Jornalismo

HSM Management: Wäls e Bohemia andando lado a lado

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Maurício Angelo

Na edição de julho/agosto da revista HSM Management (você pode acessar uma degustação da edição aqui) fiz uma matéria contando os bastidores da aquisição da Wäls Cervejas feita pela Bohemia, do grupo AB-INBEV, o maior conglomerado cervejeiro do mundo. Na matéria, José Felipe Carneiro, sócio e mestre-cervejeiro da Wäls e Daniel Wakswaser, diretor da Bohemia, contam como foi a aproximação da Inbev, a trajetória da Wäls e tudo que isso simboliza para o mercado cervejeiro brasileiro, já que é a primeira vez que um grande grupo adquire uma empresa artesanal, o que não acontecia desde 2007 quando a então Schincariol (hoje Brasil Kirin) comprou a Eisenbahn, Baden Baden e Devassa.

O que na época da matéria era ainda boato (que a Ambev preferiu não comentar) acabou se confirmando na última semana: após a Wäls, a empresa adquiriu também a Colorado, uma das mais antigas cervejarias artesanais brasileiras. A estratégia é muito semelhante ao que a INBEV vem fazendo nos Estados Unidos na última década. Reconhecendo que chegou tarde no mercado artesanal, que viveu um momento de legítima expansão nos Estados Unidos nos últimos 20 anos, gerando uma legítima nova escola de cervejas e crescendo absurdamente sua fatia de mercado (hoje chegam a incríveis 6,5% do mercado em volume e 10,2% em receita) a INBEV adquiriu diversas cervejarias artesanais: Goose Island (a primeira e que também acaba de chegar ao Brasil), Blue Point, 10 Barrel e Elysian.

Concentradas sob o guarda-chuva da Bohemia, tanto Wäls quanto Colorado seguem tendo autonomia operacional e seguirão com suas marcas separadas no mercado, mas ganharão em escala, distribuição e, claro, poder de fogo e inovação, com todos os recursos da INBEV disponíveis. A Bohemia sempre foi a marca premium da Ambev, apostando em lançamentos sazonais ou de linha fixa que fugiam do padrão de massa da empresa, sem, no entanto, alcançar conceitos realmente altos entre o público especialista.

As cervejas artesanais (microcervejarias, etc) representam hoje, no Brasil, somente 0,15% do mercado, com previsão de chegar a 2% em 10 anos. Mesmo o mercado considerado “premium”, que engloba marcas como Heineken, Original, etc, chega a apenas 6,5%. O apetite de aquisições da Ambev tem tudo para ser um novo marco cervejeiro no Brasil, se bem administrado. Apesar de ter crescido exponecialmente nos últimos anos, ainda há muito para expandir. E, em se tratando de inovação, Wäls e Colorado tem muito, muito mesmo para contribuir.

A revista está nas bancas de todo o país.

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