilhões de reais movimentados anualmente por artigos esportivos no Brasil, o futsal responde por 80% deste valor, contra 12% do futebol soçaite e 8% do futebol de campo. Daí a Topper, tradicional marca representativa da categoria, investir todos seus esforços no futsal e obter um retorno muito mais alto, dividindo um mercado disputado por DalPonte, Adidas, Nike, entre outras.

Transmitido para mais de 150 países, o Mundial é a oportunidade de o Brasil (tricampeão em 89, 92 e 96) recuperar a hegemonia perdida para a Espanha, vencedora em 2000 e 2004 (e que se classificou para a atual final sob muita polêmica).

Praticamente ignorado pela maioria da mídia em edições anteriores, o evento é bem coberto apenas porque se realiza no Brasil – o que entrega a nossa extrema incompetência e descaso em acompanhar, divulgar e dar importância a outras modalidades que não o futebol de campo, mesmo em se tratando do futsal. O quanto a “pátria de chuteiras” ignora outros esportes não é nem preciso dizer.

Não temos sequer uma liga profissional equilibrada e bem estruturada: ano a ano as disputas se modificam e os times são reféns de investimentos de prefeituras e marcas, que colocam seus nomes nas equipes. A transmissão fica restrita a canais a cabo.

Incompreensivelmente ainda não oficializado como esporte olímpico (assim como o futebol de areia), o futsal é tratado tão somente como um irmão infinitamente mais pobre que o de campo, por várias razões. Mas para o mercado e na prática esportiva, ele se mostra maior e mais importante.

Cada país tem os campeões que merece.

Padrão