Emil Cioran é um dos pensadores mais idiossincráticos – e divertidos – de nosso tempo. Em proporção, talvez eu discorde de 60% do que ele fala e ache os outros 40 geniais. Ele próprio, contudo, não deveria concordar com o que dizia: a coerência em Cioran é uma contradição. Por mais que negue, o romeno preza pelo estilo, pela acidez, o resto é resultado de observações amargas e curiosas da vida, mas sempre com a preocupação de dizer algo. Ele sabe rir de si mesmo…predicado mais do que fundamental para qualquer ser humano saudável: tenha medo de quem não consegue rir de si próprio.
Um pouco do rapaz em “Silogismos da Amargura”:
Sin nuestras dudas sobre nosotros mismos, nuestro escepticismo sería letra muerta, inquietud convencional, doctrina filosófica.
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No queremos seguir soportando el peso de las “verdades”, continuar siendo sus víctimas o sus cómplices. Sueño con un mundo en el que se muriera por una coma.
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La historia de las ideas es la historia del rencor de los solitarios.
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Es fácil ser “profundo”: no hay más que dejarse invadir por las propias taras.
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