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Oscar 2009 – Comentários póstumos

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Poucas vezes a cerimônia do Oscar tinha me despertado tão pouco interesse. Ao contrário do ano passado, quando a briga entre “No Country For Old Men”, dos irmãos Coen (revisto, a propósito, ontem, e que caiu levemente no meu conceito) e “There Will Be Blood”, de PTA, era boa, em 2009 o interesse decaiu porque, também, não tive tempo – nem paciência – em assistir a nenhum dos indicados lançados no final de 2008 pra cá.

Falha minha. Mesmo assim, acompanhei críticas, textos e a “carreira” de cada película até aqui. Neste momento você já conhece a lista dos vencedores e deve ter lido textos de muitos “especialistas” por aí.  Recomendo esse. No meu turno, cabe alguns comentários.

Nunca pensei em ver Danny Boyle premiado como melhor diretor pela Academia. Da sua carreira, conheço muito pouco, com exceção de Trainspotting, que é um filme hit-cool-cult, celebrado nos círculos indie’s/junkie’s/etc e tem, sim, o seu valor. Gosto muito, até. Não vi “Extermínio” – elogiado – “Sunshine” e sequer “Por Uma Vida Menos Ordinária”, com Ewan McGregor e Cameron Diaz, que fez lá algum barulho em 1997. Ah, me esqueci de “A Praia”, filme que simpatizo apesar de ter muita coisa irritante e decair no ato final.

“Slumdog Millionaire” vem sendo espinafrado por gente que respeito muito, acusado, dentre outras coisas, de fazer o velho “espetáculo da desgraça”, transformando o caos de países miseráveis numa história colorida (!?!?!) de “super-ação”, com a beleza plástica de uma vitrine do inferno. Fábulas do tipo já não me atraem muito. E a despeito dos seus 8 oscar’s, o bichinho parece mesmo ser ruim. Mas veredicto, só vendo.

Se não esperava Boyle no topo, também achei curioso Hugh Jackman como apresentador. Wolverine teve empatia instantânea com o público, e o rapaz caiu em papéis aventurescos ou de folhetim, como o último fiasco astronômico que foi “Austrália”, ao lado de Kidman. Mas Jack, salvo engano, foi eleito “o homem mais sexy do mundo” recentemente e é uma espécie de queridinho da América. Só vi partes da cerimônia – não tenho saco para assisti-la completa mais – e sua atuação foi bem ok.

Kate Winslet finalmente venceu o prêmio de melhor atriz – após 6 indicações. O suficiente para, assim espero, não voltar a incomodar novamente. Bonitinha e simpática, mas aborrecida e mediana.

Em ator a coisa foi quente: Sean Penn é um ator excepcional, sem dúvida um dos melhores da sua geração e, mesmo cedo, até da história do cinema. Já Mickey Rourke, que começou como galã, pirou, virou lutador de boxe, apareceu totalmente desfigurado, acabou em papéis de quinta categoria até começar a se reerguer lentamente e, segundo dizem, ter alcançado o ápice em “O Lutador”. Essa pequena historinha pessoal de redenção deve ter sido o maior imã de uma possível estatueta, não desmerecendo seu talento e aplicação, em absoluto. Mesmo considerando Penn infinitamente mais ator que Rourke, estava até torcendo pelo cara. “The Wrestler”, que não vi, aparenta ser um pé na sobriedade para Darren Aronofsky. O garoto atingiu níveis de adoração incompreensíveis com “Pi” – um exercício de faculdade – e “Requiem For A Dream” (desgraça sem fim, na história, mas bom), parindo depois o horroroso “Fonte da Vida”. Ao que indica, parou de dirigir como se tivesse mal de parkinson.

Duas acusações, aliás, comum a ele e Danny Boyle: de dirigirem de modo frenético, como se estivessem organizando uma rave cinematográfica.

No mais, nenhuma surpresa ou coisa muito interessante a dizer. Ledger levou por ator coadjuvante em “Batman – Dark Knight”, filmaço. O prêmio póstumo foi mais que merecido, levando ao momento mais emocionante da cerimônia (a quantidade de atores que se demonstraram tocados foi incrível). Mesmo que estivesse vivo, a estatueta teria endereço certo. Não consigo compreender a má vontade de alguns com “Batman”, o que me parece 90% implicância estúpida contra o hype.

A aproximação da indústria estadunidense com Bollywood assusta. Spielberg (que coincidência ele entregar o Oscar de melhor filme…) acabou de fechar acordo bilionário (U$$1,5) com uma empresa indiana, a RDA Alliance Group. A brincadeira prevê 35 filmes em 5 anos (imagine…) e teve parte do financiamento atrelado ao JP Morgan. What a wonderful world.

Dá medo. Os EUA, quando em boa fase (anos 60/70, momentos esporádicos) sempre produziram boa parte do melhor cinema do mundo – e dos mais reflexivos também. Bollywood não soa como influência positiva.

Veremos.

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3 comentários sobre “Oscar 2009 – Comentários póstumos

  1. Maurício Angelo disse:

    Ah cara, só pra manter a tradição né? Hehehe.
    Ia fazer um post sobre isso: fui apagar spams malditos em comentários e acabei apagando também 19 comments legítimos do site…incluindo aí nossa discussão no post do Obama. Fiquei puto demais.

  2. Pingback: Cisne Negro - Darren Aronofsky | Charade You Are

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