Política & Economia

A excrescência Roriz

Ao estar em Brasília durante a última semana de eleição antes do primeiro turno pude acompanhar de perto o imbróglio Roriz. Cheguei a dizer por aí que faltam palavras no vocábulo universal para descrever a participação de Weslian Roriz nos dois debates que participou: Globo e SBT. Tanto que vídeos com os “melhores momentos” da “candidata” pipocaram por aí. A internet costuma abraçar o que é mais bizarro, cômico, chulo e surreal. Por mais que qualquer coisa seja insuficiente para tentar descrever a “saga Roriz”, cá estamos.

Há várias maneiras de encarar o fato: ou você trata com incredulidade e galhofa, inevitável, ou realmente se choca com o nível de escrotidão a que chegamos. Não basta trocar um candidato a menos de 15 dias de eleição (algo que foi estranhamente aprovado). É difícil compreender razoavelmente como alguém com a mínima capacidade de pensar pode ver e ouvir Weslian Roriz e ter coragem de digitar 20 na urna.

Salvo pelo fato de Joaquim Roriz ter conseguido arrasar Brasília nos seus 4 mandatos (!!!) como governador. Responsável pelo inchaço extremo da capital, pela criação de várias cidades sem qualquer estrutura, criando a legítima favelização de Brasília e representante máximo de práticas “pouco ortodoxas” por aí. Sobre isso, já recomendei aqui e recomendo novamente o ótimo artigo de Cynara Menezes, da Carta Capital. “Brasília: a vanguarda do atraso”. Leia e volte. Está ali o resumo do buraco em que o DF se meteu.

Ao literalmente comprar votos com terra, Roriz angariou um séquito de zumbis da pior espécie que o seguem não importa o que aconteça. A sensação é de que Roriz poderia nomear seu cachorro para o substituir na eleição que o resultado seria o mesmo. Jaqueline Roriz, sua filha, foi eleita deputada federal com mais de 100 mil votos. E Liliane Roriz, também filha, deputada distrital com 22 mil.

Apesar de não ser surpresa, o segundo turno alcançado por Weslian Roriz com 31,5% dos votos é de causar vergonha em qualquer ser humano com o mínimo de discernimento que more no DF. De surpresa positiva na eleição em Brasília apenas os 14,5% de votos em Toninho do PSOL, o candidato do partido que provavelmente alcançou mais votos proporcionais em todo o país. Toninho deu um banho em todos os concorrentes nos debates que participou. É claramente o mais preparado, com a maior lucidez e as melhores propostas. O alto índice de votos que conquistou demonstra a parcela que não quis se aliar a Agnelo, longe de unanimidade e ser o “melhor cenário”.

O problema no DF é ficar sempre entre “o menos pior”. E nesse quadro, qualquer coisa é “menos pior” que algo com o sobrenome Roriz. Ao conseguir colocar Weslian com relativo sucesso na disputa, Roriz prova definitivamente que é capaz de fazer – quase – o que quiser em Brasília. Ao sentir, também, que iria perder a primeira eleição da sua vida, jogou nas costas da mulher o peso.

Infelizmente, tudo indica que o DF ainda agonizará por muito tempo em áreas cruciais. O senado pelo menos ficou com Cristovam Buarque (consenso) e Rollemberg, outro que entra na linha do “menos pior”. Sair da barbarização absoluta nos próximos 10 anos parece ser um início razoável para Brasília.

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