Dunga e seu modelito duvidoso (criado pela filha), com a tradicional feição preocupada à beira do gramado
Dunga é uma destas invenções da CBF. Praticamente inexperiente como treinador, foi instantaneamente catapultado à liderar a principal (e mais cobrada) seleção de futebol do mundo. Ano passado, sem motivo aparente, apesar da conquista da Copa América – dum futebol sofrível – foi escolhido o melhor técnico do planeta, provavelmente quem votou não viu a seleção jogar.
Agora, o Brasil passa por um dos piores momentos nas Eliminatórias, mas, além disso, o que causa preocupação é o “futebol” horroroso demonstrado pelo time. Falta de padrão, técnica, entrosamento, espírito coletivo, ânimo, jogadas…uma equipe totalmente solta a esmo, perdida em campo, onde não se vê, em absolutamente nada, a mão do treinador. Como se não bastasse, Dunga, com seu temperamento difícil, já cansou a imprensa e o próprio auxiliar, Jorginho, bem como alguns jogadores, a exemplo de Kaká, que deu declarações em que alfinetava o comandante ao programa “Bem, Amigos”, da Sportv.
Não é só a torcida – entoando “Adeeuus, Dungaaa, adeeuus, Dungaaa” após o medonho empate com a Argentina no Mineirão – que torce pela saída. Percebe-se, de modo nítido na imprensa, da cobertura após o resultado frente aos “hermanos”, um tom claramente favorável à tentar propiciar, de alguma forma, a saída do treinador do comando da seleção brasileira. Os textos desferem inúmeros ataques sutis à credibilidade do técnico, aproveitando toda e qualquer ligação para alimentar este clima precoce de “adeus”.
Justifica? Sim. E este é um sinal claro de que ele não deve durar muito no cargo. Sem um técnico decente, a “equipe” torna-se apenas um amontoado de jogadores reunidos às pressas que não sabem o que fazer em campo. É péssimo treinador e tem péssimo carisma: ou seja, falha na técnica e falha ao tentar propiciar um ambiente agradável e psicologicamente estimulante aos jogadores.
Substituí-lo é uma questão complicada. Muricy Ramalho, atual São Paulo, já provou que é capaz dentro de campo e é queridinho da imprensa. De estilo também rabujento, pelo menos tem qualidade para sê-lo. Outro nome possível seria o de Zico, que fez trabalho razoável na seleção do Japão e um melhor ainda no Fenerbahçe, da Turquia, ao levar o time a absolutamente inédita classificação para as quartas-de-final da Liga dos Campeões da Europa. Zico, contudo, tem um relacionamento conturbado com Ricardo Teixeira, fruto principalmente da fatídica Copa de 98, quando fazia parte da comissão, e dificilmente deve ser chamado. Vanderlei Luxemburgo, além de já ter virado muito mais empresário e marketeiro do que técnico de futebol, teve sua chance e desperdiçou. Seria um retrocesso entregar a ele novamente.
A questão está em aberto. Dunga pode até durar um pouco mais no comando, mas o futebol da Seleção Brasileira já deu adeus dos gramados faz tempo. Ainda bem que não jogamos a Eurocopa.