Artigos/Matérias/Opinião

Duas tragédias, duas medidas

Perguntar não ofende: cade a comoção nacional? A mobilização ferrenha de entidades do terceiro setor, das diferentes esferas governamentais e da população? Porque não vejo campanhas de doação a cada esquina?

Porque, quando a enchente atingiu Santa Catarina em 2008, o país literalmente parou para ajudar e agora, quando TODO o norte e nordeste do Brasil está literalmente debaixo d’água, muito pouco se faz? Porque quando uma enchente atinge uma extensão territorial e uma população infinitamente maior a reação é tão tímida em comparação com o que ocorreu com SC ano passado?

Seria porque o sul é uma região econômica vista com “muito mais carinho”, pra dizer o mínimo? Está mais perto do Sudeste e o Nordeste, afinal, passa por desgraças todos os anos…seria?

Não, não. Deve ser outra coisa…

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Esportes

Os campeões e os dilemas dos estaduais

Todo ano é a mesma coisa. Lugar-comum, aliás, é o que sustenta a imensa maioria dos jornalistas que vivem dos comentários fáceis e óbvios do futebol. Alguns, poucos, se salvam. E a estes todo o reconhecimento. Mas início de temporada é sempre igual: os estaduais são esculachados, reduzidos, menosprezados.

Não são parâmetro para nada. Os campeões não podem se iludir achando que a conquista significa um time forte para outras competições. É o título menos importante. O oba oba que termina no dia seguinte. A torcida não comparece. Etc, etc, etc. É óbvio que nenhum clube sério, em nenhuma época e em nenhum ano, no passado ou futuro, pode considerar a conquista de um estadual como resumo do planejamento para a temporada inteira e sinal de que a equipe está pronta. Qualquer ser pensante percebe isto.

Defende-se a extinção definitiva dos estaduais e a retomada de torneios regionais: SP e RJ, Sul-Minas, Norte, Nordeste e Centro Oeste. Faz sentido? Faz. A medida criaria campeonatos mais consistentes, disputados e atrativos? Sim. Fim da questão? Não.

A criatividade das federações é admirável. Já seguiram nas seguintes investidas: Copa Norte, Torneio Rio-São Paulo, Copa Sul-Minas, Copa Centro-Oeste, Copa Sul, Copa do Nordeste, Torneio Norte-Nordeste, Copa dos Campeões. Alguns tradicionalíssimos, como o Rio-São Paulo, que teve a primeira edição em 1933, outra em 1940, se fortaleceu e foi constante nas décadas de 50 e 60 para depois ser extinto e só voltar  em edições nas décadas de 90 e 2000.

Outros, a maioria, teve duas ou três edições e nunca mais existiram.

Enquanto isto, os estaduais, que surgiram nos primeiros anos dos século XX, são disputados até hoje. O carioca, o paulista e o baiano são os torneios mais antigos do país. E foram realizados em praticamente todos os anos de 1902 até a atualidade, no caso do paulista, e de 1905 e 1906 no caso do baiano e carioca, respectivamente. Ou seja: são mais de 100 anos de história e tradição.

Eis o primeiro ponto: você não destrói um torneio centenário do dia pra noite. Possuem força e importância próprias, difíceis de mensurar. Mas não é o único motivo pelo qual permanecem. Nada contra quebrar uma tradição se ela é caduca e já não contribui para nada. Não parece ser o caso.

É claro que os campeonatos carioca e paulista possuem maior valor por contar com 4 times grandes na competição e serem mais importantes e equilibrados. Ao contrário do gaúcho e mineiro, que só possuem 2 times relevantes e ainda permitem a aberração de uma equipe ganhar 10 campeonatos seguidos (como o América-MG na virada das décadas de 10 e 20, ou os quase 12 títulos seguidos do Grêmio entre 56 e 68). Em SP e RJ jamais um time venceu mais de 3 anos consecutivos.

Além de todo este peso histórico há duas coisas básicas a se considerar. Primeiro: entre os  5 maiores países do mundo, o Brasil é o único onde o futebol tem a magnitude que possui. Assim sendo, não há como estabelecer comparações com outros casos e exemplos. Na Europa, cada país tem o seu campeonato nacional e as suas copas (Copa da Itália, da Inglaterra, etc). Onde a nossa Copa do Brasil provavelmente se inspirou. Sem contar que, ao contrário dos principais países do mundo do futebol (Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha), onde existem no máximo 4 times grandes por país, ou geralmente dois principais, e uma série de outros médios para baixo, no Brasil existem 12 times considerados grandes. Uma faixa intermediária e depois o resto (*confira como eu faço esta classificação no final deste post).

Segundo, quem defende a retomada dos regionais e o fim dos campeonatos de cada estado parece esquecer a existência das centenas de clubes Brasil afora. O estadual é fundamental para a sobrevivência de 90% dos times do Brasil. Que tem uma competição relevante para disputar, aparecem na mídia, conquistam vagas na Copa do Brasil e nas séries inferiores do campeonato brasileiro e onde, também, aparecem jogadores que os times considerados grandes vão buscar. Para eles, existem poucas competições além destas.

O critério dos participantes destas copas regionais sem dúvida seria no mínimo polêmico. Quantos clubes de cada estado? Quem teria direito? Como equacionar o que seria justo para cada estado com o número de participantes, etc? Questões que podem ser solucionadas de diversas maneiras, todas insuficientes.

Se levantamento do UOL demonstrou que quase metade dos campeões estaduais ao longo dos anos foram extintos, isso se deve – muito – em função do amadorismo das décadas passadas, de times que trocaram de nome e outros pontos. Somente no Distrito Federal e no Espírito Santo, que contribuem com 17 e 13 campeões “extintos”, segundo o levantamento, o amadorismo consumiu com a maioria. Mas o estudo também possui erros. Só no ES, pelo menos 2 clubes listados como extintos pelo UOL ainda existem, com o mesmo nome e inclusive disputam o campeonato deste ano.

Considerando tudo isto é notável que apesar das imperfeições e das críticas que recebem, muitas justas, os estaduais tem importância e representação imprescindíveis para o futebol brasileiro. De história, de títulos, de logística dos outros campeonatos que afeta, da sobrevivência financeira de muitas equipes, da peculiaridade das particularidades regionais tão fortes num país desta extensão e da própria contribuição econômica para a máquina do futebol brasileiro num todo.

Longe das simplificações, os campeonatos estaduais se impõe por conta própria.

*Da classificação de times grandes, médios e pequenos.

Assunto polêmico pelo bairrismo exaltado que sempre desperta. Contudo…considero justo a divisão levando em conta os seguintes fatores: história, títulos, torcida, relevância e situação atual. Exemplo: Bahia, que possue torcida fanática e já foi campeão brasileiro atualmente encontra-se em fase de penúria, apesar de ter subido para a série B. Mesmo caso de Remo e Paysandu e por aí afora. Óbvio que número de títulos nacionais e títulos sul-americanos e internacionais também são distinções importantes.

Assim sendo…

Times grandes: Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Cruzeiro, Atlético – MG, Internacional e Grêmio.

Times médios: Atlético – PR, Coritiba, Juventude, Portuguesa, Ponte Preta, Guarani, Sport, Vitória, Goiás, São Caetano, Figueirense, Avaí e Santo André (os 4 últimos pela última década e este ano).

Times pequenos pra baixo: o resto.

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Ciência & Saúde

Sobre a obesidade

Considerada uma epidemia mundial e doença símbolo da atualidade (há algum tempo), a obesidade, para fazer uma comparação ridícula, é muito mais complexa que boa parte das correntes filosóficas. Ou seja: não dá para resumir ou simplificar a sua incidência, causas e tratamento.

Ela envolve nutrição, química, fisiologia, biogenética e um sem número de áreas médicas complicadas, quase impossíveis de se resumir aos leigos, como eu. Mesmo posta esta dificuldade, creio que li e assisti material suficiente para escrever este textículo. Além de ter mãe formada em Educação Física. Portanto uma profissional da área.

Uma má notícia básica: não existe milagre. Não há, atualmente, nenhum remédio que tenha eficácia comprovada no combate ao excesso de peso. Inibidores de apetite, “queimadores de gordura”, coisas como Xanax, Carnitina e toda esta gama de enganações não servem, em última instância, para nada. A não ser para causar efeitos colaterais terríveis. Traduzindo: se você quer emagrecer, o único caminho recomendável é uma alimentação balanceada e exercícios físicos. A vida toda. Durante toda a sua existência. Não adianta seguir certo programa durante um tempo determinado e depois voltar ao que era antes.

A obesidade tem grandes influências genéticas que até hoje não são conhecidas com profundidade. Mas é fato que os genes influenciam diretamente na propensão à obesidade, na absorção de gordura, etc. Discute-se quem é o vilão: se os lipídios, se os açucares, se os carboidratos e por aí fora. Como dito por especialistas, o carboidrato na verdade é que inicia o processo de transformação em gordura. O problema é que o carboidrato é a base da alimentação humana: arroz, massas, farinha, batata, raízes (mandioca), etc. Todos os produtos de padaria. Sem falar nos açucares, presentes em diversos produtos (de refrigerantes a bolos). Há, ainda, os diversos tipos de gordura: animal e as industrializadas, como a trans (vegetal). Sem falar em diversas outras substâncias (conservantes, realçadores de sabor, corantes, etc), presentes em quase todos os produtos que consumimos…daquele iogurte que parece inofensivo mas na verdade é um amontoado de substâncias nefastas reunidas até todos os lixos industrializados que 90% da população adora.

Não sabemos sequer o que estas substâncias podem causar em termos de doenças e reações. O ser humano é, literalmente, uma cobaia em tempo real.

Sobretudo, a extrema dificuldade de quem é obeso tem em manter o peso que perdeu é o que mais assusta. A wikipedia simplifica dizendo que “entre oitenta e cinco e noventa e cinco por cento, daqueles que perdem 10% ou mais de sua massa corporal, recuperam todo o peso perdido em dois a cinco anos. O corpo tem sistemas que mantêm sua homeostase em certos pontos fixos, incluindo peso.”

E lista homeostase como “a propriedade de um sistema aberto, seres vivos especialmente, de regular o seu ambiente interno de modo a manter uma condição estável, mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico controlados por mecanismos de regulação interrelacionados (…) Sistemas complexos, como por exemplo o corpo humano, precisam de homeostase para manter a estabilidade e sobreviver. Mais do que apenas sobreviver, estes sistemas devem ter a capacidade de se adaptar ao seu ambiente externo.”

Não é preciso desconfiar das fontes às vezes duvidosas da Wikipedia. O trecho que mais chama atenção é aquele que afirma que 95% das pessoas que perdem mais de 10% da sua massa corporal recuperam TUDO em no máximo 5 anos. Dizendo que a homeostase do organismo trabalha, de alguma forma complexa e desconhecida (ou mal explicada), para retornar aos níveis de anteriormente. Adoraria, aqui, que um especialista pudesse acrescentar suas considerações sobre este ponto, que me parece ser o central de toda a questão. É assustador.

O indíce não é de 20 ou 30%, mas 95%. O que é totalmente fatalista, inescapável e já comprovado. Gira realmente em torno disto. O que me leva a crer que há algo muito forte e determinante para além de qualquer esforço individual e condições específicas de cada pessoa em tentar manter o corpo que conquistou. É como se o obeso estivesse condenado à obesidade para o resto da vida.

Todo mundo tem aquele amigo magrinho que come a vontade, de tudo, sem se preocupar com nada e que nunca sequer esboçou qualquer vontade de praticar atividade física. Mesmo assim, nada altera sua massa corpórea. Ao passo que existem pessoas que engordam com extrema facilidade, mesmo que sigam uma dieta controlada. Infelizmente, a medicina parece que não evoluiu o suficiente para explicar estes casos com riqueza de detalhes.

As complicações que a obesidade traz (além de poder causar a morte por si só, em casos extremos), acarreta doenças cardiovasculares, diabetes e um sem número de outros pontos. Sem falar no aspecto emocional e psicológico, fundamental. Fato é que nossa sociedade também trouxe um desenvolvimento burro, criando alimentos hiper calóricos e baratos, vendendo-os em larga escala. Base do capitalismo e da nossa lógica de consumo. Quase tudo que temos a disposição na prateleira dos supermercados é lixo puro e simples. Basta ler a lista de ingredientes de cada produto para se ter uma breve noção do que estamos ingerindo. Sem esquecer da suficientemente analisada cultura anoréxica e de culto a formas longe da realidade.

A encruzilhada social, científica e econômica que a obesidade traz, como dito no início deste texto, é imensamente mais complexa do que pode parecer.

Recomendo os artigos básicos do ABC da Saúde, Wikipedia e principalmente um programa com 50 minutos de duração, disponível no Google Vídeos. Um debate de especialistas que dão um ótimo panorama da situação. Espero agregar este texto com mais informações úteis e novas pesquisas no futuro.

Para realmente saber mais

Obesidade na Wikipedia em inglês (artigo muito mais completo)

The Obesity Society

Obesidade e síndrome metabólica na infância e adolescência

Debate Internacional: nova droga contra a obesidade

Obesidade, síndrome metabólica e atividade física

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Esportes

A polêmica da unificação dos títulos brasileiros

Foto: Gazeta Press/IG Esporte

A discussão é antiga. Tanto quanto a época dos títulos a que se referem. Mas a verdade é que há anos diversos clubes lutam para que torneios e competições disputadas antes de 1971 (quando foi instituído o “campeonato brasileiro”), sejam reconhecidas como títulos legítimos de campeões do país. Os argumentos contra vão desde o número de jogos disputados (chegando ao absurdo de apenas 4 em alguns casos), os adversários e as fórmulas de disputa (mata-mata), etc.

No entanto, acho válido. É justo reconhecer estes títulos como de campeões brasileiros, pois era a forma como estes campeonatos eram tratados na época, pela imprensa, público, os clubes, enfim. Desta forma, Palmeiras e Santos seriam 8 vezes campeões brasileiros. E o Santos o primeiro pentacampeão seguido, de 1961 a 1965. E Bahia, Cruzeiro, Botafogo e Fluminense seriam bicampeões.

Veja a lista:

Taça Brasil

1959 – Bahia
1960 – Palmeiras
1961 – Santos
1962 – Santos
1963 – Santos
1964 – Santos
1965 – Santos
1966 – Cruzeiro
1967 – Palmeiras
1968 – Botafogo

Torneio Roberto Gomes Pedrosa

1967 – Palmeiras
1968 – Santos
1969 – Palmeiras

1970 – Fluminense

Acho importante que num país onde história é considerada um “luxo” muitas vezes esquecido, que os títulos sejam reconhecidos. Não vale o argumento de que, por terem nomes diferentes, estes torneios não eram “campeonatos nacionais”. O próprio campeonato brasileiro já foi chamado de Copa União e Copa João Havelange, em 87 e 2000, em situações e regulamentos peculiares que causam polêmica até hoje.

Você pode ver o dossiê completo aqui. Contudo, ainda que muitas questões sejam altamente discutíveis, caberia somente a imprensa considerar os campeonatos, com seus respectivos nomes, no histórico dos clubes. Independente do que aconteça ou do que a CBF considera ou não, a validade das conquistas é inegável.

Fontes: Justiça Desportiva e IG Esporte.

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Jornalismo

Revistas: Blender e SET chegam ao fim

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Na última semana duas revistas “tradicionais” chegaram ao fim. Nos EUA, a Blender, mesmo com tiragem em torno de 1 milhão de exemplares (segundo consta), acabou. A revista, fundada em 94, era querida pelo público de cultura pop, muito elogiada por bons jornalistas, coisa e tal. O site continua no ar e deve permanecer. O grupo que a publica resolveu continuar apenas com a Maxim, revista masculina (de onde a VIP se inspirou). Maxim que inclusive passou a circular em edição nacional recentemente.

No Brasil, os boatos que davam conta do fim da SET se confirmaram. A revista, fundada em 1987, iria fazer 22 anos. Sem dúvida foi a mais importante e influente revista de cinema por aqui. Foi casa de gente competente, apesar de ter caído nos últimos anos. Pessoalmente, só acompanhei de fato a SET entre os anos de 98 e 99. De lá pra cá, li uma ou outra edição esporádica. A notícia foi publicada primeiramente no Omelete (e retirada do ar), depois confirmada pelo Pablo Villaça em seu blog. O blog do seu editor, Roberto Sadóvski, traz os detalhes da última edição, de abril, já pronta (mas que na verdade não se sabe se chegará as bancas). A equipe busca agora uma nova empresa que possa se interessar por sua publicação. Ano passado, a Companhia Brasileira de Multimídia (dona da editora Peixes e também do jornal Gazeta Mercantil), já tinha fechado cinco revistas: Terra, Dom, SKT, Speak Up e Habla!.

Não é de se espantar, claro. Se lá fora revistas com muito mais vigor (econômico, etc), estão chegando ao fim, é natural (e esperado) que muitas revistas brasileiras comecem a acabar. O quadro não é novo. Muitas publicações de qualidade, como Bizz, Zero, Paisá, Play, dentre outras, não tiveram muita sorte.

Apesar de todas as análises previsíveis sobre o jornalismo impresso que explodem por todo lugar (derrocada, falência, internet, bla bla bla), ainda sou otimista. Mesmo com jornais e revistas fechando em todo o mundo, acho que a coisa não é tão apocalíptica assim. A circulação de jornais no Brasil, por exemplo, cresceu 5% em 2008. Surpreso? Em 2007 o aumento foi 11,8% e em 2006 de 6,5%.

Sou fanático por impresso. Me formei lendo revistas, livros e jornais, todos em papel (claro). Não é só o charme, a melhor condição de leitura, a diagramação bem feita, a informação de qualidade…o suporte em papel tem características e atrativos que nenhum avanço tecnológico/mudança midiática pode suprir,ou se equiparar. Muito mal comparando, é como se, no futuro, pudéssemos ter, em holograma, na sala de casa, um show em tempo real com excelente qualidade de som, etc.

Nada substitui a experiência prática. O cheiro, o tato, a portabilidade, etc. Antes de ser papo nostálgico, desconfio que há um número considerável de pessoas (velhas e novas) que sentem o mesmo. Desconfio dessa história de que daqui a 10 anos todas as publicações impressas terão acabado (ou 90% delas). Previsões costumam estar erradas na imensa maioria dos casos.

Há 5 anos atrás não imaginavámos 1 milésimo do que iria ocorrer. Somos pretensiosos demais. Let it roll.

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Esportes

Aqui se faz…

Capa do diário Olé: "eu me equivoquei e paguei"

A goleada sofrida pela Argentina, ontem, por 6 x 1 para a Bolívia, nos quase 4.000 metros de La Paz, pode servir para muitas coisas. Primeiro, seria simplista resumir o vexame histórico dos hermanos somente a altitude. Times brasileiros constantemente jogam em cidades problemáticas (no Peru, Equador e Bolívia) e costumam sofrer muito, obtendo vitórias (difíceis), empates e derrotas. É desumano, para um atleta, disputar competições a nível profissional na altitude. E pesquisas científicas indicam incansavelmente os riscos da “brincadeira”.

httpv://www.youtube.com/watch?v=RELJHhAfYxw

A FIFA, após proibir jogos acima de 2.500 metros, sucumbiu ao lobby e pressão dos países latino-americanos, voltando atrás. Maradona, ironia, foi um dos “garoto-propaganda” desse revés, organizando uma pelada amistosa com o presidente boliviano, Evo Moralez. Don Diego alevaga que “não tinha problema nenhum jogar na altitude”.

Zanetti, um dos principais jogadores argentinos, afirmou antes da partida que a equipe “não deveria ter muitos problemas” para jogar em La Paz. Que estavam prontos, confiantes e iam atuar “com inteligência”. Depois do desastre, a opinião da equipe é um pouco diferente.

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É claro que a Bolívia sempre usou a altitude para compensar sua falta de qualidade. Há décadas que os times sul-americanos sobem a serra de La Paz. O vexame argentino tem muitos outros componentes. Maradona terá tempo suficiente para refletir…

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