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Into The Wild

Into The Wild – 2007 – Sean Penn – ****

Um dos filmes mais celebrados de 2007. Excelente atuação de Emile Hirsch, que na época também tinha 22 anos, como o próprio Christopher McCandless retratado. Eddie Veder se mantém bem compondo as mesmas músicas desde 1990, com o piegas e clichê ficando acima do tom apenas em alguns momentos. O livro, sem dúvida, é indicado. Vou procurar. Sean Penn sabe o que faz. Misto de road-movie (!?!) com auto-descoberta e as mazelas da vida cotidiana que costumam passar batido.

Este “get out” do sistema sempre foi algo tentador. Quem nunca pensou em fazer algo parecido? McCandless vai ao extremo e está correto em grande parte do que diz, lê, pensa, passa. Difícil contestar. Encontrar-se consigo mesmo é fundamental. E ele teve a coragem para tanto. Dá aquela inspiração soporífera boa que dura até subirem os créditos e vamos, famintos após os 148 minutos, pedir uma pizza pelo telefone.

No fim, ficam as feridas que precisavam ser expostas e tudo permanece o mesmo. Ou quase.

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The Happening

Fim Dos Tempos – M. Night Shyamalan – 2008 – ***

Shyamalão é um cara curioso. Gosto de Sexto Sentido, acho “Corpo Fechado” forçado e tinha desistido do cara em “Sinais”.  Ignorei durante anos e fui ver “A Vila” só ano passado. Adorei. “The Happening” reforça o incrível talento “de cenas” que o indiano tem. Os operários caindo dos prédios, o suicídio com o cortador de grama, as mortes no trânsito, a tensão do massacre coletivo feito pelo soldado (vivenciado a distância, apenas no som, tornando-o ainda mais pungente), enfim, os parcos 90 minutos do longa reservam cenas brilhantes dum cineasta bem acima do comum.

Ainda assim, as atuações de Mark Whalberg e Zoey Deschannel são sofríveis, o enredo se perde em certo momento e tudo fica aquém do poderia ser. O argumento é ótimo. As mortes e paranóia coletiva causados por algo completamente desconhecido tem excelente apelo. E claro que ninguém poderia esperar uma explicação concreta, enlatada. Até melhor.

O filmão B de Shya, feito em um mês e com orçamento reduzido (apesar dos 60 milhões soarem bem menos na tela) é bom (genial e vexatório em alguns momentos). Fica aquela sensação incômoda de “quase”.

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Elephant Man

The Elephant Man – David Lynch – 1980 – ****

Difícil imaginar um diretor melhor que David Lynch para retratar a história de Joseph Merrick, o “homem elefante”. Sofrendo de uma combinação raríssima de doenças, a terrível vida de Merrick na Inglaterra vitoriana do final do século XIX (como era para a maioria da população da época) é retratada por Lynch com altíssimo apelo dramático. A soberba atuação de John Hurt (que perdeu o Oscar para o DeNiro de Raging Bull) é responsável por grande parte de seus méritos.

A magistral fotografia em PB e a música da película contribuem para o resultado final. No entanto, o apelo emocional enfraquece um pouco ao saber que Lynch “potencializou” muito do drama vivido por Merrick. Por exemplo, a opção de participar de um circo de horrores para ganhar a vida partiu do próprio Joseph. O que não deixa de ser suficientemente trágico (e, sejamos justos, a informação está presente nos extras do DVD, portanto é escancarada pelos realizadores).

Abaixo você confere galeria de fotos e um documentário sobre o verdadeiro Merrick, o trailer do filme e a belíssima cena final (não assista se já não tiver conferido o filme em si).

httpv://www.youtube.com/watch?v=kGfOzfadR4U

httpv://www.youtube.com/watch?v=OpqjtF1eGXg

httpv://www.youtube.com/watch?v=ye4YTZOq2fk

httpv://www.youtube.com/watch?v=GajDw1NSFuw

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Oscar 2009 – Comentários póstumos

oscar2009

Poucas vezes a cerimônia do Oscar tinha me despertado tão pouco interesse. Ao contrário do ano passado, quando a briga entre “No Country For Old Men”, dos irmãos Coen (revisto, a propósito, ontem, e que caiu levemente no meu conceito) e “There Will Be Blood”, de PTA, era boa, em 2009 o interesse decaiu porque, também, não tive tempo – nem paciência – em assistir a nenhum dos indicados lançados no final de 2008 pra cá.

Falha minha. Mesmo assim, acompanhei críticas, textos e a “carreira” de cada película até aqui. Neste momento você já conhece a lista dos vencedores e deve ter lido textos de muitos “especialistas” por aí.  Recomendo esse. No meu turno, cabe alguns comentários.

Nunca pensei em ver Danny Boyle premiado como melhor diretor pela Academia. Da sua carreira, conheço muito pouco, com exceção de Trainspotting, que é um filme hit-cool-cult, celebrado nos círculos indie’s/junkie’s/etc e tem, sim, o seu valor. Gosto muito, até. Não vi “Extermínio” – elogiado – “Sunshine” e sequer “Por Uma Vida Menos Ordinária”, com Ewan McGregor e Cameron Diaz, que fez lá algum barulho em 1997. Ah, me esqueci de “A Praia”, filme que simpatizo apesar de ter muita coisa irritante e decair no ato final.

“Slumdog Millionaire” vem sendo espinafrado por gente que respeito muito, acusado, dentre outras coisas, de fazer o velho “espetáculo da desgraça”, transformando o caos de países miseráveis numa história colorida (!?!?!) de “super-ação”, com a beleza plástica de uma vitrine do inferno. Fábulas do tipo já não me atraem muito. E a despeito dos seus 8 oscar’s, o bichinho parece mesmo ser ruim. Mas veredicto, só vendo.

Se não esperava Boyle no topo, também achei curioso Hugh Jackman como apresentador. Wolverine teve empatia instantânea com o público, e o rapaz caiu em papéis aventurescos ou de folhetim, como o último fiasco astronômico que foi “Austrália”, ao lado de Kidman. Mas Jack, salvo engano, foi eleito “o homem mais sexy do mundo” recentemente e é uma espécie de queridinho da América. Só vi partes da cerimônia – não tenho saco para assisti-la completa mais – e sua atuação foi bem ok.

Kate Winslet finalmente venceu o prêmio de melhor atriz – após 6 indicações. O suficiente para, assim espero, não voltar a incomodar novamente. Bonitinha e simpática, mas aborrecida e mediana.

Em ator a coisa foi quente: Sean Penn é um ator excepcional, sem dúvida um dos melhores da sua geração e, mesmo cedo, até da história do cinema. Já Mickey Rourke, que começou como galã, pirou, virou lutador de boxe, apareceu totalmente desfigurado, acabou em papéis de quinta categoria até começar a se reerguer lentamente e, segundo dizem, ter alcançado o ápice em “O Lutador”. Essa pequena historinha pessoal de redenção deve ter sido o maior imã de uma possível estatueta, não desmerecendo seu talento e aplicação, em absoluto. Mesmo considerando Penn infinitamente mais ator que Rourke, estava até torcendo pelo cara. “The Wrestler”, que não vi, aparenta ser um pé na sobriedade para Darren Aronofsky. O garoto atingiu níveis de adoração incompreensíveis com “Pi” – um exercício de faculdade – e “Requiem For A Dream” (desgraça sem fim, na história, mas bom), parindo depois o horroroso “Fonte da Vida”. Ao que indica, parou de dirigir como se tivesse mal de parkinson.

Duas acusações, aliás, comum a ele e Danny Boyle: de dirigirem de modo frenético, como se estivessem organizando uma rave cinematográfica.

No mais, nenhuma surpresa ou coisa muito interessante a dizer. Ledger levou por ator coadjuvante em “Batman – Dark Knight”, filmaço. O prêmio póstumo foi mais que merecido, levando ao momento mais emocionante da cerimônia (a quantidade de atores que se demonstraram tocados foi incrível). Mesmo que estivesse vivo, a estatueta teria endereço certo. Não consigo compreender a má vontade de alguns com “Batman”, o que me parece 90% implicância estúpida contra o hype.

A aproximação da indústria estadunidense com Bollywood assusta. Spielberg (que coincidência ele entregar o Oscar de melhor filme…) acabou de fechar acordo bilionário (U$$1,5) com uma empresa indiana, a RDA Alliance Group. A brincadeira prevê 35 filmes em 5 anos (imagine…) e teve parte do financiamento atrelado ao JP Morgan. What a wonderful world.

Dá medo. Os EUA, quando em boa fase (anos 60/70, momentos esporádicos) sempre produziram boa parte do melhor cinema do mundo – e dos mais reflexivos também. Bollywood não soa como influência positiva.

Veremos.

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