Filmes

The Killing Of A Chinese Bookie

killing-2.jpg

The Killing Of A Chinese Bookie – John Cassavetes – 1976 – ****

Neste filme, destaca-se a música de Bo Harwood, misturando temas clássicos da época com uma narrativa tensa e de texturas/climas nitidamente musicais e a belíssima fotografia de Mitch Breit e Al Ruban, conseguindo a façanha de conceber um pseudo-noir tremendamente elegante e equilibrado em plena era disco. A estória, tola e clichê, é apenas um argumento necessário para que Cassavetes explore seu fascínio pelo corpo, os sentimentos e expressões, brincando nitidamente com o conceito de “o show tem que continuar, não importa como/o que custe”, humana, psíquica e financeiramente.

O mundo das aparências prevalecendo sob qualquer outra coisa. Nenhum personagem é invulnerável: todos são atingidos, seja pelo “spotlight”, seja pela falta dele, física ou emocionalmente, ou ambos. A trama, no fundo, esconde sutilezas e questões vistas apenas num segundo olhar. O mundo do cineasta, “clitocentrista”, digamos assim, ao colocar sempre a mulher como centro de suas ações/consequências, partindo delas e atingindo a tudo e a todos, não deixa de sê-lo nem no tom policial que este carrega. Exemplar interessante da filmografia de Cassavetes.

Padrão
Filmes

Faces

faces_poster.jpg

Faces – John Cassavetes – 1968 – ***

Brilhante em alguns momentos – como nos 15 minutos iniciais – mas demasiado aborrecido em boa parte. A premissa “cassavetiana” de escancarar a hipocrisia e o odor da sociedade burguesa (a nossa, eu, você) é válida e bem realizada porém perde-se em obviedades. Um corte de 30 minutos em sua duração faria muito bem a “Faces”. O roteiro acaba raso e previsível, em situações-diálogos-construções tensas e pungentes, às vezes, mas nada que mostre tantas texturas quanto pretende. Na última parte do terceiro ato, recupera o fôlego. Porém, acaba terminando de forma risível. Obra estimada mais do que merece. Ainda assim, vale, e muito, a sessão.

Padrão