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A crítica covarde

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A internet tem um lado ruim. Aliás, vários. A crítica covarde, gratuita, ofensiva e “dona da verdade” que muitas pessoas, com a sensação de “anonimato”, se atrevem a fazer. A crítica sem rosto, sem nome. Seja nos comentários de blogs/sites ou nas redes de relacionamento, a facilidade com que é possível ocultar nomes, identidades, etc, estimula a observação covarde. O ataque pessoal. A chance de “aparecer” para os “coleguinhas” de fórum como um “expert”, “mais inteligente”, mais esperto, irônico, etc.

Coisa típica de adolescentes clamando por atenção – independente da idade. Sem a capacidade de produzir seus próprios textos, sem a coragem de se expor, de lançar o seu trabalho publicamente, a oportunidade de atacar quem quer que seja é irresistível. Um texto que não gostou, uma opinião que discorda. É extremamente fácil, sob um nome falso e um avatar sem rosto, dizer o que se bem entende. Impressiona, também, a quantidade de “mestres” que pipocam em fóruns internet afora. Adoram “corrigir” o autor do texto e clamar para si a “verdade absoluta”.

Dialética é palavra desconhecida. Respeito também. Argumentos válidos, construtivos e sem ataques gratuitos, idem. É tão previsível imaginar o que cada acéfalo pode deduzir a partir de um texto como esse, por exemplo, que chega a ser cômico. “Isto é coisa de quem não aceita crítica”, “não passa de desculpa de um escriba arrogante e limitado”, etc.

Até parece que quem escreve costuma não ter a mínima consciência de que não é infalível. De que muita bobagem é dita. De que seu texto tem lacunas, problemas, etc. Piada.

Sinceramente, não tenho como respeitar ninguém que se acha no direito de espinafrar gratuitamente um trabalho e não tem sequer rosto. Se a tecnologia e as comunidades trazem uma série de benefícios, também abrem espaço para um sem número de imbecis postarem o que bem quiserem. Iludidos com o anonimato, diga-se. Anonimato este longe da realidade – tudo na web deixa rastro, e é possível saber não só o IP da pessoa (sua localização), como o sistema operacional que usa, a resolução do monitor, a configuração completa da máquina, etc, etc, etc. Ou seja…

Discussão é coisa séria. Não dá pra considerar ninguém que não sabe sequer se expressar com respeito. Na vida “real” ou “online”, as regras de convivência e bom senso são as mesmas. Fora disso não há “opinião”. Não há “diálogo”. Resta somente uma massa de agressões que não interessa e não serve a ninguém.

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A eterna contagem regressiva para o fim do mundo

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Aquecimento global. El niño. La niña. Tsunami. Furacão Katrina. Desastres climáticos e ambientais cada vez mais frequentes em todas as partes do mundo. 11 de setembro de 2001. Guerra do Iraque. Presidente estadunidense negro e com nome muçulmano eleito. Coréia do Norte. Previsões de Nostradamus para 2012. Maior crise econômica dos últimos 80 anos em 2008. Conflitos em Israel. Irã.  Gripe aviária. Doenças contagiosas letais desconhecidas surgindo. Planos de uma moeda unificada para todos os países. A iminente volta de Jesus para os cristãos (…)

O apocalipse está aí, certo? Fato é que o “fim do mundo” fascina os seres humanos desde que passamos a existir na Terra. Parece um pensamento óbvio e natural imaginar que, se existiu um início – seja ele qual for – deve haver um fim. Nossa imaginação sempre tratou de anunciar o desastre último em diferentes épocas do tempo. No século XXI – ou por qualquer outro calendário que você siga – após a piada do “bug do milênio”, tudo parece se agravar por aquilo que nós mesmos inflingimos ao planeta. A imensa maioria dos desastres, desgraças, guerras, etc, foram criadas e alimentadas por nós, alcançando, claramente, seu ápice nos dias de hoje. E a tendência é piorar. Ou não.

A história dá mostras incríveis do quanto o ser humano é capaz de se superar e reconstruir, não importa o que aconteça. De fato, o quanto conseguimos sobreviver e renascer, sob as condições mais extremas possíveis, é surpreendente.

Quando se fala em “fim do mundo” cada religião (crença, seita, tendência, etc) tem a sua versão. Há muitas hipóteses para o apocalipse. Nenhuma muito agradável.

Já se disse várias vezes que nós enxergamos aquilo que queremos ver. Ou seja, para quem acredita piamente nesta possibilidade, os fatos demonstrados no primeiro parágrafo desse texto são provas inequívocas de que o fim está por vir.

Independente de qualquer plano além terra (e mar), outro ditado popular sabiamente diz que colhemos o que plantamos. E basta olhar ao redor para ver os frutos que o nosso “estilo de vida” tem causado no mundo. Nenhum planeta aguentaria tanto abuso.

Parece-me um consenso dizer que o ser humano é a raça mais perniciosa, degradante, estúpida e destrutiva da natureza. Para o planeta, nós devemos ser um visitante tremendamente inconveniente. Ao mesmo tempo em que criamos tantas maravilhas e desenvolvemos coisas que eram impensáveis há pouco tempo atrás. Como a nanotecnologia, que promete resolver “magicamente” muitos dos problemas que criamos, além de esticar nossa expectativa de vida. Em suma, fazer milagres. Brincadeira perigosa.

A ciência prova que a “Terra” já passou por outros desastres globais no passado e que pode se reconstruir novamente, seja lá o que aconteça. Se nós vamos estar aqui ou não, é “detalhe”.

Independente de tudo, soa óbvio que estamos cavando a própria cova. Você decide ou não se concorda com Jim Morrison. (Ou se faz alguma coisa para evitar).

It`s the end, my friend.

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Esportes

Flamengo é campeão da Liga Sul Americana de basquete

Jogadores celebram o título inédito

Crédito da imagem: Pasión & Deporte

Após amargar o vice-campeonato em 2008, o Flamengo foi arrasador na final-four da Liga Sul Americana de basquete em 2009, conquistada ontem (12/03) em vitória épica contra o Quimsa, na Argentina. A equipe, liderada – novamente – por Marcelinho, com 41 pontos no jogo (!!!) venceu por 98 a 96. A campanha nos playoffs finais foi irrepreensível: 92 a 72 no Regatas Corrientes na Argentina (adversário da final do ano passado) e 115 x 82 no Cúcuta em casa.

Confira a cobertura completa do jogo (com todos os detalhes e estatísticas) no Pasión Y Deporte, aqui e aqui.

O título, inédito, é o mais importante da história do clube, que traz de volta para o Brasil o título do torneio após três anos em mãos argentinas. O Flamengo se junta ao Vasco e ao Uberlândia como únicos campeões brasileiros da Liga.

Dando o sangue pelo clube (e chegando ao absurdo de pagar passagens do próprio bolso) a equipe corre sério risco de desmanche caso uma solução financeira não seja encontrada logo. Numa tentativa, o Flamengo acaba de lançar campanha para vender camisas oficiais do basquete a R$ 39,90, dando direito a desconto nos ingressos dos jogos. Quem comprar paga R$ 5 ao invés de R$ 20. Para que os salários sejam pagos em dia é necessário vender 12 mil camisas. Bonita, a peça tem grandes possibilidades de dar fôlego para o clube – mas não deve ser, nem de longe, a única solução. Tomar vergonha na cara seria o primeiro passo.

Aliás, a barca que promete sair do time de futebol (quase todos os jogadores importantes), como Ibson, Kléberson, Jonatas, Juan, Leonardo Moura, Josiel e Bruno – quem sobra? – poderia abrir espaço para pagar os salários de quem anda fazendo muito por merecer. Segundo o clube, toda a prestação de contas da venda das camisas estará disponível para consulta dos torcedores no site do Flamengo e hot site do Flabasquete. Confira outras notícias sobre o basquete do Flamengo no Delicious.

Que estes guerreiros tenham o tratamento que merecem!

FLAMENGO CAMPEÃO INVICTO DA LIGA SUL AMERICANA DE BASQUETE 2009!

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Aborto no Recife, estupidez, estado laico e Monty Python

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O bispo, curtindo seu momento de “worldwide faith star”

Neste momento, tudo que ronda o assunto da garota de 9 anos vítima de estupro no Recife já deve ser de conhecimento geral. Organizei vários links, da imprensa, de blogs, de “abortistas” (tsc) e “contra-abortistas” (tsc) e até do Reinaldo Azevedo, no Delicious. Tá tudo lá.

É o tipo de assunto que chega a deprimir pela tamanha estupidez expressa em toda parte. Minha posição é clara: pra mim, estupro é crime hediondo e deveria ser punido, no mínimo, com a prisão perpétua. Em caso de abuso infantil, pior ainda.

A menina, vítima dum ato inominável, parece ser o que menos preocupa imprensa, bispo e a maioria dos envolvidos no caso. Toda esta galhofa armada pela igreja me faz pensar o quanto um país não-laico é atrasado pela influência direta da religião na política. Seja o Brasil, seja os Estados Unidos. Ao lado da corrupção – e em muitos níveis as duas coisas estão mais que intimamente ligadas – considero esta a pior praga para uma nação.

O fato de doutrinas e “leis” (!?!?) religiosas interferirem diretamente na política (legislativo, executivo e judiciário) é, historicamente, um dos maiores motivos do atraso e da desgraça do mundo.

A Igreja Católica, com toda sua prepotência, ignora sumariamente a possibilidade mais que concreta de morte da menina em caso de levar a gestação adiante. Coisa que me parece de uma estupidez e absurdo sem tamanho. A lei brasileira permite, a operação foi bem realizada, a vida da menina foi salva. Que assim seja.  Isto é o que importa. Fim de papo.

Em última instância, e para quem defende o sexo apenas para procriação, todo esperma “desperdiçado” é um assassinato em potencial. Santa ignorância.

O que, claro, me leva a lembrar de um dos melhores esquetes do grupo inglês Monty Python, em “O Sentido da Vida”. Extremamente adequado, com o perdão do humor, para tudo que se criou em cima. Se você conseguir compreender a letra em inglês (abaixo) fica muito, muito melhor:

httpv://www.youtube.com/watch?v=U0kJHQpvgB8

DAD:
There are Jews in the world.
There are Buddhists.
There are Hindus and Mormons, and then
There are those that follow Mohammed, but
I’ve never been one of them.

I’m a Roman Catholic,
And have been since before I was born,
And the one thing they say about Catholics is:
They’ll take you as soon as you’re warm.

You don’t have to be a six-footer.
You don’t have to have a great brain.
You don’t have to have any clothes on. You’re
A Catholic the moment Dad came,

Because

Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

CHILDREN:
Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

GIRL:
Let the heathen spill theirs
On the dusty ground.
God shall make them pay for
Each sperm that can’t be found.

CHILDREN:
Every sperm is wanted.
Every sperm is good.
Every sperm is needed
In your neighbourhood.

MUM:
Hindu, Taoist, Mormon,
Spill theirs just anywhere,
But God loves those who treat their
Semen with more care.

MEN:
Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
WOMEN:
If a sperm is wasted,…
CHILDREN:
…God get quite irate.

PRIEST:
Every sperm is sacred.
BRIDE and GROOM:
Every sperm is good.
NANNIES:
Every sperm is needed…
CARDINALS:
…In your neighbourhood!

CHILDREN:
Every sperm is useful.
Every sperm is fine.
FUNERAL CORTEGE:
God needs everybody’s.
MOURNER #1:
Mine!
MOURNER #2:
And mine!
CORPSE:
And mine!

NUN:
Let the Pagan spill theirs
O’er mountain, hill, and plain.
HOLY STATUES:
God shall strike them down for
Each sperm that’s spilt in vain.

EVERYONE:
Every sperm is sacred.
Every sperm is good.
Every sperm is needed
In your neighbourhood.

Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite iraaaaaate!

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O lucro recorde da Petrobras (e quem o sustenta)

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Não é de espantar que, num ano em que tivemos a pior crise mundial dos últimos 80 anos e o preço do barril de petróleo caiu de U$$ 140 para U$$ 37 a Petrobrás tenha registrado lucro recorde de 33 bilhões de reais?

Melhor que fazer suposições é recorrer diretamente à fonte do link citado, deixando o próprio Almir Barbosa (diretor financeiro da empresa) assumir. Segundo ele:

“Esse lucro representa um aumento de 53% em relação ao ano passado.  O resultado veio a partir da produção e do aumento dos preços”.

É claro que as descobertas do pré-sal em 2008 representaram um incremento no valor das ações da companhia. Embora estando em profundidades abissais (de até 8.000 km abaixo do nível do mar) e portanto de extração extremamente cara (e complicada), o pré-sal pode conter, numa estimativa razoável, mais de 100 bilhões de barris, o que colocaria o Brasil entre os 10 maiores produtores mundiais. Entenda tudo sobre o pré-sal neste link.

A Petrobras também atingiu o recorde de 2.012.654 barris por dia, superando em 12 mil a marca anterior.

Os dados divulgados entregam que “os reajustes de 10% e 15% nos preços da gasolina e do diesel, em maio do ano passado, levaram o preço médio de realização dos derivados a aumentar 13%.”

Ou seja, o preço dos derivados tiveram aumento de 15% em maio, sob o valor já alto cobrado. E mesmo após a crise e a queda brusca do barril de petróleo em setembro, o que levaria a uma natural redução do preço, o valor do combustível no Brasil continuou o mesmo. Um dos principais fatores para o lucro recorde da empresa.

É claro que a Petrobras não é a única responsável pelo valor abusivo e indecente cobrado no país. Vamos ao cerne. O site da BR mostra como é composto o preço final da gasolina na bomba:

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E do diesel:

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Traduzindo: na média, de 15 a 20% do valor é adicionado na distribuição e revenda. O preço base, estabelecido pela Petrobras, vai de 32 a 62%, constituindo a principal fatia, junto com os impostos, notadamente abusivos. Se considerarmos que boa parte das distribuidoras também são da BR, a intervenção da Petrobras no valor pode ir de 70 a 80%.

Não precisamos ir longe. Basta olhar para os vizinhos da América do Sul. A Argentina, que importa petróleo do Brasil, vende, na fronteira, o litro da gasolina a R$ 1,75 e do diesel a R$ 1,30, sem adição de alcóol, enquanto do outro lado o mesmo produto chega a custar R$ 2,85 e R$ 2,08, respectivamente. Isto na fronteira. A média do preço da gasolina na Argentina é de R$ 1,20 a 1,30 o litro, atualmente. Na América do Sul, os únicos países que cobram valores absurdos como o Brasil são o Chile e o Uruguai. Bolívia, Peru, Equador e Colômbia, cada um com sua particularidade, vendem o produto a valores muito mais baixos até chegarmos ao extremo da Venezuela, onde o litro custa, pasmem, 05 centavos (a mais barata do mundo, sem reajuste desde 1997 e que é subsidiada pelo governo, como nos EUA).

Resumindo: os brasileiros pagam um valor irreal e abusivo pelo combustível, tendo o mesmo produto, saindo daqui e exportado para a Argentina, vendido lá por menos da metade do preço. O lucro recorde da Petrobras sai, em grande parte, do seu bolso. Não é motivo para comemoração. Mesmo com o barril caindo a U$$ 37, a margem de lucro foi mantida, até para cobrir as “perdas” com a queda brusca da commodity.

O brasileiro, muitas vezes sem entender a fundo o panorama, é levado a comemorar resultados recordes de empresas que o roubam legalmente há anos. E aqui não há nenhum discurso ideológico – o argumento mais imbecil e frágil que pode ser levantado. Os fatos e declarações, dados pela própria empresa, entregam o roubo, puro e simples, a que somos submetidos. É de se ponderar que, se neste quadro, com o preço do litro variando de R$ 2,20 a R$ 2,80 nos diferentes estados do Brasil (custa R$ 2,68 na capital federal), qual será o rumo da gasolina nos próximos anos,  caso surja qualquer coisa que sirva de desculpa para um reajuste? (como se isto fosse necessário).

O petróleo, definitivamente, não é nosso. E nada indica que a ideia de pagar um preço “justo” pelo que se consome no Brasil chegue a ser possível. Alguém duvida de novo lucro recorde em 2009? Da Petrobras, Vale, companhias energéticas, telefônicas, de abastecimento…

Pra estas empresas, não existe crise. Mas, infelizmente, isto não é nada que signifique um aumento da qualidade de vida real para a população. O que esperar de um país onde querer respeito parece utopia? Pouco, muito pouco.

Confira todas as fontes desta matéria e outros artigos nas tags “gasolina” e “petrobras” no Delicious.

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Esportes

Campeã de quase tudo que disputa, equipe de basquete do Flamengo sofre com o amadorismo do clube

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Atual tri-campeão carioca, campeão brasileiro, vice campeão da Liga Sul-Americana e líder isolado do Novo Basquete Brasil, com nove vitórias em dez jogos, a equipe de basquete do Flamengo enfrenta o desrespeito grosseiro da diretoria e o amadorismo flagrante do clube, que vai do futebol aos combalidos esportes olímpicos. Bi-campeão sul americano em 1953 e 61, o basquete do Flamengo passou décadas em descaso, sem jamais encontrar seu rumo novamente.

Tudo começou a mudar quando a diretoria passou a investir de modo mais incisivo na modalidade na metade desta década. A reformulação do basquete, comandada por Patrícia Amorim, diretora de esportes olímpicos, conseguiu trazer nomes de peso como o ala Marcelinho, um dos principais jogadores da seleção brasileira, tri-campeão pan-americano e que estava na liga da Lituânia (uma das mais fortes do mundo), seu irmão Duda e o pivô Rafael Baby, que teve início promissor na NBA, passando por Toronto Raptors e Utah Jazz.

Formando uma equipe com talento e experiência somada a alguns garotos de enorme potencial, os resultados foram alcançados muito rapidamente. Basta olhar todos os títulos e feitos descritos no início desta matéria.

Assistindo ontem ao jogo entre Flamengo e Cetaf, pela NBB, a situação crítica dos jogadores me chamou a atenção. Sem receber há 4 meses e enfrentando total descaso da diretoria, é de impressionar que estes profissionais continuem a jogar pelo time, cumprindo seus compromissos. O que você faria se estivesse há 2, 3, 4 meses sem receber? Jogadores de renome e história no esporte, que aceitaram receber menos do que ganhavam lá fora, em parte por amor ao clube, poder voltar a sua cidade natal e jogar com seu irmão, caso de Marcelinho Machado, disparado o principal jogador e cestinha do país nas últimas temporadas (e na atual), em parte por estarem em fase de reconstrução da carreira, como Baby, chega a constranger o que eles são obrigados a enfrentar.

A incompetência, corrupção, amadorismo, disputas internas estúpidas por velhos retrógados e acomodados que não levam nada à nada afundam o Flamengo há décadas. O futebol, principal “produto” do clube, também enfrenta salários atrasados há três meses. Uma notícia extremamente velha, diga-se. Novidade é quando recebem em dia.

O que dirá os esportes olímpicos. Após serem quase que totalmente desativados recentemente, num episódio conhecido por todos, a situação não dá sinais de melhora. Mesmo afirmando que “acabou o dinheiro”, fala do presidente Márcio Braga, a ginástica foi salva por uma parceria com a prefeitura de Niterói e, se não me engano, o basquete e o remo não podem ser desativados por causa do estatuto do clube. Chego a especular que o salário de qualquer um dos principais jogadores de futebol do Flamengo dê para cobrir a remuneração de toda a equipe e comissão técnica do basquete. Atualmente, somente a folha salarial do futebol engole R$ 4,8 milhões de reais todos os meses – uma das mais caras do Brasil.

Marcelinho desabafou:

“Tentamos conversar, ouvimos promessas, mas esta situação chegou em um ponto em que está faltando respeito com todos aqui do basquete. Estamos há quatro meses sem salários, não temos uma satisfação, nada. Todos no grupo estão mostrando caráter e compromisso com esta camisa, com as tradições do clube, a equipe não deixa de dar o máximo, dar o sangue em quadra, estamos liderando o NBB e na fase final da Liga Sul-Americana. Queremos respeito, não merecemos isso”

Realmente, não merecem. Não há como cobrar nada de profissionais que não recebem pelo seu trabalho e além disso não gozam do mínimo de respeito da diretoria (leia-se “empresa”) onde trabalham. É como se seu empregador, além de não te pagar há 4 meses, tivesse feito promessas vazias e após isso simplesmente se cala, tornando-se incomunicável. E como eles respondem? Com a liderança do NBB.

Patrícia Amorim, responsável pelos esportes olímpicos, o principal nome da reformulação deste setor do clube, sempre em contato direto com os atletas, foi demitida há pouco mais de um mês num dos inúmeros episódios nebulosos (disse-me-disse) que ocorrem na Gávea. É extremamente lamentável que uma das maiores instituições esportivas do país se encontrem numa situação caótica como esta.

Caos criado pelo câncer do amadorismo e corrupção que infesta tantos outros clubes. Da base até a política, não dá pra esperar nenhuma melhora significativa no esporte brasileiro no todo enquanto estivermos a mercê de tanta lama. CBB, COB, CBF, confederações estaduais, clubes, ninguém se salva. E todos, absolutamente todos, dos atletas aos torcedores, passando pela formação de base, a economia, a sociedade e toda a cadeia produtiva, criativa e social que o esporte envolve, perdem muito com isso. Um pouco de vergonha e trabalho sério não faz mal a ninguém.

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