Dentro do espírito desse filme, dá pra dizer que Oliver Stone tem “crédito no mercado”. Sua filmografia, por diversas vezes, esteve entre o limiar hollywoodiano e aquela abordagem meio fora da curva, meio outsider. É a pretensão de Wall Street – Money Never Sleeps, embora empacotado totalmente no esquema de Hollywood, como ele mesmo admitiu em entrevista. Se sempre esteve presente, seus últimos 10 anos foram quase que totalmente políticos. Com exceção do blockbuster “Alexandre”, que também é político de muitas maneiras, Oliver lançou documentários e filmes com óbvia veia crítica.
Estando recentemente no Brasil para divulgar “Ao Sul da Fronteira”, em que aborda o momento político da América Latina, Stone denota no mínimo saber razoavelmente sobre o que fala. A crise econômica de 2008, marco histórico eterno, é ótimo material base. Falei sobre ela recentemente aqui. Daí que a expectativa para Wall Street II era razoável. Mas a coisa começa já no subtítulo horroroso e clichê: “O Dinheiro Nunca Dorme” soa como uma das piores opções possíveis.
E não é só o subtítulo que parece infeliz. Desde o início da película o festival de obviedades acontece em profusão. De sutileza zero e sem a mínima capacidade de gerar tensão, crítica e análise que fuja do primeiro nível, WSII ainda carrega alguns artíficios que parecem feitos por um diretor qualquer e estreante. Os prédios como modelo para o sobe e desce da bolsa, a exaustiva e infantil “metáfora” das bolhas de sabão flutuando no ar em diversos momentos, os diálogos rasteiros, os efeitos visuais duvidosos, o triângulo financeiro soporífero e a relação amorosa de dar dó entre Shia LaBeouf e Carey Mulligan.
Sobre LaBeouf, juro que tentei dar chances, mas o garoto pode ser qualquer coisa, menos um ator com o mínimo de estofo para um personagem como esse. Talvez vire um bom ator qualquer dia, por enquanto é apenas um garoto esforçado que caiu nas graças de Hollywood. A crise em si, quando chega, é abordada de modo tremendamente fraco.
Tentando achar o “humano” por trás do sistema financeiro, Stone escorrega fortemente na pieguice, num texto frágil, casal de protagonistas ruins e escolhas erradas. E o filme acaba com um beijo, bolhas voando no céu e referências ao dólar. O que por si só é sintomático. Melhor voltar para o original.