Artigos/Matérias/Opinião

O cliente NUNCA tem razão

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O brasileiro ainda está aprendendo muito lentamente que, como consumidor, ele tem direito a receber um atendimento em todos os níveis muito melhor do que o que ele recebe hoje. Ainda ficamos espantados sempre que conseguimos resolver algum problema sem maiores empecilhos: o que devia ser a regra torna-se exceção. Para ter sempre a mão, aí está o código. Útil porque, sob ele, não tem discussão.

A sensação que temos é que, sempre que contratamos um serviço ou realizamos uma compra, estamos vendendo parte da nossa alma. A verdade é que as empresas fazem o que querem e o consumidor tem que se virar para arcar com o que vier. Só depois, quem sabe, a custa de muita dor de cabeça e muito vai-e-vem, conseguir ressarcimento de algo.

Empresas de telefonia continuam no pódio: cobranças indevidas, atendimento deficitário, dificuldade para cancelar uma conta ou trocar de plano, etc. Mesmo com a nova lei sobre o call-center, problema que tinha se tornado uma piada de mau gosto há tempos, ainda vai levar alguns meses (com sorte) pra que isto fique minimamente aceitável. Saudade do 0800. Hoje, é difícil uma empresa ter um número gratuito com que o cliente possa falar com ela. O primeiro desrespeito. Além de pagar (e caro) pelo o que você contratou, você também tem que pagar novamente pra resolver um problema que a empresa originou, de responsabilidade dela. Não é ótimo?

A área é vasta e os absurdos se amontoam. Coisa que me faz pensar seriamente em me dedicar ao jornalismo investigativo/cidadão. Tem muita coisa pra ser denunciada, todos os dias. Empresas que abusam da paciência e do bolso do seu cliente. Ou seja, ao contrário do que diz o dito (popular?), o cliente nunca tem razão.

Desde para realizar a troca de um produto mais caro, até aquela conta no bar, que o garçom curiosamente sempre erra pra mais, nunca pra menos, é extremamente difícil ter o mínimo de respeito enquanto consumidor no Brasil. Coisas que são normais em países decentes, como ter o seu dinheiro de volta ou até não pagar a comida em um restaurante se você não gostou da qualidade do que lhe foi oferecido, aqui soa como absurdo, fantasia ou “esperteza”.

Não é novidade que o “jeitinho” e a malandragem brasileira, no fim das contas, ferra com todo mundo. As raízes disto são flagrantes. Sem se aprofundar muito, basta olhar para o povo português ou entender o básico da formação do Brasil.

Neste caso, sou um pessimista. Acho que teríamos que nascer de novo enquanto povo, enquanto nação, para as coisas mudarem de fato. Como é impossível, o mínimo que devemos fazer é exigir nossos direitos, brigar por tudo que as empresas fazem de errado, denunciar, questionar e nunca aceitar calado o que nos é imposto.

Não dá pra consertar tudo, mas dá para não ser feito de palhaço e evitar que outros sejam.

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Esportes

Análise final do Brasileirão 2008

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Foto: Fernando Bizerra/EFE

Com o fim do certame, algumas considerações básicas:

  • O triunfo do São Paulo é, de fato, como já se cansou de falar, a vitória da organização, da estrutura e da competência: administrativa, técnica e psíquica. Um time que perde muito pouco (apenas 5 partidas), empata muito, sabe segurar o jogo e define quando é preciso. A base montada – e mantida – há mais de três anos, com o mesmo técnico, somada a reposição de peças com rapidez e eficiência, dá consistência ao projeto. O SP é o modelo de clube brasileiro a ser seguido, junto com o Inter, talvez. A profissionalização dos times nacionais é urgente e felizmente está acontecendo, num ritmo muito, muito lento, mas ocorre.
  • Classificação final da séria A e série B.
  • A seleção da Placar, a mais tradicional votação de melhores do ano do país, foi a seguinte: Rogério Ceni (SP), Vítor (Goiás), André Dias (SP), Miranda (SP) e Juan (Flamengo); Ramires (Cruzeiro), Hernanes (SP), Tcheco (Grêmio) e Wagner (Cruzeiro); Borges (SP) e Nilmar (Internacional).
  • A da Globo/CBF foi esta: Victor (Grêmio), Léo Moura (Flamengo), Thiago Silva (Fluminense), Miranda (SP) e Juan (Flamengo); Ramires (Cruzeiro), Hernanes (SP), Diego Souza (Palmeiras) e Alex (Inter); Kléber Pereira (Santos) e Alex Mineiro (Palmeiras).
  • Sérgio Xavier, editor da Placar, fala sobre as duas aqui (mesmo defendendo o seu lado, concordo em parte com ele).
  • Sobre o meu Flamengo, mesmo chegando muito perto da vaga na Libertadores, não é difícil apontar a causa do fiasco: diretoria trapalhona (e falastrona), além de incompetente e lenta, elenco dividido e turbulento, longe da situação ideal, Caio Jr. sem ter o controle e o respeito do time, além de não conseguir definir uma equipe e tomar o cuidado necessário nos momentos precisos…
  • O time acabou com o melhor ataque da competição (67 gols). Mas a defesa, que ficou a maior parte do campeonato entre as 5 melhores, desandou nos três últimos jogos: tomou 11 gols. Contra o Goiás, após estar vencendo com extrema facilidade por 3 x 0, o time começou a se complicar com o pênalti infantil de Jaílton (que fez vários outros pênaltis infantis durante a competição). Depois, com a lesão de Luizinho, o lateral reserva, Milhouse colocou Fierro na lateral. Justamente onde saiu o terceiro gol do Goiás, causando o desespero que foi o segundo tempo, onde mereceu até perder. Basta dizer que, se soubesse administrar um jogo ganho como esse, mesmo com todas as outras questões, o time tinha se classificado para a Libertadores no lugar do Palmeiras.
  • Caio Jr. já foi embora. Se Parreira for mesmo confirmado como técnico, a diretoria conseguir manter a ótima base desse grupo e contratar dois ou três reforços razoáveis, 2009 tem tudo para ser um ano muito bom.
  • Quanto aos rebaixados, fora o ridículo Ipatinga, que nem torcida tem (times sem torcida decente não deveriam disputar a séria A), caíram Portuguesa, Figueirense e Vasco (a única surpresa). Mesmo sendo rival, não é o tipo de coisa que comemoro. É uma lástima para o já tão combalido futebol carioca. Mas pagou o preço pela sua piada chamada defesa – se tivessem corrigido isso teriam conseguido uma posição muito melhor, dado que o ataque era bom.
  • Quem subiu da série B, desconsiderando o Corinthians, que esteve a passeio, e o Avaí, que batia na trave há décadas, a ascensão de Santo André (que já vinha aprontando…) e Grêmio Barueri é só reflexo dos investimentos expressivos e da boa administração que alguns times do interior de São Paulo tem. Tendência cada vez maior.
  • O campeonato, em si, além de ser extremamente disputado, solidificou a fórmula dos três pontos. Pessoalmente prefiro o mata-mata, por ser mais dinâmico, interessante e atrativo.
  • Esse papo eterno de que o futebol brasileiro é nivelado por baixo é uma piada, uma viseira de quem não consegue enxergar um palmo a sua frente. 2008 marcou a reestruturação dos times, vários jogadores de peso voltaram para o país, outros tantos surgiram e tivemos – vários – jogos de ótimo nível. Só não vê quem não quer e se acomoda no discurso pronto.
  • Além dos que se classificaram para a Libertadores (SP, Grêmio, Cruzeiro e Palmeiras), o Flamengo (5º) e o Inter (6º) serão os principais times de 2009, somado ao Corinthians. O resto vem muito atrás.

Vai valer a pena acompanhar a próxima temporada…

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Literatura

Doente e Cansado

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Subiu o elevador. 16º andar. Estava cansado. Havia despedido duas pessoas naquele dia. Embora necessário, César não gostava de fazê-lo. A consciência doía. Na verdade, nada que um remédio não resolvesse. Um para a dor, outro para dormir. Um último para controlar o stress. Viver sedado não era o problema. A sobriedade incomodava mais que o torpor.

Era de uma estupidez notável. Para ser mais preciso, César gostava de se fazer de estúpido. Poupava esforço. Sobretudo, detestava ter de explicar as coisas. Não era exatamente brilhante em sua área – trabalhava como diretor de uma universidade – nem administrando nem na educação. Mas “acima da média” não se constituía como requisito fundamental para o cargo.

(…)

, João terminou o livro em menos de uma hora. Estava entediado. Recolocou “O Mito de Sisífo” na prateleira. Gostava de Camus. Dava boa risadas com ele. Deitou na cama, mastigando uma maçã. Cuspiu a parte podre, que deixou um gosto amargo na boca.

how…

to

…dissapear

Hellen socou 5 vezes a cabeça do irmão. Havia transado sem camisinha. E nem gostava de Augusto. Fingiu orgasmo regozijando-se internamente. Em sua cabeça, humilhar o namorado dava mais prazer que entregar-se.

(i just don’t know)

O inferno era ele mesmo. Mas não compactuava com a depressão. Estava bem feliz, até. Compunha canções soturnas ao piano em dias de sol.

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trabalho-leitura-ética-responsabilidade social-ausência-dor-sono-gozo-tédio-força-ladainha-comida-repeteco-cerveja

-ciúme-solidão-impaciência-dinheiro-falta-gordura-obsessão-política-audio

-bottom-blefe-crítica-rotina-novidade-coleira-preguiça

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Os pêlos se acumulavam sob a mesa. Calor. Frio. Já não diferenciava. Não tinha importância. Muita informação. Vigor. Ar fresco. Consciência online. Só tinha vigor durante umas duas horas ao dia. Não era exatamente o suficiente. Fastio. Cansaço.

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, continuaria outra hora.

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Política & Economia

O salário do mendigo e a escravidão moderna

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Recebo o seguinte email, já publicado exaustivamente na internet. Útil, contudo, para pensarmos algumas questões interessantes:

Quanto ganha um mendigo? E um estagiário…?

Um sinal de trânsito muda de estado, em média, a cada 30 segundos, ou seja 30 segundos no verde e 30 segundos no vermelho.

Portanto, a cada minuto, um mendigo tem 30 segundos para faturar pelo menos R$ 0,10, o que numa hora dará: 60 x 0,10 R$ 6,00. Se ele trabalhar 8 horas por dia, 25 dias por mês, num mês terá faturado:

25 x 8 x 6 = R$ 1.200,00.

Será que essa é uma conta maluca?

Bem, R$ 6,00/hora é uma conta bastante razoável para quem está no sinal, uma vez que, quem doa, nunca dá somente 10 centavos e sim R$0,20, R$0,50 e às vezes até R$1,00.

Mas assumindo que o mendigo fature a metade: R$ 3,00/hora, terá R$ 600,00 no final do mês, que é o salário de um estagiário (é claro que depende da região do país e de outros fatores, mas enfim…) com carga de 35 horas semanais ou 7 horas por dia.

Ainda assim, quando o mendigo consegue uma moeda de R$1,00 (o que não é muito raro), ele pode descansar tranqüilo debaixo de uma árvore por mais 9 viradas do sinal de trânsito, sem nenhum chefe pra aporrinhá-lo por causa disto.

Mas isto é teoria, vamos ao mundo real…

Foram entevistar uma mulher que pede esmolas, e que sempre era vista trocar seus rendimentos na Panetiere (padaria em frente ao CEFET). Então lhe perguntaram quanto ela faturava por dia. Imaginem o que ela respondeu? É isso mesmo! Ganho de R$ 35,00 a R$ 40,00 em média, o que dá (25 dias por mês) x 35 = R$ 875,00 ou 25 x R$ 40,00 = R$ 1000,00. Então, na média, ganho R$ 937,50. E ela disse que não mendiga 8 horas por dia.

Moral da História: É melhor ser mendigo do que estagiário (ou professor). E pelo visto, ser estagiário é pior do que ser mendigo…

*****

A tal “entrevista”, que pode suscitar dúvidas, encontra respaldo na realidade, já que pesquisas indicaram que a remuneração média de quem pede esmola em sinais é realmente por volta de R$ 900 a R$ 1.000. E ainda podem contar com bolsa aluguel.

Não sejamos simplistas. Dentre o último perfil traçado dos moradores de rua no Brasil, apenas 15,9% disseram viver de esmolas. O levantamento indica também outros dados que valem a pena serem conferidos.

A situação dos estagiários não é segredo. Ainda que o assunto mereça um post específico no futuro, não é difícil achar anúncios de vagas para estagiários que paguem de 200 a 400 reais por mês, por 6 a 8 horas diárias. “Estágio”, na verdade, é a melhor maneira que o mundo capitalista moderno conseguiu de obter mão de obra qualificada a preços irrisórios e que faça tudo que é pedido. Isso quando pagam algo, já que “estágios não remunerados” em grandes empresas são uma constante. É como se o estudante infeliz devesse se submeter a tudo pela “oportunidade de ouro” de servir aquela empresa e colocar o nome dela no seu currículo.

A nova lei de estágio ajudou, mas está longe de corrigir vários absurdos.

Quem se habilita a ir para o sinal mais próximo?

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Esportes

NBA aprova uso de replays em jogadas polêmicas

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Juntando-se ao tênis e ao “futebol americano”, que já permitem o uso de replays para tirar dúvidas em jogadas polêmicas, a NBA anunciou que a partir da próxima temporada (2008/2009), que começa hoje, os árbitros poderão fazer uso do recurso para esclarecer lances e questões duvidosas. A decisão foi tomada pelos dirigentes de todas as franquias da liga. Leia mais aqui.

Discussão antiga no futebol, que reluta em adotar tais “novidades tecnológicas” para não manchar “a magia” do jogo, a NBA, em contrapartida, ajuda a colocar outro ponto a favor de recursos do tipo. Pra mim, em nada estraga a dinâmica e a essência do jogo, sendo coisa de toperas nostálgicas defender a não-adoção com a total falta de argumentos, a não ser misticismos e coisas do gênero. Afinal, ver um time vencer o outro de modo desonesto não é nada “bacana” e “legal”. E dado o nível medonho dos árbitros brasileiros, uma medida assim pelo menos ajudaria a corrigir os absurdos.

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Política & Economia

Eleições em BH e a briga de foice

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Dizem, que, no interior, as coisas se resolvem é na foice: por experiência própria, posso atestar que isto não foge muito a realidade. Mas não é preciso ir em cidadezinhas com 8 mil habitantes para presenciar coisas do gênero: Belo Horizonte, com seus 3 milhões de pessoas, uma das maiores metrópoles brasileiras, oferece “causos” muito mais interessantes.

O que se viu no segundo turno da eleição mineira foi todo tipo de baixaria que a política costuma proporcionar, ajudada pelo “raí-téqui” da internet. Márcio Lacerda, PSB, o “candidato da aliança”, apoiado pelo governador Aécio Neves e o prefeito Fernando Pimentel (extremamente populares e bem avaliados) e Leonardo Quintão, PMDB, uma figura prosaica (ha ha), deputado federal, proporcionaram momentos no mínimo burlescos para quem acompanhou a campanha. De um lado, um empresário com parca experiência política e nenhuma intimidade com as câmeras, que esperava ganhar direto no primeiro turno (e não se preparou para o segundo), e do outro um deputado com “estilo” que só estas terras poderiam proporcionar, família política e usando de um discurso piegas e manjado para tocar os mais estúpidos de sua “humanidade”, etc e tal.

Cartazes apócrifos – sem assinatura e identificação – espalhados pela cidade tentaram de todas as formas ligar Márcio Lacerda ao Mensalão. Os tipos variaram: “entenda Márcio no Esquema”, “o candidato mais rico do Brasil”, “procura-se mensaleiro”, etc. Na propaganda na TV, Quintão tentou veicular parte de um depoimento de Marcos Valério a CPI, falando sobre Lacerda, devidamente impedido pela Justiça. Praticamente toda a campanha do segundo turno de Quintão se baseou em tentar, de todas as formas, ligar Lacerda ao Mensalão, para manchar a imagem do candidato ante os eleitores.

procura-se-mensaleiro

Lacerda, obviamente, se defendeu na TV, em debates e folhetos espalhados a quilo pela cidade, mostrando que foi inocentado de todas as acusações e o próprio Valério disse que ele não teve ligação direta alguma com o escândalo. Nos debates promovidos nesta última semana, os candidatos só faltaram “sair na porrada”. Era um tentando provar que era mais ridículo que o outro. Na internet, dois blogs, um Anti-Quintão, o outro Anti-Lacerda, trocaram todo tipo de farpas, e disponibilizaram diversos “joguinhos” onde é possível brincar com os candidatos: de chutar, atirar em suas cabeças, e por aí vai – uma nova modalidade de interação política.

Quintão, nascido em Taguatinga – DF, adotou sotaque mineiro extremamente carregado e um discurso populista, com seus slogan’s “Gente Cuidando de Gente” e “Dá Pra Fazer”. E foi ironizado de forma magistral por Tom Cavalcante, no vídeo abaixo, que se tornou hit no YouTube.

httpv://www.youtube.com/watch?v=UdrcDp5TEK4

Outra série de acusações ligando, desta vez, Quintão a esquemas de lavagens de dinheiro intermediados por Paulo Maluf e Celso Pitta vieram a tona, através do Correio Braziliense e outros veículos. Há que se lembrar que o Correio é do grupo Diário Associados, que publica também o Estado de Minas, maior jornal do estado e, sabidamente, ligado ao governador Aécio Neves. Nada mais natural que alguém se encarregasse de investigar podres no passado de Quintão e revelar isto ao público.

Nas pesquisas, Márcio saiu de uma prévia, em 15 de Outubro, de 33 pontos, contra 51 de Quintão, para terminar, na última, vencendo por 45 a 40 (tecnicamente empatados).

Tendo o desprazer de acompanhar o ridículo e o odor desagradável desta última semana, é difícil dizer qual dos dois é pior. Minha antipatia por Quintão, flagrantemente forçado e patético, contudo, é maior. Mas se fosse votar, sem dúvida que meu voto seria nulo.

Vou repetir isto ao máximo que puder: democracia com voto obrigatório é uma piada de mal-gosto. Um crime. Nunca tivemos democracia no Brasil e dificilmente vamos ter.

Para Belo Horizonte a certeza que fica é que, independente de quem vença neste domingo, a cidade estará em péssimas mãos. Salve-se quem puder.

Uptadate: Com todos os votos apurados, o resultado foi:

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Por regiões da cidade:

Zona Sul

MARCIO LACERDA (PSB)

69,58% 250.912 votos

LEONARDO QUINTÃO (PMDB)

30,42% 109.680 votos

Eleitores na zona:511.502
28,86%

Zona Centro

MARCIO LACERDA (PSB)

61,75% 93.779 votos

LEONARDO QUINTÃO (PMDB)

38,25% 58.092 votos

Eleitores na zona:209.561
11,82%

Zona Norte

MARCIO LACERDA (PSB)

56,32% 129.401 votos

LEONARDO QUINTÃO (PMDB)

43,68% 100.352 votos

Eleitores na zona:306.891
17,32%

Zona Leste

MARCIO LACERDA (PSB)

53,46% 108.295 votos

LEONARDO QUINTÃO (PMDB)

46,54% 94.284 votos

Eleitores na zona:267.267
15,08%

Zona Oeste

MARCIO LACERDA (PSB)

52,38% 184.945 votos

LEONARDO QUINTÃO (PMDB)

47,62% 168.152 votos

Eleitores na zona:477.006
26,92%

Eleitorado
1.772.227

Seções
4.059

Eleitorado apurado
1.772.227 (100.00%)

Seções totalizadas
4.059 (100,00 %)

Comparecimento
1.457.208 (82,22 %)

Abstenção
315.019 (17,78 %)

Votos válidos
1.297.892 (89,07 %)

Votos em branco
51.335(3,52 %)

Votos nulos
107.981 (7,41 %)

Para quem esperava uma eleição equilibrada, o resultado foi um massacre de Lacerda. Prova de que terrorismo político – muitas vezes – tem o efeito contrário. Dos dois, ganhou o que repudio menos. Confira o resultado oficial da sua cidade neste link.

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Política & Economia

O corte da Opep e o capitalismo sem rumo

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), anunciou que vai cortar a sua produção diária em 1,5 milhão de barris, para tentar frear a queda livre dos preços do barril de petróleo – que chegou a 147 dólares em julho e agora está cotado a US$ 70.

A grande ironia da brincadeira toda são os paradoxos em que a crise mundial tratou de afundar o capitalismo. Sob a lei única e soberana do mundo – “ter lucro sobre todas as coisas, independente do que for necessário para isto” – é claro que a queda do preço do petróleo atinge diretamente o bolso dos 13 países que formam o cartel da OPEP. Fora isto, o barateamento do óleo negro é, em contrapartida, mais interessante para a maioria dos países do mundo, especialmente os pobres. Também é “ruim” para o Brasil, um dos maiores produtores mundiais.

Considerando a margem de lucro absurda sob a qual trabalham em cima, o último recurso da OPEP foi sabotar a produção, forçando descaradamente uma queda da oferta do petróleo no mercado, para tentar assim alavancar novamente o seu preço. Sendo que, até poucos meses atrás, como dito, a cotação do barril batia recordes e o petróleo era (e ainda é) uma das maiores preocupações globais para as próximas décadas, em preço e escassez.

O que a socialização da desgraça promovida pelos governos estadunidense e europeu – fazendo os contribuintes pagarem duplamente pela incompetência dos bancos e mercado financeiro – exprime é, sobretudo, que nós não podemos continuar vivendo sob os mesmos padrões em que estávamos. Que o modelo estadunidense, o american way of life, do consumo desenfreado em larga escala, que produz 3 vezes mais lixo diário que outros países desenvolvidos e 5 vezes mais que nações médias, não pode, afinal, ser a meta de existência de cada um.

Toda notícia de redução de lucros e queda na produção é tratada com imenso pesar e cria-se um novo apocalipse, como se isto fosse o sentido de continuar vivendo. Não é. E mais importante: salienta que diminuir o ritmo do “progresso” e “avanço” – que muitas vezes não passam justamente do contrário – é fundamental para qualquer um que tenha bom senso. Se os índices de lucro e produção continuarem a terem que ser batidos trimestre após trimestre, ano após ano, onde vamos parar? Ainda mais afogados na miséria e no nosso próprio lixo, real e abstrato: outro paradoxo.

O corte da OPEP só ressalta que o capitalismo, coitado, não sabe o que fazer. Está cantando, lamentando-se como a clássica canção de Maysa: “meu muundoo caiu”. E como diz a letra, nós que aprendamos a nos levantar.

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