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Akira

Atenção: O texto abaixo NÃO contém spoilers.

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Akira – 1988 – Katsuhiro Otomo – *****

Akira é um dos melhores animes já criados. Publicado em forma de mangá entre 1982 e 1993, somando mais de 2.000 páginas, a criação de Katsuhiro Otomo permanece atual e revolucionária até hoje.

O filme a que este texto trata, lançado em 1988, tornou-se um clássico indispensável para todo apreciador de animes.


No mundo da grandiloqüente e empedernida NeoTokyo de 2019 (repare que as simbólicas datas antigamente previstas em filmes, livros, músicas, etc, para a decadência total da humanidade, estão chegando a seu momento atual, preste atenção que descobrirá vários exemplos) que têm suas ruas dominadas por gangues motorizadas travando guerras entre si, fanáticos religiosos preconizando a chegada de um salvador e a população estupidificada pela miséria, tudo isso em meio às ultra-avançadas indústrias, corporações misteriosas e coronéis autoritários.

A megalópole, por si própria, é um personagem a parte na película: viva, pulsante, colorida, imponente e perfeitamente verossímil.

Neste cenário se desenrolam intrincadas conspirações políticas, questões sobre ética, modernidade, dominação, poder, força, filosofia, psicologia e um ardente thriller humano. Obscuras experiências governamentais com crianças acabam por deformar a aparência física das mesmas (uma espécie de envelhecimento precoce) e, mais do que isso, desenvolvem estranhos poderes psíquicos.


É aí que surge a figura de Tetsuo, subalterno membro da gangue de Kaneda, historicamente menosprezado por seus colegas em virtude de sua pouca idade e parcos atributos físicos. Tetsuo acaba se envolvendo com uma das crianças do experimento e termina por ser igualmente alvo das pesquisas. A partir daí sua vida começa a mudar…dando início à sua própria vendetta.


Durante toda a projeção a sombra de Akira paira onipresente sobre tudo que envolve o filme, não nos é revelado quem ou o que é Akira, ainda que obtusas pistas sejam dadas gradativamente.

O mundo criado por Katsuhiro Otomo é um emaranhado de questões apocalípticas, metafísicas e transcendentais (repare que não há pleonasmo aqui), envolvidas em densas camadas de sociologia, religião, história e ciência. Todavia, Akira é fraco filosoficamente (bem mais fraco que “Ghost In The Shell” por exemplo), incrivelmente frágil no que se propõe a tratar, abordando tudo superficialmente (ao menos no longa metragem, pois no mangá a história é outra). Fragilidade e relapsidade evidente nos dois primeiros atos, no último, há uma tentativa desesperada de preencher as lacunas deixadas, num súbito aprofundamento que não alcança os resultados desejados.

Apesar dessa falha, Otomo é um esteta respeitável, exalando fluidez e cenários arrojadíssimos, flertando com o noir e o cyberpunk. Toda essa exuberância estética fica ainda melhor na versão remasterizada do filme lançada em DVD pela Pioneer em 2002, resultado de investimento em torno de 1 milhão de dólares.Outro ponto fortíssimo é a trilha sonora. Instrumentos étnicos, percussão metálica e toques eletrônicos extremamente pertinentes fazem da soundtrack de Akira uma das mais belas já criadas.

Estória adulta e fascinante, que tornou-se uma das maiores instituições da arte da animação. Apesar de não alcançar a perfeição inquestionável, é sem dúvida uma obra recomendadíssima.

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Faces

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Faces – John Cassavetes – 1968 – ***

Brilhante em alguns momentos – como nos 15 minutos iniciais – mas demasiado aborrecido em boa parte. A premissa “cassavetiana” de escancarar a hipocrisia e o odor da sociedade burguesa (a nossa, eu, você) é válida e bem realizada porém perde-se em obviedades. Um corte de 30 minutos em sua duração faria muito bem a “Faces”. O roteiro acaba raso e previsível, em situações-diálogos-construções tensas e pungentes, às vezes, mas nada que mostre tantas texturas quanto pretende. Na última parte do terceiro ato, recupera o fôlego. Porém, acaba terminando de forma risível. Obra estimada mais do que merece. Ainda assim, vale, e muito, a sessão.

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I’m Not There

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I’m Not There – Todd Haynes – 2007 – *****

Revisto no Usiminas Belas Artes, Belo Horizonte, 24.03.08.

Um dos melhores filmes do ano passado e, naturalmente, desde já, um dos melhores lançados em circuito comercial no Brasil em 2008.

Pôster escolhido em homenagem ao maravilhoso Heath Ledger, que foi cedo, muito cedo.

Limito a dizer somente que a película capta, de maneira genial, e com uma edição bastante eficaz, as inúmeras facetas de Dylan e tudo que remonta ao mundo e a atmosfera em torno dele, conseguindo ir além, num roteiro absolutamente brilhante e memorável. Obrigatório.

“It’s like you got yesterday, today and tomorrow, all in the same room. There’s no telling what can happen. “

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Filmes, Listas/Citações

Últimos Filmes Vistos ou Revistos – Janeiro a Março

Uma boa forma de se manter o blog atualizado é postar aqui os últimos filmes vistos e álbuns conferidos, pela primeira, segunda ou décima vez. Junto a eles, vai a minha indicação de estrelas, numa escala de 1 a 5.

* – Ruim/Fraco

** – Regular

*** – Bom

****- Ótimo

***** – Excelente/Clássico

O Novo Mundo – Terrence Mallick – ****

 

O Ilusionista – ***

 

Eu Sou A Lenda – *

 

Meu Nome Não É Johnny – ***

 

Onde Os Fracos Não Tem Vez – No Country For Old Men – Joel & Ethan Coen – *****

 

Sangue Negro – There Will Be Blood – Paul Thomas Anderson – *****

Senhores do Crime – David Cronenberg – **

 

Os Donos da Noite (We Own The Night) – James Gray – ***

O Último Rei da Escócia – ****

 

Pagamento Final (Carlito’s Way) – De Palma – ****

 

Perfume de Mulher (Scent Of A Woman) – ****

O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford – ****

 

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