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Flamengo é campeão da Liga Sul Americana de basquete

Jogadores celebram o título inédito

Crédito da imagem: Pasión & Deporte

Após amargar o vice-campeonato em 2008, o Flamengo foi arrasador na final-four da Liga Sul Americana de basquete em 2009, conquistada ontem (12/03) em vitória épica contra o Quimsa, na Argentina. A equipe, liderada – novamente – por Marcelinho, com 41 pontos no jogo (!!!) venceu por 98 a 96. A campanha nos playoffs finais foi irrepreensível: 92 a 72 no Regatas Corrientes na Argentina (adversário da final do ano passado) e 115 x 82 no Cúcuta em casa.

Confira a cobertura completa do jogo (com todos os detalhes e estatísticas) no Pasión Y Deporte, aqui e aqui.

O título, inédito, é o mais importante da história do clube, que traz de volta para o Brasil o título do torneio após três anos em mãos argentinas. O Flamengo se junta ao Vasco e ao Uberlândia como únicos campeões brasileiros da Liga.

Dando o sangue pelo clube (e chegando ao absurdo de pagar passagens do próprio bolso) a equipe corre sério risco de desmanche caso uma solução financeira não seja encontrada logo. Numa tentativa, o Flamengo acaba de lançar campanha para vender camisas oficiais do basquete a R$ 39,90, dando direito a desconto nos ingressos dos jogos. Quem comprar paga R$ 5 ao invés de R$ 20. Para que os salários sejam pagos em dia é necessário vender 12 mil camisas. Bonita, a peça tem grandes possibilidades de dar fôlego para o clube – mas não deve ser, nem de longe, a única solução. Tomar vergonha na cara seria o primeiro passo.

Aliás, a barca que promete sair do time de futebol (quase todos os jogadores importantes), como Ibson, Kléberson, Jonatas, Juan, Leonardo Moura, Josiel e Bruno – quem sobra? – poderia abrir espaço para pagar os salários de quem anda fazendo muito por merecer. Segundo o clube, toda a prestação de contas da venda das camisas estará disponível para consulta dos torcedores no site do Flamengo e hot site do Flabasquete. Confira outras notícias sobre o basquete do Flamengo no Delicious.

Que estes guerreiros tenham o tratamento que merecem!

FLAMENGO CAMPEÃO INVICTO DA LIGA SUL AMERICANA DE BASQUETE 2009!

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Campeã de quase tudo que disputa, equipe de basquete do Flamengo sofre com o amadorismo do clube

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Atual tri-campeão carioca, campeão brasileiro, vice campeão da Liga Sul-Americana e líder isolado do Novo Basquete Brasil, com nove vitórias em dez jogos, a equipe de basquete do Flamengo enfrenta o desrespeito grosseiro da diretoria e o amadorismo flagrante do clube, que vai do futebol aos combalidos esportes olímpicos. Bi-campeão sul americano em 1953 e 61, o basquete do Flamengo passou décadas em descaso, sem jamais encontrar seu rumo novamente.

Tudo começou a mudar quando a diretoria passou a investir de modo mais incisivo na modalidade na metade desta década. A reformulação do basquete, comandada por Patrícia Amorim, diretora de esportes olímpicos, conseguiu trazer nomes de peso como o ala Marcelinho, um dos principais jogadores da seleção brasileira, tri-campeão pan-americano e que estava na liga da Lituânia (uma das mais fortes do mundo), seu irmão Duda e o pivô Rafael Baby, que teve início promissor na NBA, passando por Toronto Raptors e Utah Jazz.

Formando uma equipe com talento e experiência somada a alguns garotos de enorme potencial, os resultados foram alcançados muito rapidamente. Basta olhar todos os títulos e feitos descritos no início desta matéria.

Assistindo ontem ao jogo entre Flamengo e Cetaf, pela NBB, a situação crítica dos jogadores me chamou a atenção. Sem receber há 4 meses e enfrentando total descaso da diretoria, é de impressionar que estes profissionais continuem a jogar pelo time, cumprindo seus compromissos. O que você faria se estivesse há 2, 3, 4 meses sem receber? Jogadores de renome e história no esporte, que aceitaram receber menos do que ganhavam lá fora, em parte por amor ao clube, poder voltar a sua cidade natal e jogar com seu irmão, caso de Marcelinho Machado, disparado o principal jogador e cestinha do país nas últimas temporadas (e na atual), em parte por estarem em fase de reconstrução da carreira, como Baby, chega a constranger o que eles são obrigados a enfrentar.

A incompetência, corrupção, amadorismo, disputas internas estúpidas por velhos retrógados e acomodados que não levam nada à nada afundam o Flamengo há décadas. O futebol, principal “produto” do clube, também enfrenta salários atrasados há três meses. Uma notícia extremamente velha, diga-se. Novidade é quando recebem em dia.

O que dirá os esportes olímpicos. Após serem quase que totalmente desativados recentemente, num episódio conhecido por todos, a situação não dá sinais de melhora. Mesmo afirmando que “acabou o dinheiro”, fala do presidente Márcio Braga, a ginástica foi salva por uma parceria com a prefeitura de Niterói e, se não me engano, o basquete e o remo não podem ser desativados por causa do estatuto do clube. Chego a especular que o salário de qualquer um dos principais jogadores de futebol do Flamengo dê para cobrir a remuneração de toda a equipe e comissão técnica do basquete. Atualmente, somente a folha salarial do futebol engole R$ 4,8 milhões de reais todos os meses – uma das mais caras do Brasil.

Marcelinho desabafou:

“Tentamos conversar, ouvimos promessas, mas esta situação chegou em um ponto em que está faltando respeito com todos aqui do basquete. Estamos há quatro meses sem salários, não temos uma satisfação, nada. Todos no grupo estão mostrando caráter e compromisso com esta camisa, com as tradições do clube, a equipe não deixa de dar o máximo, dar o sangue em quadra, estamos liderando o NBB e na fase final da Liga Sul-Americana. Queremos respeito, não merecemos isso”

Realmente, não merecem. Não há como cobrar nada de profissionais que não recebem pelo seu trabalho e além disso não gozam do mínimo de respeito da diretoria (leia-se “empresa”) onde trabalham. É como se seu empregador, além de não te pagar há 4 meses, tivesse feito promessas vazias e após isso simplesmente se cala, tornando-se incomunicável. E como eles respondem? Com a liderança do NBB.

Patrícia Amorim, responsável pelos esportes olímpicos, o principal nome da reformulação deste setor do clube, sempre em contato direto com os atletas, foi demitida há pouco mais de um mês num dos inúmeros episódios nebulosos (disse-me-disse) que ocorrem na Gávea. É extremamente lamentável que uma das maiores instituições esportivas do país se encontrem numa situação caótica como esta.

Caos criado pelo câncer do amadorismo e corrupção que infesta tantos outros clubes. Da base até a política, não dá pra esperar nenhuma melhora significativa no esporte brasileiro no todo enquanto estivermos a mercê de tanta lama. CBB, COB, CBF, confederações estaduais, clubes, ninguém se salva. E todos, absolutamente todos, dos atletas aos torcedores, passando pela formação de base, a economia, a sociedade e toda a cadeia produtiva, criativa e social que o esporte envolve, perdem muito com isso. Um pouco de vergonha e trabalho sério não faz mal a ninguém.

Confira todas as fontes que serviram de base para esta matéria no Delicious.

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Alexandre Kalil: um dos exemplos da falência do futebol brasileiro

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Crédito: Gil Leonardi

Para entender porque o futebol brasileiro “é o que é”, basta olhar para os dirigentes. Difícil achar algum que se salve. Amadores, caducos, irresponsáveis, muitos sob administração suspeita – para usar um eufemismo – sem nenhuma postura e competência.

Não é o caso de entrar no mérito da administração, em si, de Alexandre Kalil no Atlético. Deixo isto para os atleticanos. Apesar de o próprio ter entrado em contradição em suas inúmeras “idas e vindas” no comando do clube, o que pra mim é sempre algo “estranho”.

Chega a ser assustador o modo como certos dirigentes usam os clubes, e a mídia sob ele, para fazer e dizer o que bem entendem. A reação de Kalil após o último clássico mineiro (vencido pelo Cruzeiro por 2 x 1, há 10 jogos sem perder para o galo) foi no mínimo desproporcional. Erros de arbitragem acontecem a todo momento, com todos os clubes e é uma das maiores deficiências do futebol brasileiro. Já disse aqui e repito: sou plenamente a favor do uso do telão e artifícios eletrônicos para se tirar dúvidas, como já acontece no tênis, no basquete…

Segundo o próprio:

“Sob a minha direção no Atlético-MG, essa quadrilha que está montada na Federação Mineira vai ter de ser desmontada. Isso que está aí é bandido velho, isso é ladrão. Isso tem de aposentar. Não vou falar desse vagabundo que apitou, não. Eu não vou perder Campeonato Mineiro no apito. Então, que o seu Lincoln tome vergonha na cara e renuncie, desmonte essa quadrilha que está montada. Isso é quadrilha. (…) Estou falando o seguinte: se estão achando que é o ‘Kalilzinho ligth’, é o diabo que o carregue essa camarilha da Federação Mineira”. (Fonte: Portal Uai)

Confira a reação do dirigente em vídeo: httpv://www.youtube.com/watch?v=rp1t3X-Et2E

Agora a pergunta: em que país minimamente organizado, com gente cônscia o suficiente e de bom-senso, um descalabro desse é permitido? Dá a impressão de que, sem nenhuma preocupação com o que está falando – nem pensando sobre – Kalil fala como se estivesse brigando com um desafeto num churrasco de fim de semana. É claro que ele terá que se explicar.

Ao perdedor, sempre resta reclamar da arbitragem, muitas vezes com razão. No caso específico, qualquer um que veja o lance do “penalti” poderá reparar que a falta existiu, mas foi fora da área. E parece que há 10 jogos o Atlético não vence o Cruzeiro por causa da arbitragem (dúvida).

Fora a provocação, na verdade toda desculpa serve para mascarar a incompetência. Enquanto o futebol brasileiro não acabar com o amadorismo, substituir 95% dos dirigentes atuais por gente séria, profissional e compromissada, vamos continuar na fossa.

E a Copa de 2014 vem aí, ao custo minímo de 35 bilhões…quem dá o primeiro chute no bolão do desvio de verba?

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Análise final do Brasileirão 2008

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Foto: Fernando Bizerra/EFE

Com o fim do certame, algumas considerações básicas:

  • O triunfo do São Paulo é, de fato, como já se cansou de falar, a vitória da organização, da estrutura e da competência: administrativa, técnica e psíquica. Um time que perde muito pouco (apenas 5 partidas), empata muito, sabe segurar o jogo e define quando é preciso. A base montada – e mantida – há mais de três anos, com o mesmo técnico, somada a reposição de peças com rapidez e eficiência, dá consistência ao projeto. O SP é o modelo de clube brasileiro a ser seguido, junto com o Inter, talvez. A profissionalização dos times nacionais é urgente e felizmente está acontecendo, num ritmo muito, muito lento, mas ocorre.
  • Classificação final da séria A e série B.
  • A seleção da Placar, a mais tradicional votação de melhores do ano do país, foi a seguinte: Rogério Ceni (SP), Vítor (Goiás), André Dias (SP), Miranda (SP) e Juan (Flamengo); Ramires (Cruzeiro), Hernanes (SP), Tcheco (Grêmio) e Wagner (Cruzeiro); Borges (SP) e Nilmar (Internacional).
  • A da Globo/CBF foi esta: Victor (Grêmio), Léo Moura (Flamengo), Thiago Silva (Fluminense), Miranda (SP) e Juan (Flamengo); Ramires (Cruzeiro), Hernanes (SP), Diego Souza (Palmeiras) e Alex (Inter); Kléber Pereira (Santos) e Alex Mineiro (Palmeiras).
  • Sérgio Xavier, editor da Placar, fala sobre as duas aqui (mesmo defendendo o seu lado, concordo em parte com ele).
  • Sobre o meu Flamengo, mesmo chegando muito perto da vaga na Libertadores, não é difícil apontar a causa do fiasco: diretoria trapalhona (e falastrona), além de incompetente e lenta, elenco dividido e turbulento, longe da situação ideal, Caio Jr. sem ter o controle e o respeito do time, além de não conseguir definir uma equipe e tomar o cuidado necessário nos momentos precisos…
  • O time acabou com o melhor ataque da competição (67 gols). Mas a defesa, que ficou a maior parte do campeonato entre as 5 melhores, desandou nos três últimos jogos: tomou 11 gols. Contra o Goiás, após estar vencendo com extrema facilidade por 3 x 0, o time começou a se complicar com o pênalti infantil de Jaílton (que fez vários outros pênaltis infantis durante a competição). Depois, com a lesão de Luizinho, o lateral reserva, Milhouse colocou Fierro na lateral. Justamente onde saiu o terceiro gol do Goiás, causando o desespero que foi o segundo tempo, onde mereceu até perder. Basta dizer que, se soubesse administrar um jogo ganho como esse, mesmo com todas as outras questões, o time tinha se classificado para a Libertadores no lugar do Palmeiras.
  • Caio Jr. já foi embora. Se Parreira for mesmo confirmado como técnico, a diretoria conseguir manter a ótima base desse grupo e contratar dois ou três reforços razoáveis, 2009 tem tudo para ser um ano muito bom.
  • Quanto aos rebaixados, fora o ridículo Ipatinga, que nem torcida tem (times sem torcida decente não deveriam disputar a séria A), caíram Portuguesa, Figueirense e Vasco (a única surpresa). Mesmo sendo rival, não é o tipo de coisa que comemoro. É uma lástima para o já tão combalido futebol carioca. Mas pagou o preço pela sua piada chamada defesa – se tivessem corrigido isso teriam conseguido uma posição muito melhor, dado que o ataque era bom.
  • Quem subiu da série B, desconsiderando o Corinthians, que esteve a passeio, e o Avaí, que batia na trave há décadas, a ascensão de Santo André (que já vinha aprontando…) e Grêmio Barueri é só reflexo dos investimentos expressivos e da boa administração que alguns times do interior de São Paulo tem. Tendência cada vez maior.
  • O campeonato, em si, além de ser extremamente disputado, solidificou a fórmula dos três pontos. Pessoalmente prefiro o mata-mata, por ser mais dinâmico, interessante e atrativo.
  • Esse papo eterno de que o futebol brasileiro é nivelado por baixo é uma piada, uma viseira de quem não consegue enxergar um palmo a sua frente. 2008 marcou a reestruturação dos times, vários jogadores de peso voltaram para o país, outros tantos surgiram e tivemos – vários – jogos de ótimo nível. Só não vê quem não quer e se acomoda no discurso pronto.
  • Além dos que se classificaram para a Libertadores (SP, Grêmio, Cruzeiro e Palmeiras), o Flamengo (5º) e o Inter (6º) serão os principais times de 2009, somado ao Corinthians. O resto vem muito atrás.

Vai valer a pena acompanhar a próxima temporada…

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NBA aprova uso de replays em jogadas polêmicas

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Juntando-se ao tênis e ao “futebol americano”, que já permitem o uso de replays para tirar dúvidas em jogadas polêmicas, a NBA anunciou que a partir da próxima temporada (2008/2009), que começa hoje, os árbitros poderão fazer uso do recurso para esclarecer lances e questões duvidosas. A decisão foi tomada pelos dirigentes de todas as franquias da liga. Leia mais aqui.

Discussão antiga no futebol, que reluta em adotar tais “novidades tecnológicas” para não manchar “a magia” do jogo, a NBA, em contrapartida, ajuda a colocar outro ponto a favor de recursos do tipo. Pra mim, em nada estraga a dinâmica e a essência do jogo, sendo coisa de toperas nostálgicas defender a não-adoção com a total falta de argumentos, a não ser misticismos e coisas do gênero. Afinal, ver um time vencer o outro de modo desonesto não é nada “bacana” e “legal”. E dado o nível medonho dos árbitros brasileiros, uma medida assim pelo menos ajudaria a corrigir os absurdos.

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Análise do Flamengo no Brasileirão 2008 (até agora)

Feita a crônica da minha relação com o Flamengo e um panorama do futebol em si, é hora de irmos direto ao Brasileirão 2008.

Friamente, o Flamengo irá perder para si mesmo. E não, isto não é uma constatação de um torcedor fanático que não admite a derrota pura e simples. Após a torcida ter carregado o time nas costas em 2007, levando-o a conquistar uma vaga na Libertadores, o Flamengo começou o campeonato em 2008 avassalador, com a melhor campanha de uma equipe no Brasileirão de pontos corridos até 11º rodada, quando venceu o rival Vasco no Maracanã por 3 x 1 e deixou os analistas com a certeza de ser o favorito ao título. Até aquele momento o time tinha 8 vitórias, 2 empates e uma derrota, tendo o melhor ataque e sendo líder absoluto da competição com 5 pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

O time, redondo, estava sólido na defesa, no meio e no ataque – mas faltavam peças de reposição. E isto ficou evidente com as saídas de Marcinho, artilheiro da equipe, em ótima fase e um dos principais responsáveis pela campanha, e, em menor grau, de Souza, o trombador eficiente, e Renato Augusto, meia de enorme talento revelado na casa que andava cabisbaixo. Como o futebol brasileiro é fraco, amador, financeiramente limitado e refém dos clubes de fora, a janela de transferência castigou principalmente o Flamengo, que perdeu jogadores fundamentais e, mais importante, demorou muito a contratar substitutos. Pra piorar, um dos melhores meias defensivos, Klebérson e um atacante não dispensável, Diego Tardelli, se machucaram, com o segundo ficando fora até 2009.

A equipe caiu em desgraça: conseguiu a proeza de passar 7 rodadas sem vencer, com 5 derrotas e 2 empates. Muitas vezes jogava bem (como contra Palmeiras, Goiás e Botafogo), mas errava finalizações em demasia e se atrapalhava nas próprias bobagens. Podem anotar: a pontaria jogou o título pro espaço, e nestas 7 rodadas o Flamengo rasgou o hexacampeonato que, senão fácil, estava plenamente possível. O empate em 2 x 2 com a Portuguesa, por exemplo, com Ibson desperdiçando um pênalti aos 44 do segundo tempo (e o time vindo de derrotas para Coritiba e Vitória), não apenas somaria mais 2 pontos como interromperia a má fase e daria outra perspectiva para as partidas futuras.

Após passar semanas e semanas sonhando com Felipe, no Oriente Médio, e Vagner Love, na Rússia (com incontáveis viagens tentando concretizar o negócio), a diretoria passou a contratar em peso: vieram Marcelinho Paraíba, meia muito bom mas já em fim de carreira, Eltinho e Evérton, do Paraná, Dininho, pra zaga, Vandinho, do Avaí, um dos artilheiros da temporada até então, Josiel, da França, e os estrangeiros Sambueza, do River Plate, considerado muito habilidoso e Gonzalo Fierro, do Chile, outra promessa da mesma geração de Valdívia. Foi o time que mais contratou.

Além de todo o tempo necessário para estes jogadores serem regularizados, entrarem em forma e poderem ser aproveitados no time, houve algumas contusões, como a de Vandinho, e convocações para as seleções do Chile (Fierro) e Brasil (Juan), o último peça fundamental da equipe.

Mesmo fazendo uma das melhores campanhas do segundo turno, com apenas uma derrota, dentro da normalidade, para o São Paulo, o Flamengo mostrou a dependência de Fábio Luciano e Juan ao perder de forma vexatória para o Atlético Mineiro no Maracanã (17.10.08) lotado com 80 mil pessoas (maior público da competição), jogando a sua pior partida no ano e praticamente enterrando as chances de título num momento chave do campeonato. O jogo, aliás, pode ser tranquilamente comparado a outro vexame semelhante, os 3 x 0 para o América do México: mesmo Maraca, mesmo placar, mesmo público, mesma atuação pífia e inexplicável.

Dada este tiro na alma da magnética rubro-negra que iria suar sangue para lotar o estádio e levá-lo ao título milagroso, o que resta são migalhas ante o investimento feito. Das contratações, Everton teve boas atuações mas não se firmou, Vandinho é mediano e esforçado, Sambueza não foi aproveitado como deveria, Fierro não teve chances, Dininho é uma peneira, e Josiel, além de (muito) limitado está fora de forma. O único que realmente fez a diferença foi Marcelinho Paraíba, dando qualidade para um setor desestruturado. Pra piorar, Caio Júnior não é um técnico tão bom assim, fazendo pataquadas dignas de uma estupidez flagrante e Ibson lembrou que joga menos do que falam que joga.

Faltando 8 jogos e na 5º colocação com 52 pontos, a 4 do líder Grêmio, o título é algo possível mas que o time, em campo, não joga o suficiente para merecê-lo. Contra o Vasco, por exemplo, vitória por 1 x 0 diante de péssima atuação. Sendo assim, confira análise sobre o elenco e pitacos sobre as pelejas que estão por vir.

Goleiros

Bruno – Bom jogador que foi fundamental para a equipe em 2007 e também em 2008, mas com panes mentais dignas do pior frangueiro do mundo. Temporada razoável. Falha nas saídas do gol, posicionamento e reposição de bola.

Diego – Excelente goleiro reserva que deve estar cansado de amargar a posição, após anos relegado.

Zagueiros

Ronaldo Angelim – Monstro: eficiência, boa forma física e leal nas abordagens (apenas um cartão amarelo na competição).

Fábio Luciano – Capitão, imprescindível. Liderança e domínio do setor.

Leonardo – Uma piada. Quase não jogou.

Thiago Sales – Jovem. Tem potencial. Faz gols (esse ano já foram 4).

Dininho – Lamentável, afundou o time todas as vezes que entrou.

Laterais

Juan – Melhor lateral esquerdo do Brasil.

Leonardo Moura – Quando quer, joga muito. Tem dias “menos inspirados” com maior freqüência do que o desejado.

Eltinho – Risível.

Luizinho – É “inho” de mais na equipe. Futebol equivalente ao nome diminutivo.

Volantes

Toró – Ás vezes acha que está no “futebol americano”. Quando não quer aparecer e matar alguém, funciona.

Jonatas – Contratado como estrela, desapareceu. Bom jogador que nem no banco fica mais e deve estar chorando pelos cantos.

Jaílton – A besta, único remanescente da colônia desastrada do Ipatinga que veio para o Flamengo. Apesar dos pesares, foi (e é) importante mesmo com as suas limitações.

Aírton – Tem futuro. Marca bem e sabe jogar.

Meias

Erick Flores – 18 anos. Sua participação mais marcante foi um bonito drible no jogo contra o Atlético Mineiro no primeiro turno. Sem mais.

Kléberson – Devia ser mais regular. Dá segurança ao setor e sabe sair com a bola, quando necessário.

Sambueza – Mostrou que tem o que oferecer, mas ainda tímido. Não deve entrar nas loucuras de Milhouse ao ir jogar na lateral (!?!?!).

Fierro – Praticamente não teve chances. Está demorando a ser aproveitado no time.

Ibson – Jogador mediano que passou a mostrar que não joga tanto quanto acha que joga. Em dias ruins (freqüentes) é um desastre. Faltando seriedade e determinação.

Evérton – Jovem habilidoso que naturalmente tem seus altos e baixos.

Atacantes

Maxi – O primo paraguaio do Messi. Joga exatamente o que a descrição entrega.

Marcelinho Paraíba – Apesar de causar desconfiança pela idade avançada (33), foi o principal responsável pela melhora do time no segundo turno. Chegou com vontade e qualidade, tomou conta do ataque, cria, dá o sangue e marca gols. Se não bobear vira ídolo da torcida.

Vandinho – Alguma competência na finalização. Esforçado, técnica mediana.

Josiel – O tradicional trombador que, quando dá sorte, marca. O Flamengo sempre tem um desses (ou vários). Fora de forma, foi nulo até o momento.

Paulo Sérgio – Jovem, poucas chances, fraco.

Diego Tardelli – Frágil e dorminhoco, deu a sua contribuição e era opção interessante para o setor. Lesão ajudou a levar o time pro buraco.

Obina – Folclórico. 80% carisma, 20% sorte. Finalizador pífio, desperdiçou uns 115 gols feitos na competição. Apesar de, às vezes, entrar em campo com seriedade e lutar ao máximo para fazer o possível (é um brigador), sua técnica atabalhoada e principalmente a finalização sofrível estraga tudo. Devia ter sido sacado do time há muito. Sobrevive pelo carinho da torcida (já abalada). Dá sorte e de tanto insistir, acaba marcando. Apesar de tudo, é um dos principais jogadores da temporada, com 11 gols e 10 assistências.

Caio “Milhouse” Júnior (Técnico) – Perdido e desorientado, até hoje não definiu um padrão de jogo e um esquema básico para o time, principalmente no ataque, como já admitiu. Atrapalhado pela lentidão da diretoria, teve que montar o grupo durante o campeonato, fazendo mais experiências do que o saudável. Não sabe o que fazer quando Juan está fora, chegando ao absurdo de improvisar Sambueza (deixando uma avenida que contribuiu para a derrota histórica). Conseguiu descartar Jonatas, escalar Josiel sem condições e demorar a achar um espaço no time para Fierro. Não tem coragem para sacar Ibson definitivamente. Insiste em Obina pelo carisma, não pelo futebol, como disse há pouco. Um brincalhão. Dá a sorte de, mesmo não passando de um treinador mediano, preguiçoso e sem pulso, não ter ninguém no mercado brasileiro melhor que ele. Está ganhando mais do que deveria.

Márcio Braga (Presidente) e Kléber Leite (Diretoria) – Dois patetas. Maiores responsáveis pela quase certa perda do título. Sabotaram o time ao demorarem uma eternidade na contratação de reforços. Envolveram-sem em duas palhaçadas: a primeira com a Nike e a Olympikus, numa confusão digna de amadores e a outra com a Petrobras, numa relação já conturbada há tempos. Incapazes de conseguir novos e lucrativos parceiros. Nenhum dos dois poderiam estar no Flamengo, especialmente o pirotécnico Kléber, que teve um dos mandatos mais pífios e ridicularizantes da história do clube, contratando mais de 100 jogadores, estragando o centenário, se afundando em dívidas e ganhando apenas um campeonato carioca em 4 anos de administração. E Márcio Braga fala muito e trabalha pouco, além de tudo. A dupla é um câncer a ser extirpado.

Previsão dos próximos jogos

Flamengo x Coritiba (Casa) – Juan e Fábio Luciano fora a exemplo de contra o Atlético Mineiro. Considerando a peneira que o time vira nestas circunstâncias e se Caio Júnior não inventar muito, pode sair um empate. Vitória será milagre.

Vitória x Flamengo (Fora) – Precisa (e pode) vencer, devolvendo a derrota do primeiro turno.

Flamengo x Portuguesa (Casa) – Vitória. Tem obrigação de ganhar. Se não, pode fechar o clube.

Botafogo x Flamengo (Maraca) – Ganha se jogar sério.

Flamengo x Palmeiras (Casa) – Altamente motivado, deve ser um dos melhores jogos do returno. Vitória é fundamental.

Cruzeiro x Flamengo (Fora) – Jogo muito difícil, deve perder. Empate é bom resultado.

Flamengo x Goiás (Casa) – Vitória.

Atlético PR x Flamengo (Fora) – Depende da situação que chegar nesta rodada (se com chances para o título, para libertadores ou nenhum dos dois). Mas ganhar do ridículo time do Atlético PR é obrigação.

Como se vê, apesar de todos os pesares, as chances ainda são boas (não há nenhum time no Brasil, atualmente, melhor que o Flamengo). Para isso, precisam parar de errar passes, pois parece que desaprenderam (os erros aumentaram muito). Mesmo assim, o título a equipe já fez questão de jogar fora. Acredito na vaga para a Libertadores. Próxima análise após o término do campeonato. Veremos.

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O ser Flamengo e a magnética do futebol

Eu sou Flamengo. E estas coisas não se explicam. Paixão verdadeira por um clube de futebol não tem motivo aparente. Desde que me reconheço no mundo, sou Flamengo. Ainda (muito) moleque, lembro de ter comemorado o penta brasileiro em 1992 pelas ruas de uma cidadezinha no interior do Espírito Santo, ainda sem saber direito o que estava acontecendo.

Ter um sentimento tão forte por uma equipe de futebol é uma daquelas coisas idiotas e sem sentido que você não consegue se livrar. Afinal, em tese, pela razão, não tem influência nenhuma na sua vida. E, como diria o meu avô, você se mata por meia dúzia de milionários que ficam lá correndo atrás de uma bola. Ele tem razão. O salário de um mês de um grande jogador do Flamengo atual deve ser o equivalente aos ganhos de milhares de flamenguistas juntos num único ano.

É o time do povo. Da favela que desce em peso pro Maracanã. Do cara humilde com dois dentes na boca que leva o filho pra ver um clássico no domingo. De gente que tem como sentido da vida deles o Flamengo. Literalmente, o Flamengo é a vida do cara. Temos a maior torcida do mundo: 35 a 40 milhões de pessoas. Tombada pela prefeitura do Rio de Janeiro como patrimônio cultural da cidade. Já viram isto? Repito: a torcida do Flamengo foi tombada pela prefeitura do Rio como patrimônio cultural do município. Homenagem mais que merecida.

Muitas vezes, esta é uma relação de amor não correspondido. O torcedor sofre, se importa, acompanha, colabora…e o time não corresponde, não consegue transformar isto em vitórias, em respeito a quem está no estádio. Sobretudo, porque o futebol é só um esporte. E o perder e o ganhar é parte inerente – longe de uma equação simples ou factual – da essência do jogo. Você fica puto, fica feliz, desiste, volta a acompanhar, se revolta, finge não se abater, vibra, xinga, se conforma, gasta horas pensando nisso, não assiste mais aos jogos, vai ao estádio…no clichê pelo clichê, é a montanha russa de fases e emoções que todo relacionamento possui. Com a certeza de que será pra vida toda. “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”.

Na verdade, torcedor “vira-casaca”, pra mim, não é torcedor. Nunca foi e nunca será. Dou risada quando me perguntam: “ok, e em Minas você torce pra que time? E em São Paulo?”. Hã? Como assim? Como, que diabos, num estado X ou em outro, pra que time eu torço? Eu sou F-L-A-M-E-N-G-O. No Espírito Santo, onde nasci, em Minas, onde moro, no Sri Lanka ou na Venezuela. O resto é o resto.

Já diriam os anais da crônica esportiva nacional que o futebol é o momento onde todo brasileiro é igual. É a hora quando, não importa que classe social você pertença, seu “intelecto”, profissão, cor ou o que quer que seja, você se torna mais um hipnotizado pelo magnetismo de uma paixão, uma torcida, um estádio, um clube e uma bola rolando. Verdade inegável.

Até por isso, eu tenho pena não só de nós, torcedores, como do futebol brasileiro em si. Não dá para imaginar quanto dinheiro é roubado, quanta sujeira se esconde nos bastidores e quanto a péssima administração de cartolas e conselheiros caducos e sangue-sugas entranhados nas dependências dos clubes jogam o esporte pra baixo. Em termos de mercado, desconheço algo mais forte que o futebol em nosso país. E o modelo de administração do século XIX, somado ao óbvio desvio de verbas e a pura e simples incompetência e amadorismo, jogam no abismo os clubes locais, que ganhariam horrores se profissionalizando.

Imagine o que uma boa diretoria, profissionais qualificados nas diferentes áreas administrativas e um departamento de marketing decente não fariam com um contingente de 40 milhões de torcedores? É impossível um patrimônio assim, se bem gerido, dar prejuízo. O Flamengo seria o clube mais rico do mundo, e tem nítido potencial para ser.

O futebol, na pior e na melhor faceta, é, realmente, a síntese do Brasil. O que temos de mais vivo e mais podre. O único lugar onde existe memória – nas outras coisas o passado é ignorado e o que lembramos raramente vai até o ano anterior (política, economia, artes, etc, etc, etc).

Não dá pra ser brasileiro ignorando o futebol. Seria um contra-senso inexplicável. Um atestado de estrangeirismo e estupidez (tanto quanto deixar a paixão por ele o tornar cego e fanático).

Não é nisto, o futebol, que um povo e um país se resumem. Mas é impossível compreender o Brasil de hoje e sempre sem passar pelo relvado – como diria o português antigo. Eu sou Flamengo. E continuarei sendo não importa o que aconteça. Vocês, outros, que se degeneraram, que continuem torcendo para o clube que torcem. E que ajudem a melhorar o esporte – com todos os benefícios que vêm com isso.

Pouco temos de tão belo e essencial.

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