Literatura

Rousseau e a modernidade

Esta passagem de Rousseau me pegou violentamente desde a primeira vez que li, anos atrás. Já a usei em alguns artigos, mas sempre me parece absolutamente relevante, perfeita, precisa. O que vivemos hoje e, desde muito, foi definido por Rousseau em 1761 (248 anos atrás!). Leia atentamente. Qualquer semelhança com a sua vida não é mera coincidência.

“a vida metropolitana é como uma permanente colisão de grupos e conluios, um contínuo fluxo e refluxo de opiniões conflititivas. (…) Todos se colocam freqüentemente em contradição consigo mesmos (…) e tudo é absurdo, mas nada é chocante, porque todos se acostumam a tudo (…) um mundo em que o bom, o mau, o belo, o feio, a verdade, a virtude, têm uma existência apenas local e limitada (…) eu começo a sentir a embriaguez a que essa vida agitada e tumultuosa me condena. Com tal quantidade de objetos desfilando diante de meus olhos, eu vou ficando aturdido. De todas as coisas que me atraem, nenhuma toca o meu coração, embora todas juntas perturbem meus sentimentos, de modo a fazer que eu esqueça o que sou e qual meu lugar. (…) vejo apenas fantasmas que rondam meus olhos e desaparecem assim que os tento agarrar”. (JJ Rousseau, em “A Nova Heloísa”)

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3 comentários sobre “Rousseau e a modernidade

  1. Robson B. Leite disse:

    Absolutamente devastador! Toda a faculdade deveria ter um mural só com dezenas de passagens como essa pra a cambada toda ler! XD

  2. Pingback: De volta à barbárie | Charade You Are

  3. Ingrid disse:

    Nao só as faculdades… as escolas… as ruas, as casas….. deveriam ter murais com frases e também os livros dele. Rousseau foi um cara muito a frente… um texto escrito no séc. XVIII e em pleno séc. XXI continua atual… isso sim é ser um clássico. Parabéns ao dono do blog por endossar e revisitar esse texto! 🙂

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