Filmes

Ali

Ali – Michael Mann – 2001 – ****

Nunca escondi minha admiração por Michael Mann. Para mim, pouquíssimos cineastas tem o talento e a competência para fazer filmes tão redondos e eficazes, beirando o impecável. Além de ótimo diretor, o cara ainda escreveu O Último dos Moicanos, Fogo Contra Fogo, O Informante e Miami Vice, além deste Ali. O que falar?

Para contar a história de uma dos maiores esportistas de todos os tempos, como também uma personalidade consagrada e adorada mundialmente, controverso, político, religioso, mulherengo, carismático, divertido, firme, com uma biografia cheia de reviravoltas e redenções, Mann escolheu Will Smith para o papel principal. E quem diria que um ator que começou como “The Fresh Prince Of Bel Air”, além de uma carreira de rapper de qualidade no mínimo duvidosa – para usar um eufemismo – conseguiria amadurecer tanto, levando-o à sua primeira, e merecida, indicação ao Oscar num papel principal. A entrega de Smith ao personagem, física, mental, nos trejeitos, na fala e no olhar é fascinante, além de uma considerável semelhança com Ali jovem. Jamie Foxx e Jon Voight também estão excepcionais.

Dada a quantidade de coisas a tratar, o filme acaba ficando confuso demais em certos momentos…mas após um primeiro ato problemático, desenrola-se de modo equilibrado, nos levando para dentro do universo conturbado de Muhammad. Dificilmente alguém faria melhor.

Padrão
Filmes

The Usual Suspects

Os Suspeitos – Bryan Singer – 1995 – ***

Overrated. Mais glorificado do que merece. O final é bem pensado, sim, ok, mas nada exatamente genial.

Spacey chorão e panaca demais (mesmo que propositadamente, para o que o filme desejava, irrita) e Palminteri insuportável. Já parece velho, manchado. Memorável apenas pelo desfecho, mas nada que chegue a ser um filme de gênero que mereça o status de imprescindível.

But, talvez eu esteja sendo cruel demais. Rs. Vale a sessão.

Padrão
Filmes

Vidas em Jogo

The Game – David Fincher – 1997 – ***

Well, well, well…uma produção “estranha” de Fincher. Partiu de uma premissa interessante mas simplesmente não soube como conduzi-la, ficando claro que o filme não teria um final decente. O tipo de suspense que cai em suas próprias armadilhas. Mas friso: não é um suspense medíocre. Além de ótimos atores, Michael Douglas e Sean Penn, é uma película que tem a assinatura de David, ou seja, mais pontos altos, sobriedade e capacidade estilística que a imensa maioria dos diretores da atualidade. Contudo, longe da genialidade de outras obras.

Padrão
Filmes

Gangs Of New York

Gangs Of New York – Martin Scorcese – 2002 – ***

O filme mais cruel e sanguinário de Scorcese. E, até a cena onde Bill, insone, senta na cadeira enrolado na bandeira dos Estados Unidos e tem uma conversa olho no olho com Vallon, a primeira “pessoal” deles até ali, um dos piores.

Vale mais por resgatar de forma precisa e brilhante uma parte da história esquecida, propositadamente, pela “América”, tocando (e abrindo) inúmeras feridas políticas, sociais e históricas, mesmo. Brilhante e necessário neste ponto, nem tanto em outros.

Padrão
Filmes

Reservoir Dogs

Cães de Aluguel – Quentin Tarantino – 1992 – ****

A estréia de Tarantino para o cinema mundial definiu também muitas das características que seriam exploradas posteriormente em seus filmes. A cena inicial, com uma mesa redonda de bandidos vestidos em seus smokings discutindo o sentido das músicas e a carreira de Madonna é sintomática. Reunindo uma gama de atores que se tornaram imediatamente uma espécie de “ícones”, Reservoir Dogs é um ótimo exemplo de como Tarantino trabalha suas influências cinematográficas, de cultura pop e também a parte técnica do cinema para gerar seu estilo próprio. E se é algo que Quentin tem, se existe uma palavra que o defina, é isto: estilo. Impossível não reconhecer um filme dele desde as primeiras cenas da projeção.

Seu surgimento foi um importante sopro de irreverência e ar fresco no cinema estadunidense, e, embora errando a mão em outros casos, Quentin permanece interessantíssimo.

Padrão
Filmes

Natural Born Killers

Natural Born Killers – Oliver Stone – 1994 – *****

Seu ritmo urgente e alucinógeno, totalmente adequado para a proposta e estilização que é feita, tem o suporte num Oliver Stone inspirado, trabalhando em cima de uma ótima estória de Quentin Tarantino, uma trilha sonora fantástica e um dos meus atores favoritos: Woody Harrelson. O estilo e as feições absolutamente únicas de Woody, meio “exóticas”, digamos, encontra respaldo num ator que transforma todo material que cai em suas mãos (e ele faz boas escolhas) em personagens e atuações marcantes.

Natural Born Killers revela-se ainda uma crítica ácida e pungente, de uma forma totalmente caótica-apocalíptica-falência do humano e das instituições no estilo “the world is fucking burning in nineties” acertadíssima, mesclando sua forma com o conteúdo e os diálogos que melhoram gradativamente. Um dos filmes chave da última década, sem dúvida.

Padrão