Jornalismo

Revistas: Blender e SET chegam ao fim

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Na última semana duas revistas “tradicionais” chegaram ao fim. Nos EUA, a Blender, mesmo com tiragem em torno de 1 milhão de exemplares (segundo consta), acabou. A revista, fundada em 94, era querida pelo público de cultura pop, muito elogiada por bons jornalistas, coisa e tal. O site continua no ar e deve permanecer. O grupo que a publica resolveu continuar apenas com a Maxim, revista masculina (de onde a VIP se inspirou). Maxim que inclusive passou a circular em edição nacional recentemente.

No Brasil, os boatos que davam conta do fim da SET se confirmaram. A revista, fundada em 1987, iria fazer 22 anos. Sem dúvida foi a mais importante e influente revista de cinema por aqui. Foi casa de gente competente, apesar de ter caído nos últimos anos. Pessoalmente, só acompanhei de fato a SET entre os anos de 98 e 99. De lá pra cá, li uma ou outra edição esporádica. A notícia foi publicada primeiramente no Omelete (e retirada do ar), depois confirmada pelo Pablo Villaça em seu blog. O blog do seu editor, Roberto Sadóvski, traz os detalhes da última edição, de abril, já pronta (mas que na verdade não se sabe se chegará as bancas). A equipe busca agora uma nova empresa que possa se interessar por sua publicação. Ano passado, a Companhia Brasileira de Multimídia (dona da editora Peixes e também do jornal Gazeta Mercantil), já tinha fechado cinco revistas: Terra, Dom, SKT, Speak Up e Habla!.

Não é de se espantar, claro. Se lá fora revistas com muito mais vigor (econômico, etc), estão chegando ao fim, é natural (e esperado) que muitas revistas brasileiras comecem a acabar. O quadro não é novo. Muitas publicações de qualidade, como Bizz, Zero, Paisá, Play, dentre outras, não tiveram muita sorte.

Apesar de todas as análises previsíveis sobre o jornalismo impresso que explodem por todo lugar (derrocada, falência, internet, bla bla bla), ainda sou otimista. Mesmo com jornais e revistas fechando em todo o mundo, acho que a coisa não é tão apocalíptica assim. A circulação de jornais no Brasil, por exemplo, cresceu 5% em 2008. Surpreso? Em 2007 o aumento foi 11,8% e em 2006 de 6,5%.

Sou fanático por impresso. Me formei lendo revistas, livros e jornais, todos em papel (claro). Não é só o charme, a melhor condição de leitura, a diagramação bem feita, a informação de qualidade…o suporte em papel tem características e atrativos que nenhum avanço tecnológico/mudança midiática pode suprir,ou se equiparar. Muito mal comparando, é como se, no futuro, pudéssemos ter, em holograma, na sala de casa, um show em tempo real com excelente qualidade de som, etc.

Nada substitui a experiência prática. O cheiro, o tato, a portabilidade, etc. Antes de ser papo nostálgico, desconfio que há um número considerável de pessoas (velhas e novas) que sentem o mesmo. Desconfio dessa história de que daqui a 10 anos todas as publicações impressas terão acabado (ou 90% delas). Previsões costumam estar erradas na imensa maioria dos casos.

Há 5 anos atrás não imaginavámos 1 milésimo do que iria ocorrer. Somos pretensiosos demais. Let it roll.

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