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Inception: muito por nada

Fui assistir Inception com a melhor expectativa possível e quase tudo a favor do filme: desde que vi o trailer nos cinemas ano passado criei uma boa imagem do projeto. Minhas restrições com Christopher Nolan eram razoáveis (gostei de The Dark Night, por exemplo, apesar de cair fortemente na revisão), considero Di Caprio ótimo ator, subestimado até, que vem escolhendo bem as produções que participa. Ignorei o oba-oba irrestrito que acompanhou o lançamento, com 90% de aprovação de público e mídia. Até porque geralmente o que me interessa é justamente os 10% restantes.

Pois minha sensação após as 2 horas e meia de filme foi: é só isso? Mesmo? A “complexidade” aqui é tão rala e forçada que convence pouquíssimo. As cenas de ação são óbvias e no automático demais. Tudo parece um cozido mal feito de outras ideias e outras concepções infinitamente melhor exploradas antes. Marion Cotillard desperdiçada num histrionismo irritante. Di Caprio perdido e sobrecarregado, com o peso de ancorar boa parte do drama, da liderança e responsabilidade do filme. E o eixo reinante do casal, fundamental para o roteiro, prejudica sobremaneira a película. Algo que poderia ter sido tratado de forma muito mais eficaz e menos cacete.

Nolan cai em todos seus vícios costumeiros. Os rodeios desnecessários. As “dicas” soltas dignas de um seriado chinfrim e pretensioso. Um bom elenco mal dirigido e um roteiro sofrível, que serve apenas para ele dar vazão às suas pulsões e megalomanias. Assim como “Memento” (Amnésia), filme incompreensivelmente superestimado e badalado, Inception estraga um argumento interessante por falhar em tudo de fundamental que poderia render.

Não empolga em momento algum, nem pela trama, nem pela ação. Uma grande bobagem, apenas. Nolan parece se esquecer que é preciso mais que ganchos primários e toneladas de dólares pra se fazer um filme decente. É exigir demais.

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Into The Wild

Into The Wild – 2007 – Sean Penn – ****

Um dos filmes mais celebrados de 2007. Excelente atuação de Emile Hirsch, que na época também tinha 22 anos, como o próprio Christopher McCandless retratado. Eddie Veder se mantém bem compondo as mesmas músicas desde 1990, com o piegas e clichê ficando acima do tom apenas em alguns momentos. O livro, sem dúvida, é indicado. Vou procurar. Sean Penn sabe o que faz. Misto de road-movie (!?!) com auto-descoberta e as mazelas da vida cotidiana que costumam passar batido.

Este “get out” do sistema sempre foi algo tentador. Quem nunca pensou em fazer algo parecido? McCandless vai ao extremo e está correto em grande parte do que diz, lê, pensa, passa. Difícil contestar. Encontrar-se consigo mesmo é fundamental. E ele teve a coragem para tanto. Dá aquela inspiração soporífera boa que dura até subirem os créditos e vamos, famintos após os 148 minutos, pedir uma pizza pelo telefone.

No fim, ficam as feridas que precisavam ser expostas e tudo permanece o mesmo. Ou quase.

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