Filmes

Punch Drunk Love

Punch-Drunk Love – 2002 – Paul Thomas Anderson – **

Filme pretensioso de PTA, afundando em suas sugestões de dramas psicológicos e “caminhos alternativos” para algo que é visto como uma “subversão da comédia romântica”, mas não é nada disso. Somente um filme com algumas boas idéias mal-trabalhadas, roteiro preguiçoso, salvo do desastre completo por parcas cenas realmente boas – como a que deu origem ao cartaz – e a boa atuação de Adam Sandler.

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Goodfellas

Os Bons Companheiros – 1990 – Martin Scorcese – ****

Adorado filme de máfia realizado por Scorcese, deve seu status mais à atuação dos protagonistas, Ray Liotta, Joe Pesci e Bobby DeNiro em seus melhores dias. Adaptação do livro “The Wiseguys”, não temos aqui nada de muito diferente do tradicional em filmes do gênero, contudo, feito por um gênio do cinema. Mas ainda assim há anos luz da trilogia Poderoso Chefão e mesmo, por exemplo, de Carlito’s Way, de De Palma, que viria em 1993, bem superior.

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The Village

A Vila – M. Night Shyamalan – 2004 – ****

Havia admirado alguns aspectos de “O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”, filmes que catapultaram o diretor M. Night Shyamalan para um nível de adoração absurdo. Gostado, mas não considerado “obras primas inesquecíveis”, como boa parte da crítica. “Sinais”, me decepcionou, não só pelo roteiro furado quanto pelo filme bem meia-boca, em si, além de eu não gostar da temática de ET’s e OVNI’s por achar ridícula demais.

De lá pra cá, abandonei Shyamalan. Um exercício de ranço e má vontade que, após assistir “A Vila”, não se justifica. De longe (mas de longe), a melhor obra dele. Conceito e execução geniais, dum filme quase infalível que, agora sim, justifica sua condição de “gênio”. Seja pela fotografia irretocável de Roger Deakins (mestre), explorando como poucos a luz, sombras, as cores e o ambiente, seja pela câmera estilosa de Shyamalan, conseguindo fugir do óbvio dentro de um estilo já tão saturado, passando ainda pelo ótimo elenco, onde se destaca um transformado Joaquim Phoenix e a tensa Bryce Dallas Howard.

Como se tornou marca do diretor indiano, “A Vila” é um filme de metáforas, referências, alusões e sinergias. Dos “sentidos”, em suma. A dualidade do vermelho-amarelo, a nuance bíblica, a questão do “perceber/ver”, coisas diferentes que exaltam a sensibilidade e a cegueira da maioria dos personagens  (não de Ivy), a própria utopia (de Thomas Morus a Aldous Huxley) da criação da Vila, trazendo uma relação direta com a situação do mundo atual e a vida urbana que, clichê ou não, é real e bem feita no longa.

E o roteiro, surpreendentemente, funciona e não possui falhas. Um ótimo suspense dentro de uma bela estória de amor (ou vice-versa) e uma fábula moderna da condição humana, Shyamalan consegue reunir na película inúmeros elementos interessantes e bem construídos, aliado à um talento artístico, uma direção e equipe admirável.

Aprendi a não subestimá-lo e, em troca, ganhei um grande – e delicado – filme, cheio de plástica e essência, coisa que poucos são capazes de fazer.

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