É fácil acusar “O Discurso do Rei” de ser quadrado, tradicional, pouco ambicioso, engessado, etc, etc. Como filme, sua estrutura é totalmente convencional. Na direção, o grande mérito de Hooper é o trabalho de atores, mas aí entram 95% de crédito dos próprios, convenhamos. E aí está o grande charme da película: a “química” soberba entre Colin Firth e Geoffrey Rush, espetaculares. Bonham Carter também está longe de fazer feio. Rush mostra uma das melhores atuações de sua carreira: a certeza é que quem ficar com o Oscar de ator coadjuvante- entre ele e Christian Bale, provavelmente – estará em boas mãos.
Se o filme é convencional, vale igualmente perguntar se seria possível fazer algo melhor dentro da história, do argumento e da abordagem proposta. Difícil. Assim, podemos dizer que a obra é praticamente perfeita no que se propõe, o que não deixa de ser um mérito tremendo. É redondo, correto e sem exageros. Não há pieguice aqui, por exemplo. Como gago, posso dizer que a caracterização de Firth é assombrosa. Ouvindo um trecho real do discurso de George VI retratado no filme, pode-se perceber com que sutileza Firth absorveu os mínimos detalhes da fala do rei.
Com todas suas limitações, “The King’s Speech” é muitíssimo bem acabado: algo que, por vezes, deve ser tão valorizado quanto certos delírios.
É um filme fraco que força muito a barra. Além do mais, erra feio ao ignorar o contexto histórico. A atuação de Colin é primorosa, fato. Pena que o filme não está a altura dele.
Dos 10 que concorrem ao Oscar, este é o que menos merece o título de melhor filme. Prefiro o Cisne Negro e o Vencedor.
Acho que poderiam explorar melhor o “aspecto histórico” sim, mas além de ser largamente conhecido, não era o foco do filme, certo?
Dos que vi até agora, para o Oscar, seria: Bravura Indômita >> The Fighter >> O Discurso do Rei >> A Rede Social >> Cisne Negro
Excelente análise , Maângelo Quando não se tem sensibilidade não assimila-se bem a arte .