Cervejas, Notícias Comentadas

Cervejas e a Crise

Imagem: AllPosters

Nada escapa à crise financeira. Longe da queda livre das bolsas e todo o apocalipse que anda rondando as manchetes econômicas, muitas vezes ininteligível para os leigos, há um aspecto disto tudo facilmente compreensível: o impacto no aumento de preços dos bens de consumo e, entre eles, a cerveja, notícia que preocupa desde o bebum da esquina até o gourmet sofisticado.

Crise atingirá preço de cervejas – Por Lilian Cunha, do jornal Valor Econômico, via Brejas.

A turbulência financeira chega aos botecos entre novembro e fevereiro do ano que vem. É nesse período que a AmBev, maior fabricante nacional, reajustará o preço das cervejas, que este ano deve ter impacto também da desvalorização do real, que desde 1º de agosto acumula perdas de cerca de 50%.

Dentre todos os reflexos da crise financeira internacional, o que mais afeta as cervejarias é a alta do dólar, mais até que a restrição do crédito. Muitos insumos utilizados na fabricação da bebida são importados e, portanto, cotados na moeda americana.

Mas o mais importante deles, a cevada, matéria-prima do malte, pode continuar com custos estáveis. Segundo o especialista em cevada e matérias-primas para cerveja, Euclydes Minalla, da Embrapa Passo Fundo (RS), a safra de cevada na Europa é a maior dos últimos tempos, o que faz o valor da tonelada cair. “No fim das contas, a alta do dólar empata com a baixa da cevada e o preço continua igual.” Mas ele lembra que as empresas têm outros custos em dólar que estão subindo, como o de rótulos.

“Tudo isso gera uma pressão de custos, mas o maior problema das empresas, principalmente para as que se reportam à sede no exterior, é manter a rentabilidade”, diz Adalberto Viviani, da consultoria Concept, especializada no mercado de bebidas. As matrizes, segundo ele, querem que as divisões brasileiras entreguem o resultado prometido no início do ano. No entanto, a desvalorização da moeda corrói os valores. “A saída, então, é aumentar preços ou o volume de vendas.” Fabio Anderaos de Araújo, analista da Itaú Corretora, concorda. “As cervejarias estão perdendo margem de lucro”, afirma. “Além disso, não se sabe como serão as vendas no verão, com a lei seca. Apesar da fiscalização parecer estar arrefecendo, ainda pode ser um risco para as vendas.”

No caso da AmBev, que se reporta à InBev na Bélgica, diante dessa situação, a saída é mesmo o aumento de preços, uma vez que a empresa detém mais de 60% do mercado nacional, fatia difícil de aumentar em um mercado estável como o de cervejas atualmente. “Estamos programando um aumento para o verão, entre novembro e fevereiro”, diz Michael Findlay, diretor de relações com os investidores da AmBev. Ele nega que isso seja efeito da alta do dólar na empresa. “O impacto da desvalorização do real para nós, no curto prazo, é insignificante”, diz ele, comentando a observação feita pela analista de mercado da corretora Morningstar, Ann Gilpin. Segundo ela, AmBev tem dívidas em dólar que somam US$ 2,3 bilhões. “Temos essa dívida mas ela está protegida por operações de hedge a um valor que acertamos no início do ano. Já sei quanto pagar. Não há riscos”, diz Findlay. Ele, porém, acrescenta que o aumento previsto para o verão deve ter percentual equivalente à inflação do período na data.

Outra que, segundo os analistas, deve apelar para aumentos é Femsa, que se reporta à sua sede no México. “Ou ela sobe preços ou aumenta sua escala”, diz Viviane. A empresa, entretanto, não comentou o assunto.

Em situação melhor estão as cervejarias nacionais, como a Schincariol e a Petrópolis, uma vez que a maioria de sua operação é feita em real. “Todo nosso endividamento é preponderantemente feito em reais, utilizando linhas de crédito de longo prazo via BNDES”, disse a empresa em comunicado oficial. Sobre a possibilidade de aumentos de preços ao varejo, a Schincariol informou que ainda está fazendo uma “análise sobre os impactos da alta do dólar” em suas atividades. Mas, segundo a companhia, “apesar da alta da moeda, os preços dos insumos estão com tendência de baixa.”

Entretanto, uma surpresa fiscal pode impactar as cervejarias também. Segundo a SLW Corretora, a mudança na forma de cobrança do PIS e da Cofins para empresas de bebidas é uma incógnita. “Não se sabe se a coisa vai ser boa ou ruim. E a definição sobre isso deve acontecer só no fim do ano ou no início de 2009?, diz um analista.

*

Uma parte da matéria é importante ressaltar:

“Tudo isso gera uma pressão de custos, mas o maior problema das empresas, principalmente para as que se reportam à sede no exterior, é manter a rentabilidade”, diz Adalberto Viviani, da consultoria Concept, especializada no mercado de bebidas. As matrizes, segundo ele, querem que as divisões brasileiras entreguem o resultado prometido no início do ano. No entanto, a desvalorização da moeda corrói os valores.”

Traduzindo: não importa o que aconteça, manter a margem de lucro é fundamental. Se a economia entra na pior crise desde 1929, o dólar dispara, a Lei Seca entra em vigor, o Brasil explode ou o que diabo for, a última coisa admissível é lucrar menos que no ano anterior: “manter a rentabilidade…entregar o resultado prometido no início do ano”.

A Inbev, que teve lucro líquido de 3,31 bilhões de dólares em 2007 (e aumentou suas vendas na América Latina em 9%), não pode fechar 2008 com um valor abaixo do prometido.

Quem paga a conta, no fundo, é sempre o consumidor. Vamos supor que a empresa tivesse uma queda recorde de renda, e fechasse o ano com 2 bilhões…ainda assim seriam 2 bilhões de dólares em verdinhas livres, para pagar os altos executivos, re-investir na própria empresa, etc. Seja as grandes companhias ou as de produção artesanal e até os home-brewer, pode preparar o bolso.

Como se não bastasse, pesquisas dão conta de que o preço do pão líquido irá subir absurdamente nos próximos anos devido ao aquecimento global, segundo matéria da Folha.

No verão, a alternativa deve ser a Nova Schin (blergh!) e Itaipava (esta uma das melhores dentre as pilsen das macrocervejarias locais). E as duas, diga-se, atoladas até o pescoço na máfia, esquemas de corrupção, sonegação, crimes…

Como diz um amigo, não dá nem pra tomar uma cerveja sossegado nesse país.

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Esportes

CBF legitima o campeonato de 87 e o penta do Flamengo

Do blog de Gilmar Ferreira:

Lembram da Taça de Bolinhas — aquela que seria entregue ao clube que vencesse o Campeonato Brasileiro cinco vezes?

Pois bem, a CBF deve anunciar nos próximos dias a solução para o impasse quanto à nova e definitiva morada do troféu.

E o mais provável é que ele vá mesmo para a Gávea.

Explico: Fábio Koff, presidente do Clube dos Treze, entregará ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a cópia de um documento assinado por dirigentes de vários clubes solicitando a divisão do título brasileiro de 1987 entre o Flamengo, por ter vencido o módulo verde, e o Sport Recife, por ter ganho o módulo amarelo.

O documento teria sido assinado, inclusive, pelo vice-presidente do clube pernambucano, Milton Caldas Bivar, um dos quatro vice-presidentes do Clube dos Treze — fato este que não consegui confirmar.

Mas não acho de todo improvável. Afinal, o impasse não interessa ao atual campeão da Copa do Brasil.

Pelo contrário, dividindo com o Flamengo a legitimação da honraria por enquanto conferida apenas a ele, o Sport se alia aos poderosos do Clube dos Treze e de tabela ajuda a CBF a resolver um imbróglio que a atormenta: a questão da Taça de Bolinhas.

Porque reconhecendo oficialmente os dois clubes como campeões do Brasileiro de 87, a entidade legaliza o penta rubro-negro e entrega o troféu na Gávea…

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Primeiramente, um lembrete: a questão é polêmica e por isso se arrasta há 21 anos.

É engraçado ver companheiros de imprensa se manifestando sobre um caso que nem todos à época acompanharam “in locco”, cobrindo as reuniões e ouvindo as duas partes principais do imbróglio.

Vem daí as “certezas” de alguns leitores que hoje se manifestam, até com radicalidade, baseadas em falsas premissas e em verdades manipuladas de acordo com preferências _ clubísticas, pessoais e comerciais.

Mero casuísmo.

Isso posto, complemento a informação e esclareço alguns pontos.

O documento em questão, que será apresentado ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi assinado pelo então presidente do Sport, em 1997, Luciano Bivar, irmão do atual presidente, Mílton Bivar.

E que o diz o documento?

Simples: o Sport queria se filiar ao Clube dos 13 e, conforme o estatuto da instituição, teria de conseguir a aprovação unânime dos representantes dos clubes filiados.

O Flamengo manifestou-se contrário ao fato a menos que, em condicão sine qua non, o clube pernambucano assinasse um termo reconhecendo, ao lado dos outros afiiados, a legitimidade do título do clube carioca, conquistado em 87, no Módulo Verde.

O Sport não criou objeção, assinou o documento e teve sua filiação aceita.

O Clube dos 13 garante ter enviado o documento à CBF mas, como houve mudança na diretoria do Flamengo, os representantes da nova gestão não se preocuparam em fazer o acompanhamento.

O assunto caiu em esquecimento até que o São Paulo conquistasse seu quinto título Brasileiro, em 2007.

Enfim, a fonte me informa ainda que o encontro entre Fábio Koff e Ricardo Teixeira só não aconteceu nesta semana porque o Teixeira teve de viajar para um encontro com executivos da Nike, nos Estados Unidos.

A expectativa é de que após o jogo entre Brasil e Colômbia, no Maracanã, um encontro entre os dois formalize a entrega de uma cópia do documento.

Teixeira deverá encaminhar o caso para o STJD que, finalmente, deverá pôr um ponto final no caso, anunciando a divisão do título:

Flamengo, campeão brasileiro do módulo verde.

Sport Club Recife, campeão brasileiro do módulo amarelo.

Ou seja: o Flamengo, primeiro pentacampeão brasileiro (80,82, 83, 87 e 92), ficará com a Taça de Bolinhas.

Para Juca Kfouri:

Nota do blog: como já dito 1000 vezes, este blog considera o Flamengo o primeiro pentacampeão brasileiro.

Até tu, Brutus?

Quase não acredito no que leio no diário “Lance!” de hoje que traz declarações jamais feitas por Carlos Miguel Aidar, o primeiro presidente do Clube dos 13.

O ex-presidente também do São Paulo à época em que se disputou a Copa União, em 1987, disse que o Clube dos 13 “abdicou” do Campeonato Brasilileiro daquele ano e que o Flamengo deveria ter reclamado a posse da “taça de bolinhas”, da Caixa Econômica Federal, em 1992, não agora.

Ora, meu Deus!

O Flamengo não só a reclama desde então como, em 1987, o Clube dos 13 acionou o Conselho Nacional dos Desportos que reconheceu, por unanimidade, o título rubro-negro como o verdadeiro título brasileiro.

CND que era presidido pelo vascaíno Manoel Tubino.

Depois, é verdade, na Justiça comum, o Sport teve o reconhecimento do título como seu, mas, lembremos, a CBF, e a Fifa, repelem decisões deste tipo fora da esfera esportiva.

Não se discute, aqui, que o Sport defenda até a morte a legalidade de sua conquista, fique bem sublinhado, embora o legítimo campeão tenha sido mesmo o Flamengo.

Mas o ponto estarrecedor é a nova postura de Aidar, tão falsa como a declaração do presidente do Flamengo, Márcio Braga, ao dizer que seu clube, em situação idêntica, entregaria a taça ao São Paulo.

Porque, embora não possamos provar já que não aconteceu nada parecido, nós sabemos que não entregaria.

Pois são todos tão espertos que acabam comidos pela esperteza e por isso não têm nenhuma credibilidade.

Uma lástima!

PS – Em 1987, testemunha de tudo que cercou a fundação do Clube dos 13 e a organização da Copa União, era o braço direito de Aidar o atual presidente tricolor, Juvenal Juvêncio.

PS 2 – Lembremos que Flamengo e Inter, ao se recusarem a jogar o cruzamento pornográfico proposto pela CBF, apenas cumpriram a decisão tomada por unanimidade pelos integrantes do Clube dos 13.

Tivessem adotado a postura mais fácil e topado disputar o cruzamento, seriam justamente acusados de traição.

A traição que, agora, é perpetrada pelo São Paulo.

PS 3 – A CBF, que havia anunciado não ter dinheiro para bancar o Campeonato Brasileiro de 1987 e voltado atrás depois de ver a expectativa de sucesso da Copa União, confirmada por uma das maiores médias de público de nossa história, mais de 21 mil pagantes por jogo, apenas, como sempre, jogou de bandida, Casa Bandida do Futebol.

httpv://www.youtube.com/watch?v=obuNvEhz2fY&hl=en&fs=1

httpv://www.youtube.com/watch?v=l87vTnPevzU&color1=0xb1b1b1&color2=0xcfcfcf&fs=1

Editorial pessoal

Que o Sport não reconheça o título do Flamengo de 1987 não é apenas compreensível, é obrigatório e óbvio.

Afinal, foi alijado, então, do banquete dos 16 clubes mais populares do país, além dos primeiros do ranking nacional.

É também aceitável que qualquer outro clube que não tenha participado do Clube dos 13 rejeite o pentacampeonato do Flamengo.

O Atlético Paranaense, por exemplo, se estivesse no lugar do São Paulo, teria absoluta razão em se dizer o único pentacampeão.

Mas o São Paulo, não.

Assim como todos os outros 15 clubes que firmaram o acordo de não realizar o cruzamento que a CBF pretendia.

O Flamengo foi, de fato, o campeão brasileiro de 1987.

De fato, não necessariamente de direito.

E o direito, já disse um grande jurista uruguaio, deve ser seguido sempre, a menos que se sobreponha ao justo.

Este blogueiro sempre optou pelo que considerou justo.

Por isso, aos 17 anos, foi ser militante político de grupo clandestino no enfrentamento da ditadura militar que considerava legal apenas a atiidade política nos partidos que consentia, a Arena e o MDB.

Tinha, então, plena consciência de que fazia algo justo, porém ilegal, e não importa aqui discutir no que deu tudo aquilo, embora, pessoalmente não me arrependa e tenha valido uma prisão nos porões do DOI-CODI, aos 21 anos de idade.

Pois guardadas as devidas proporções, a CBF fez com o Clube dos 13 o que a ditadura fez no golpe de 1964, uma arbitrariedade diante de um governo, atrapalhado, mas eleito pelo povo.

É disso que se trata.

De uma questão de princípios.

E não é possível que tanta gente inteligente não se dê conta disso, a menos que esteja apenas polemizando por polemizar.

Pouco importa a taça de bolinhas, afinal.

É público que considero a direção são paulina com mais virtudes que defeitos, razão pela qual só dela esperaria uma atitude que fosse coerente, ética e revelasse grandeza.

Além do mais, uma atitude que revelaria, também, inteligência, porque a distinguiria para sempre neste país de oportunistas, de impunes, do jeitinho e do levar vantagem em tudo.

No fundo, no fundo, azar do São Paulo, que perde uma ótima chance de se mostrar generoso e leal não apenas a um parceiro de empreitada, mas a si mesmo.

Em tempo: a FIFA sempre considerou o Flamengo pentacampeão brasileiro, assim como a CBF. No campo e de direito. Que se parabenize o São Paulo por ter conquistado o penta nacional, justíssimo, 15 anos depois.

E fim da história.

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Notícias Comentadas, Política & Economia

Lula: 80% de aprovação

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

A avaliação positiva do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu para 69% em setembro deste ano, segundo aponta pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta segunda-feira. A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 22 de setembro e ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O índice é o mais alto alcançado pelo petista, além de ser o segundo melhor desempenho de um governo desde que iniciada a pesquisa, em 1982. Somente 8% dos entrevistados avaliaram o governo federal como ruim ou péssimo, enquanto 23% consideraram a condução do governo como “regular”.

Na última edição da pesquisa CNI/Ibope, divulgada em junho, 58% dos entrevistados avaliaram o governo Lula como positivo. Outros 29% consideraram o governo regular, enquanto 12% avaliaram como ruim ou péssimo. Em março de 2003, ano em que Lula foi empossado no cargo, o índice de aprovação ao governo federal foi de 51% –o que foi considerado pela CNI/Ibope como um crescimento considerável para a avaliação do governo federal.

O mais alto patamar registrado por um governo na história da pesquisa foi em 1986, quando o então presidente José Sarney (PMDB), na vigência do Plano Cruzado, obteve 72% de avaliação positiva.

A pesquisa CNI/Ibope mostra ainda que, numa escala de zero a 10, o governo federal recebeu a nota média mais alta desde que passou a ser avaliado pela pesquisa, com 7,4. Em junho, a nota média recebida pelo governo foi de 7,0.

A confiança no presidente Lula também seguiu os demais indicadores, chegando ao segundo patamar mais elevado da pesquisa. No total, 73% dos entrevistados afirmam confiar no presidente, enquanto 23% dizem não confiar em Lula. Outros 4% não opinaram ou não quiseram responder.

Em junho, 68% responderam que confiavam no presidente, contra 29% que responderam de forma negativa ao petista.

Na comparação entre o primeiro e o segundo mandato de Lula, 48% consideram o segundo governo petista melhor que o primeiro. Em junho, esse índice foi de 49%. Outros 39% consideraram em setembro os dois mandatos iguais, enquanto 11% avaliam que o primeiro governo foi melhor que o segundo.

A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 22 de setembro e ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Fonte: Folha Online

Comentário: Lula é um fenômeno de aprovação, para desespero de 95% da mídia e dos intelectuais brasileiros. O país cresce a taxas expressivas, a criação de emprego com carteira assinada bate recorde sob recorde (somente entre janeiro e agosto foram criados 1.151.660 postos de trabalho formais, crescimento de 7,14% em relação ao ano passado), a Petrobrás não pára de descobrir novas bacias energéticas, a inflação que ameaçou disparar já foi controlada e nem mesmo a crise mundial parece abalar a confiança do brasileiro em seu presidente.

Para quem começou colocando “medo” no mercado e na imprensa, em 2002, Lula vai muito bem obrigado. O “governo comunista” que todos temiam transformou-se num ótimo gestor do mundo capitalista, sendo infinitamente melhor sucedido que seus antecessores. E nem as inúmeras crises forçadas e golpismo midiático consideram derrubá-lo. Pelo contrário, só o fortaleceram. Alguém duvida de que o candidato apoiado por ele terá fortes chances de ser eleito? Já foi dada a largada.

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Literatura

Verei Você No Lado Escuro Da Lua

Publicado originalmente em 17 de Agosto de 2006, no Simplicíssimo.

“Breathe, breathe in the air, don’t be afraid to care”.

Poucas coisas no mundo me tocam tanto quanto o Pink Floyd. Bom, eu não quero ser demasiado chato (e tenho que fazer um esforço tremendo para não sê-lo), contudo, creio ser desnecessário fazer aquela introdução básica dizendo quem é a banda. Se você não os conhece, realmente não deves ter estado na Terra nos últimos quarenta anos. Na pior das hipóteses, e ainda que não saiba, os refrães de “Another Brick In The Wall Pt. II” e “Wish You Were Here” devem ser familiares a você. Sim, o Floyd é a banda do “hey, teacher!”, porca miséria!

“Is there anybody out there?”

Perdi a conta de quantas vezes chorei ouvindo, assistindo, lendo, escrevendo e pensando sobre eles. Na verdade, olhando bem para trás, posso dizer que a sua música praticamente me salvou do suicídio. Não a toa que, parafraseando Matrix, não acho nenhum exagero chamar Roger Waters de “meu Jesus Cristo pessoal”. Faz um bom tempo que eu respiro, como, bebo e trabalho com música. Uns cinco ou seis anos. Dezenas de estilos diferentes, centenas e centenas de bandas, milhares e milhares de composições. Nada se assemelha a eles. Não o digo simplesmente no sentido de sua sonoridade ser única, há várias outras bandas que também conseguiram este status.

“I don’t need no arms around me /I don’t need no drugs to calm me/I have seen the writing on the wall/Don’t think I need anything at all/All in all it was all just bricks in the wall”.

A magnitude do “nada se assemelha a eles” é incalculável. O Floyd não toca progressivo, space rock, psicodélico ou qualquer outra coisa semelhante. Eles tocam Pink Floyd. Alcançam o conceito máximo em praticamente todos os pontos imagináveis: técnica, simplicidade, sentimento, letras, arte gráfica, arranjos, harmonia, solos, concepções estéticas, concertos, inovação. E mais: foram os pioneiros em várias coisas. Ensinaram o público a ouvir música, colocaram a indústria sob seu domínio – ditando os rumos da mesma como queriam.

“You lock the door, and throw away the key, there’s someone in my head, but it’s not me”.

Faz pouco mais de um mês que perdemos Syd Barret. Roger Keith Barret foi membro fundador ao lado de Roger Waters e o líder do grupo em seu início. Pintor, compositor, ator, poeta e lunático de carteirinha, foi embebido em LSD que Barret, nos primeiros anos de Floyd, inovou a música e as apresentações ao vivo para sempre, deixando forte influência em seus colegas. O vocalista seria afastado ainda em 68 por abusos de drogas e uma certa predisposição à esquizofrenia, que estava comprometendo os shows do grupo. Syd morreu em sua casa, aos 60 anos, por complicações causadas por diabete. Seu corpo foi cremado em Cambridge, Inglaterra, conforme sua vontade.

“Shine on, you crazy diamond”.

Ingressar no mundo e na atmosfera que obras como “The Piper At The Gates Of Dawn” (o debut totalmente capitaneado por Syd), “Meddle”, “Dark Side Of The Moon”, “Wish You Were Here”, “Animals” e “The Wall” proporcionam é indescritível. A poesia, lucidez, perspicácia e ironia das letras da banda sempre foram reflexo direto de sua sonoridade e experimentos artísticos. Além de inspiração e tema de longas reflexões pelos fãs. Ou floydianos, como queiram.

Impressionante constatar como gerações e mais gerações se sucedem, sempre descobrindo o som da banda, apaixonando-se, se interessando e dando continuidade ao legado. O maior prazer de um artista deve ser observar este carinho, respeito e admiração nunca se extinguir, mas, pelo contrário, atingir a imortalidade indestrutível.

“Us, and them, and after all we’re only ordinary men”.

Grande parte das coisas que faço está impregnada de sua influência. Há desde toques subjetivos até os mais explícitos. Nenhum outro grupo exerce poder e atração tão grande sobre mim. Nenhuma outra banda me inspira tanto respeito. Waters, em especial, sempre definiu com maestria os sentimentos, anseios, aflições e conflitos do ser humano, além de possuir um tino crítico apuradíssimo (dotado de intensa e gostosa ironia). O considero, sem dúvida, como um dos melhores escritores da segunda metade do século XX. Ele, George Orwell e Hermann Hesse são três das pessoas as quais me senti mais próximo ao longo da vida. Aquela simbiose rara, de perfeita cumplicidade, afeto e compreensão.

“Over the mountain watching the watcher/(…)/Knowledge of love is knowledge of shadow/(…)/Set the controls for the heart of the sun”.

Se eu fosse descrever, não o faria tão bem. Mesmos minhas interpretações póstumas não seriam tão belas e sucintas. É claro que o significado de determinado escrito sempre acaba sendo dado por quem o interpreta, por quem se relaciona com ele. E os adaptamos a certo momento, aquilo que nós queríamos que significasse.

“And you run and you run, to catch up with the sun, but it’s sinking”.

Deve ser um pouco dessa coisa paterna. Waters perdeu o pai aos quatro meses de idade, morto na Segunda Guerra Mundial. Eu, praticamente, nunca tive. Ele, ainda, sofreu com a superproteção materna. E tinha que se criar naquela Inglaterra odienta e hipócrita do pós-guerra.

“Mama’s gonna make all of your nightmares come true/Mama’s gonna put all of her fears into you”.

Família é sempre a mesma coisa. “Todas as famílias felizes são iguais. Cada família infeliz é infeliz à sua própria maneira”, disse Tolstoi. Alguém discorda? Tenho sempre a mesma sensação. Um pouco alucinógena, explosiva, insegura, descrente…

“One of these days, i’m going to cut you into little pieces”.

Quando se passa por muitas desgraças, você espera qualquer coisa. Quando se vive no limite, tudo toma outro contorno. E não há como compreender. Ou você é meu cúmplice, ou não é. Pode mandar a cavalaria, eu agüento.

“You have to be trusted by the people that you lie to/So that when they turn their backs on you/You’ll get the chance to put the knife in”.

Então, corra coelhinho, corra. É onde vivemos. Que deus você quer servir? Faça troça de tudo. Banque o espertalhão. Assuma a personalidade que melhor lhe convir. Jure lealdade à sua própria ignorância.

“O.K.,just a little pin prick/There’ll be no more aaaaaaaah!/But you may feel a little sick”.


“The Wall”, em especial. A trilha sonora de minha vida. Uma das peças mais fortes e ácidas que conheço. Profética, eu diria. Este texto, obviamente, está recheado de citações de várias músicas do Floyd. Mantive o idioma original para não ferir o ritmo, a harmonia e a construção das idéias. É incrível. Há dezenas de outras composições que merecem serem citadas. E é um eterno prazer descobrir suas múltiplas aplicações. Apenas mais um tributo. Desnecessário. Grato, recolho-me. Por hora. 


“And everything under the sun is in tune, but the sun is eclipsed by the moon”.

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Filmes

Lords Of Dogtown

Os Reis de Dogtown – Catherine Hardwicke – 2005 – ***1/2

História real de Stacy Peralta, Tony Alva e Jay Adams, os três principais nomes dos Z-Boys, equipe de skate que revolucionou o esporte e definiu as bases para o que é hoje. Bem filmado, fugindo do esquema “puramente ação” que se poderia esperar. Heath Ledger prova que, mesmo num papel menor, é um dos maiores atores da sua geração, extremamente talentoso e convincente. Melhor que o esperado.

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Filmes

Superbad

Superbad – 2007 – Greg Mottola – ***

Dentre os inúmeros filmes para adolescentes já feitos, Superbad consegue ficar um degrau acima da mediocridade. O trio principal funciona e os dois policiais talvez sejam o melhor da película. Vale um aluguel descompromissado.

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Filmes

Mandando Bala

Shoot Em Up – 2007 – Michael Davis – *

Eu já esperava que “Mandando Bala” fosse ruim. Mesmo considerando isso, o filme conseguiu atingir um nível de “ridicularidade” surpreendente. Fake ao extremo, forçadíssimo e patético em alguns momentos, lembra um videogame, fazendo alusão ao seu título, do gênero “beat em’ up”, onde você percorria cenários com o único objetivo de destruir as dezenas de inimigos que surgiam na tela ao mesmo tempo (Streets Of Rage, etc).

Quiseram fazer um filme de ação…mas produziram uma comédia.

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