A era da informação, travestida há muito tempo na era da tecnologia, é uma época dominada pelos super-nerds. E o filme capta muito bem o espírito do nosso tempo neste aspecto, a já conhecida trajetória de “mente brilhante universitária lança projeto X que explode lentamente transformando-se no projeto Y até estourar no mundo todo” e valer bilhões de dólares. Atualmente, o Facebook vale mais de 500 bilhões. E nem fez sua oferta pública de ações ainda: a bolha/00 deixou lições e o Vale do Silício descobriu que ter controle total por um tempo maior não é lá exatamente ruim. O site ultrapassou os 500 milhões de usuários. Utilizando um termo caduco dos gurus da internet, é a autêntica “aldeia global” criada por aquilo que a rede oferece.
Como filme, é muito superior ao pavoroso “O Curioso Caso de Benjamin Button”, provavelmente o momento mais constrangedor da filmografia de David Fincher. Eisenberg está muito bem na pele de Zuckerberg e empresta boas tiradas ao roteiro repleto de ironias, provocações e raciocínio rápido. A película tem o mérito de retratar com propriedade o “case” mais relevante da web nos últimos anos, numa história com bons ingredientes – traições, juventude, negócios, relacionamentos, travessuras e genialidades – para a tela grande.
Mesmo assim, é cacete em boa parte do tempo e, no geral, não é grande coisa. A estrutura reunião com advogados/disputas judiciais/depoimentos mescladas com a ação do filme em si é uma solução fácil, chata e primária. Deveria passar de forma muito mais tímida em condições normais. “A Rede Social” será um bom filme para a Sessão da Tarde daqui uns 10 anos.