Esportes

Holanda: o novo carrosel?

Em menos de uma semana a renovada Holanda deu dois banhos de futebol no campeão e vice da última copa do mundo: Itália e França foram humilhadas em campo, destroçadas por um time veloz, inteligente, implacável na defesa e com a conjunção fatal de habilidade, pontaria, tranquilidade e jogo coletivo. A Holanda parece encontrar a maturidade nas mãos de Van Basten e quem a vê jogar impossível não deixar de pensar que este pode ser o novo carrossel.

O time que fez história em 74 e 78, perdendo duas vezes a final da copa para Alemanha e Argentina, encontra agora uma equipe que, pelo que apresentou, está muito acima dos seus adversários na Eurocopa 2008. No futebol, traiçoeiro, nada garante que os laranjas levarão o título. Mesmo assim, até agora, fazem o futebol mais vistoso e ao mesmo tempo centrado do mundo. 3 x 0 na Itália e 4 x 1 na França é coisa para poucos, muito poucos. E eles ainda se dão ao luxo de ter Robben e Van Pierce na reserva. Impressionante como um país tão pequeno pode gerar uma escola de futebol tão bela e cerebral.

Creio que podemos estar assistindo ao nascimento de uma nova equipe que ainda fará muito “estrago” nos anos que estão por vir.

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Esportes

Nadal: tetracampeão de Roland Garros

Nadal morde a taça que é dele por quatro vezes seguidas

Federer quem? Rafael Nadal parece desconhecer a história do jogador suiço, tendo chegado ao tetracampeonato do Grand Slam francês em parciais de 6-1, 6-3 e 6-0. Torna-se um dos maiores campeões do torneio, iguala o sueco Bjorn Borg em quatro títulos consecutivos e também é apenas o terceiro tenista a ter vencido a final sem perder nenhum set. Um massacre. Federer não sabia o que era ser derrotado sem vencer nenhum game há quase 9 anos e 719 jogos.

Pouco o que se dizer. Há continuar nesse ritmo, Nadal tem tudo para se tornar um dos maiores desportistas do século XXI.

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Esportes

Flamengo: campeão nacional de basquete 2008

Marcelinho: o demônio, 40 pontos no último jogo e destaque em todo o campeonato

O Flamengo conquistou pela primeira vez em 2008 o título brasileiro de basquete masculino. De campanha irrepreensível, o time carioca praticamente não teve adversários: 31 jogos, 28 vitórias e apenas 3 derrotas. Nos playoffs, massacre: venceu por 3 x 0 todas as disputas, superando Vila Velha, Joinville e Brasília na final. A forte equipe da capital federal (campeã de 2007) não teve chances, perdendo por 93 x 66 no primeiro jogo, 91 x 76 no segundo e 101 x 96 no terceiro.

A vitória coroa um ano quase perfeito para o Mengão: campeão carioca, do nacional e vice-campeão sul-americano (a Libertadores do basquete). Marcelinho foi o destaque durante toda a temporada, com a sobrenatural média de 30 pontos por partida.

O basquete brasileiro vive um momento delicado. Fora das Olímpiadas desde 1996, desmandos na federação e inúmeras brigas políticas (aliada à incompetência), levando a seleção a um período horroroso de sua história. A dissidência gerou este ano outra anomalia, coisas de Brasil: a supercopa, criada por alguns times paulistas em represália à federação, tentando se organizar por si só.

Alheio a isto, o Flamengo fez história com uma das campanhas mais inquestionáveis de todos os tempos. É torcer para que os esportes olímpicos do clube não continuem em ciclos de apoio-desleixo, mas firmem-se, também, como prioridade, além do futebol. O basquete é um dos esportes mais emocionantes do mundo, com enorme potencial popular. Passou da hora de uma rede de televisão aberta dar o destaque devido (a Band já o fez, mas sua grade sempre foi muito inconstante).

Parabéns ao time da Gávea pelo feito! Flamengo Campeão Brasileiro de Basquete 2008!

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Estudo de caso: revista Veja

Artigo originalmente escrito em 12.10.2005

Estudo de caso: revista Veja

Por Maurício Gomes Angelo

A Veja, maior revista do país, e tida como referência pela sociedade, é acusada historicamente de ser direitista e “tucana”, o antro, par excellence, da burguesia nacional. Para alguns, a acusação é um disparate, para outros, nada mais óbvio e perceptível. Veremos o quanto de verdade há nisso.

Para tanto, pegaremos uma recente edição da revista, número 1925, 5 de outubro de 2005, ano 38. Sua matéria de capa, “7 razões para votar não”, já fora dissecada em meu artigo anterior, “Duplo Assassinato”, logo, pinçaremos outros pontos que não os presentes na reportagem principal.

Como revista de maior tiragem do território nacional, usada como fonte por escolas e faculdades, tradicional, respeitada, e portanto, muito influente, o mínimo que se poderia esperar é um jornalismo austero, equilibrado, imparcial, de qualidade inquestionável. Não é, infelizmente, o que acontece.

Sabe-se que, naturalmente, todo meio de comunicação possui sua ideologia própria, suas regras internas, sua cartilha de produção, os assuntos que, a critério da edição, irão ser tratados, destacados ou amenizados, sua lógica de trabalho, a ótica pela qual todo texto presente em tal veículo deverá passar. Nada, que não seja adequado à “ideologia”, ao modelo, que determinado meio adota, poderá figurar em seus quadros. A linha adotada por Veja, é, inegavelmente, o tom direitista de análise. As mãos dadas com o establishment. A deturpação da filosofia marxista. A ridicularização da revolução – termos como “utopia anacrônica” figuram quase que semanalmente em suas páginas. O ataque, indiscriminado, a tudo que sirva aos seus interesses de persuasão. As mínimas brechas para que sua verdadeira face venha à tona são exploradas avidamente, como num exemplo que darei logo abaixo.

Na primeira coluna da edição supracitada, “Ponto de Vista”, da escritora Lya Luft, intitulada “Tirem as crianças da sala”, trata-se sobre a vergonha da presente “crise” instalada em nosso país e de que tipo de reações ela suscita, logo no início, Lya diz: “melhor dizer que, sim, estamos neste período; então, como agir de modo eficaz para que a situação melhore dentro do possível? Isso é realismo político, que nos falta num Brasil em que se encontra uma utopia em cada esquina, uma ideologia para cada gosto: marxismo terceiro-mundista, cristianismo revolucionário, todas as formas de messianismo, nacionalismo desenvolvimentista e por aí vai.”

Iniciada a sessão de ridicularização gratuita. Imaginem quais a sensações do leitor incauto, leigo no marxismo, diante dos recorrentes ataques de Veja. Eles sempre se limitam a abordá-lo pejorativamente, nunca sob a ótica filosófica, não podem explica-lo, porque isso destruiria com seus argumentos pífios – quando se têm argumentos.

Na seção “Cartas”, a primeira mensagem reproduzida é a de Manoel Amâncio Feitosa Ramos, de Xique-Xique, Bahia, que diz o seguinte:“Veja mais uma vez presta um grande serviço ao país. Desvendou uma máfia que atuava no futebol (ele se refere a edição anterior da revista e a reportagem “Máfia do Apito”), como se já não bastasse o trabalho brilhante que a revista vem desenvolvendo na política ao longo dos anos (“Jogo sujo”, 28 de setembro). Como, por exemplo, o pontapé inicial para o impeachment de Collor, a denúncia de compra de votos para a reeleição de FHC, a quadrilha que atua no (des) governo de Lula, o mensalinho de Severino Cavalcanti. Veja e o Brasil são os grandes vitoriosos”.

Esta carta, estrategicamente posicionada, é prolífica pois nos permite explorar algumas coisas: a exaltação indireta da revista (já que não foi feita pelo próprio veículo), a reivindicação de um papel fundamental ocupado por Veja na história do país, e, principalmente, o disfarce contido na frase “a denúncia de compra de votos para a reeleição de FHC”. O fato de Veja ter denunciado uma corruptela do governo FHC poderia servir de argumento para amortizar a acusação de “tucana” feita à revista. Ora, este enigma é simples de decifrar. A manipulação não pode ser descarada, Veja não pode estampar em suas páginas os dizeres “estamos a serviço da burguesia brasileira”. E a melhor forma de ocultar isto é denunciando as próprias falhas de seu grupo querido. Esta estratégia é tremendamente eficaz porquê, além de despistar a verdadeira ideologia da revista, a permite se auto-intitular (e passar para o leitor a idéia de) “idônea” e “implacável”. Contudo, o caso citado (corrupção no governo de Fernando Henrique), não originou nenhum escândalo de maiores proporções. E ninguém parece se lembrar do ocorrido.

Ainda na seção cartas, é concedido o direito de resposta a Luís Antonio Giron, que declara: “quero esclarecer que o aparelho i-Pod, enviado aos jornalistas de música dos principais veículos da imprensa, inclusive para mim, colaborador da revista Época, foi devolvido à assessoria de imprensa da cantora Maria Rita, intacto. Meu trabalho como crítico sempre se pautou pela independência e jamais aceitei nenhum tipo de oferta em troca de minha liberdade de opinião. O cd Segundo (Warner) de Maria Rita é de ótima qualidade, e a cantora obteve na imprensa o espaço merecido.”

Logo após, Veja indica para o leitor a reportagem na pág. 115. Vamos a ela. De título “O mensalinho da filha de Elis” – construção de um mau gosto impressionante – o texto insinua que Maria Rita, filha da cantora Elis Regina, e queridinha da mpb “nova geração”, precisou de “jabá” para que a divulgação de seu segundo disco fosse positiva. A gravadora Warner doou i-Pods, tocadores de mp3 da Apple, a última mania mundial, aparelhos que custam entre 600 e 1000 reais, para trinta críticos de grandes veículos da mídia nacional. Bem, a Warner tinha uma justificativa: o brinde era necessário porque o disco atrasou na fábrica e com ele os jornalistas que iriam entrevistar a cantora poderiam ouvir suas músicas de forma mais prática. A Veja cita isto, mas condena a prática, afirmando veementemente que se tratou apenas de uma maneira de tentar aliciar os jornalistas, e cita exemplos de que o i-Pod surtiu efeito. Praticamente todas as críticas em jornais e revistas brasileiras foram positivas, quando menos, foi adotado um tom conciliador, naquele estilo “é uma fase de transição”. Giron é citado na matéria de forma indireta, neste trecho “no caso do jornalista da Época, a Warner matou dois coelhos de uma cajada – deus! um clichê terrível! o redator – não creditado – não leu o manual? Como deixaram passar tal coisa? – ele escreveu uma matéria simpática na revista e outra mais elogiosa ainda na Bravo!, publicada pela editora Abril, o mesmo grupo de Veja.”

Com relação ao pseudo-mea culpa da última frase, quando Veja critica seu próprio grupo editorial, resgato a técnica exemplifica na análise da primeira carta que fiz acima. Ela almeja afirmar com isso que, independente de outros deslizes de sua editora, a revista permanece como ilha inatingível de competência e seriedade. Tente não rir. Só para externar minha opinião, creio que a música de Maria Rita é, sim, muito boa. Ela peca apenas pelo excesso de “garbo e pompa” de sua interpretação, soando forçado demais.

É óbvio que esta matéria de gosto duvidoso terá muito mais repercussão do que o direito de resposta de Giron. Aliás, é curioso notar que a resposta do jornalista foi publicada na mesma edição da reportagem, coisa que nunca acontece. Antes de ser algo positivo, isto expõe o frágil jornalismo praticado. Se a revista recebeu a retratação a tempo, nada seria mais natural do que limar a citação a Giron na matéria. Contudo, parece que a preguiça, o desleixo, e especialmente, a sede por criar polêmicas, foi muito maior que qualquer preocupação ética. Lastimável.

Na seção “Radar”, de Lauro Jardim, temos o tradicional “sobe” e “desce”, pesando os acontecimentos da última semana pelo viés do sucesso ou fracasso. No quesito sobe está presente Aldo Rebelo, e a seguinte frase: “o deputado comunista foi eleito presidente da Câmara”. Não podem deixar de dar ênfase a comunista, nem adotar um tom mais adequado, como simplesmente citar PcdoB. Será que se o candidato eleito fosse de qualquer outro partido o tratamento dado seria semelhante? Ademais, tenho minhas dúvidas sobre o “comunismo” de Aldo Rebelo. É impensável que um comunista de verdade compactue com o lamaçal do governo Lula. E, na confusa política brasileira, recheada de siglas vazias e sem expressão, onde políticos trocam de partido indiscriminadamente, visando apenas as facilidades que irá conseguir para se eleger, é perigoso criar algum elo de criação muito forte entre a sigla e o seguidor, infelizmente.

E falando em mudança de partidos….no texto “PT? Que PT?”, Mônica Weinberg retrata a debandada em massa do partido dos trabalhadores nos últimos dias do prazo para que isto fosse feito, salientado a saída de figuras históricas como Hélio Bicudo, Cristovam Buarque e Plínio de Arruda Sampaio. Plínio justificou-se dizendo que “o PT rendeu-se ao neoliberalismo e a política de privilégios aos estrangeiros”, linha seguida pela maioria de seus companheiros. Mônica desconfia – com razão – de tal argumento, e questiona o porque de isto ter sido feito só agora, mas sentencia “a debanda maciça de petistas neste momento, portanto, está longe de ser uma opção ideológica: é fruto, isto sim, do pragmatismo dos que não querem ser contaminados pela lama na qual a sigla chafurda hoje. E consulta o sociólogo Leôncio Martins Rodrigues, que finaliza: “A ideologia é uma máscara. O que está em questão é a sobrevivência política de cada um.”

Dou toda razão para que a debandada seja analisada com cuidado, mas um motivo muito aceitável para que ela tenha ocorrido neste momento não é citado na matéria: as eleições do PT tinham acontecido recentemente, e a ala tida como “radical” – entre eles grande parte do que saíram na última semana – foi derrotada e não passaram para o segundo turno. Acho normal, que, não conseguindo mudar a sua sigla pelas vias normais, considerando que era a última chance para que isto acontecesse antes das últimas eleições, os insatisfeitos, muitos deles fundadores e, portanto, com uma ligação fortíssima com o PT, resolvessem, apenas obrigados, finalmente sair. Mas Veja não pode cogitar isto, é muito mais fácil joga-los todos na laia dos aproveitadores e agredir a ideologia que defendem.

Em “Operação Saci” – mais um título desprezível – de Otávio Cabral, sobre a vitória de Aldo Rebelo, é dito: “com sua eleição para presidir a câmara, o deputado Aldo Rebelo, esse afável comunista que fez carreira como admirador da Albânia e do Saci-Pererê, deflagrou uma temporada de festas no arraial do governo”. Preciso comentar?

Otávio segue, acertadamente, expondo a forma com que a eleição de Aldo Rebelo foi conseguida: em troca de cargos em órgãos públicos, liberação de verbas para deputados, enfim, afagos e concessões diversas a “aliados” sangue-sugas, numa abundância de práticas pouco recomendáveis. Mas, tristemente, muito ortodoxas. Tal coisa faz parte daquele famoso hall “situações que todos conhecem”. È prática recorrente, desde tempos imemoriais, em todos os partidos e em todas as épocas da política brasileira. O que, claro, não a isenta de ser reprovável. Só observamos o tratamento ainda mais ácido e incisivo com que tudo é descrito, porque se trata do PT e porque a esquerda, e qualquer tentativa de mudança social, tem que ser extirpada a qualquer custo. Ainda que o ParTido (créditos a Janus Mazursky) já tenha deixado de representar esta bandeira há muito tempo.

A coluna de Tales Alvarenga, de nome “Erramos, senador”, é deveras suculenta. O senador em questão é Jorge Bonhaussen, do PFL. Aqui, qualquer cuidado é deixado de lado. “Erramos, senador” revela uma cumplicidade assombrosa, uma coerência de opinião entre dois “amigos”, que se confundem ao mesmo tempo. Os dois estavam errados. E, segundo Alvarenga, os dois estavam errados porque “a raça das formiguinhas socialistas não debandará. Na sua utopia anacrônica, as formigas falarão com as paredes. Mas continuarão por aí, esfregando ansiosamente suas patinhas, à espera do Grande Dia”.

É só procurar com cuidado, que, pouco-a-pouco, sua verdadeira face vai se revelando sem máscaras. Eles esperavam que, diante da “crise” detonada, o socialismo fosse definitivamente aniquilado. Quanta ingenuidade! E, não sei o que o socialismo tem a ver com a “crise”, o PT, e tudo mais. Como já ressaltado infinitas vezes aqui no Duplipensar, por mim e por vários outros nos mais diversos veículos – vamos nos auto-citar – : “Qualquer nuance de ideologia revolucionária está a anos luz deste abismo medonho”.

Nos assuntos diversos, quando trata do esporte, da cultura, da sociedade, comportamento, meio-ambiente e saúde, Veja é competente, faz o arroz com feijão sem maiores percalços e consegue identificar temas relevantes para o interesse de seu público. No entanto, quando acha qualquer brecha para nos gratificar com sua ideologia, o resultado é desastroso.

E, finalmente, temos a cereja do bolo – sim, meus amigos, um clichê, tremendamente apropriado.

Na seção “Notas”, onde é listado acontecimentos diversos da última semana, mortes, curiosidades, prisões, julgamentos, etc, encontramos o seguinte achado (reproduzido na íntegra):

Encontrada uma tartaruga de água doce com duas cabeças, em Havana, Cuba. Os cientistas especulam que a anomalia se deva à poluição nas águas do Rio Almendares. Batizada de “Tina”, a Trachemys decussata tem pescoços e cabeças distintos, que se alimentam de forma independente. Biólogos farão um estudo completo das espécies que vivem no local para saber se há outros mutantes”. Tudo tranqüilo até agora, certo? Apenas uma nota cientifica normal, sem nenhum desvio. Calma, temos o gran finale:

“A preocupação agora é que, se um dia esse tipo de mutação ocorrer em seres humanos cubanos, o regime castrista terá mais trabalho com a degola de dissidentes”.

Aplauda de pé. Eu lhe peço. Essa mereceu!

Agora recomponha-se. Novamente, tal trecho fala por si só.

É impressionante a quantidade de “peculiaridades ideológicas” que podemos encontrar numa única edição desta revista. É chocante e lamentável, independente de qualquer coisa, profundamente lamentável, que a maior e mais influente revista do Brasil seja tão anti-jornalística e de conteúdo impróprio para pessoas inteligentes. Devorá-la para analisá-la é um mal do qual fui refém.

Não termino este artigo satisfeito, nem feliz.

É triste constatar que minha profissão é tão mal tratada, agredida e manipulada grotescamente. Que muitos leitores ficam reféns desta rapsódia repugnante.

Um minuto de silêncio, por favor.

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A Eterna Crise

Artigo originalmente publicado no site Duplipensar (www.duplipensar.net) em 26.07.2005.

A Eterna Crise

Foi lendo o artigo “Crise? Que Crise?” do nosso congratulado companheiro Janus Mazursky que me sobreveio o desejo de verificar algumas particularidades da propalada “crise” em que nos encontramos:

Ato I – Velharias mais velhas que outras

“Os olhos não servem de nada a um cérebro cego.” (Provérbio Árabe)

O próprio presidente Lulla deu, numa entrevista, a tônica de toda a galhofa: “Isto é prática comum em todos os partidos”, referindo-se aos recursos não contabilizados usados para financiar campanhas, o chamado caixa dois. E em vista de todas as acusações divulgadas por ele, é apropriado citar novamente Roberto Jefferson no programa Roda Viva: “Qual é a novidade? Até parece que vocês todos não sabiam disso…”. Pronto. De fato, nada do que veio à tona é novo, nada do que é continuamente desmembrado seria capaz de causar algum choque, alguma manifestação de surpresa, mas causa. Então como algo sabido entrementes há muito é capaz de gerar tanto burburinho? Há duas razões: jogo político e combustível midiático. Não me contenho em gargalhar deliciosamente quando vejo na tv políticos de olhos esbugalhados trovejando o ódio salpicado da saliva incestuosa que inevitavelmente escorre por suas bocas, lobos ferozes prontos para devorar seus irmãos e saborear o doce e aureolado prazer de ser “o bom moço”, protegidos pela égide de delatores da corrupção. Convém citar inclusive o impagável dinossauro Ney Suassuna, que declarou: “não sei se é porque eu sou neófito na política, estou apenas no meu segundo mandato de senador, mas todo esse dinheiro, todas essas pessoas, estas denúncias, me impressionam”. PSDB/PFL – e demais currais eleitorais – não se contém de alegria (enquanto nenhum respingo de lama os atinge) e com toda razão. Ser publicitário das campanhas eleitorais de tais partidos ano que vem será uma das tarefas mais fáceis do mundo. Com um banquete destes proporcionado gratuitamente por seus – em tese – adversários, nenhuma criatividade, nenhum esforço se fará necessário, tratará apenas de liberar doses homeopáticas de acusações, rebuscadas pela santidade direitista.

Por seu turno, jornalistas assumem vozes pesarosas, quiçá tétricas, para anunciar as progressivas cenas da atual tragédia encenada em terras tupiniquins. Lembro-me até de um, que, participando do programa Observatório da Imprensa, disse mais uma coisa que todos sabem: “corrupção é a melhor notícia”. Nada satisfaz mais a mídia do que as corruptelas do sistema, nenhum outro assunto é tão voluptuoso. Corrupção vende. Corrupção é a premissa perfeita para que seres baixos almejem o paraíso, ou seja, para que veículos duvidosos conquistem o respeito da população.

Voltando ao nosso escopo inicial, a pergunta martela sem cessar: se a corrupção é algo de conhecimento geral, os mecanismos de como ela se manifesta também, e quem a pratica idem, porque causa tanto alvoroço? Além de alimentar picuinhas partidárias e servir de matéria-prima para a imprensa, ela incomoda porque, sendo um “modus operandi” do capitalismo, deve permanecer compreendida tacitamente sob o arcabouço do covarde senso comum. Enquanto as entranhas permanecem protegidas por sua estrutura óssea e carnuda, podem funcionar sem infortúnio, mas assim que – inapropriadamente – assumem a vanguarda, sua natureza repugnante inquieta seu dono. É como o porco que se indigna quando chamam seu alimento de lavagem. A corrupção pode lubrificar perpetuamente as engrenagens enquanto continuar inaudita, todavia, se assume a forma do todo, deve ser expurgada ferozmente para seu local de origem. É o que todos fazem, mas é inadmissível que se declare isso, é vergonhoso, indecoroso, impopular, é inflamável demais para se praticar pirofagia, é preciso combater teu coração para permanecê-lo inexpugnável. A crise é apenas a forma mais clássica de certificar-se de sua fortitude.

Ato II – Cornucópia Excrementícia

“Fosse o que fosse (o que o homem falava), podia-se ter a certeza de que cada palavra era pura ortodoxia, puro Ingsoc. Olhando a cara sem olhos, a mandíbula mexendo sem parar, Winston teve a sensação curiosa de não se tratar de um legítimo ente humano, mas de uma espécie de manequim. Não era o cérebro do homem que falava, era a laringe. O que saía da boca era constituído de palavras, mas não era fala genuína: era um barulho inconsciente, como o grasnido dum pato”. (George Orwell, 1984, pág 55/56).

Observando o patofalar na boca de nossos pseudo-intelectuais, é impossível não concordar com Orwell, sendo que temos apenas que trocar o “Socialismo Inglês” orwelliano pelo endêmico sistema capital-burguês monopolizador onde nos encontramos. O ódio forçosamente velado da imensa maioria de nossa mídia por ver a esquerda assumir o poder em 2002 – logo apaziguado pelos compromissos familiares assumidos por Lulla – pode agora jorrar sob as condições perfeitas, sem o mínimo risco de parecerem vilões aos olhos do povo. Sob o programa da verborragia, oficializado pela corrupção, encontram o pressuposto ideal para atacar não somente o partido, mas sua ideologia, suas bases, sua militância, sua história, a revolução, o marxismo, o materialismo dialético, a verdade.

Vamos com calma. O PT está chafurdado até o limite na lama, fato. Crimes de todas as naturezas são infindavelmente descobertos, fato. A idéia vendida é de que algum titio tucano resolverá tudo isso. O que afinal isto significa? Que programa estão criticando?

Ora, o que o partido dos trabalhadores tinha de esquerdista e/ou revolucionário, já foi abandonado há muito tempo, mais precisamente no início da década de 90, quando decidiram, enfim, fazer concessões, que se tornaram progressivas, até o ponto de se unificar completamente com o que combatiam, sendo impossível haver distinção. O que o PT pratica é o mesmo que o PSDB pratica, os dois programas já foram executados, os dois são a mesma coisa, os dois falharam miseravelmente. A ideologia que nossa mídia pensa criticar é a sua própria ideologia, a lama lhe é inerente assim como todo o resto. Dessa forma, quanto mais incisivos forem, melhor será. Quanto mais implacáveis, mais duros serão consigo mesmos. A ruína das pretensões petistas é a derrocada inegável das bases neoliberais brasileiramente autenticadas.

Falta que a massa perceba tudo isso. As denúncias propagadas na tv são auto-denúncias, as críticas vorazes são a compromisso público da culpa. Ninguém se arrisca a discutir a raiz, todos querem explorar apenas o episódio em separado. Qualquer nuance de ideologia revolucionária está a anos luz deste abismo medonho. Discutir a essência seria suicídio. Pois a origem de tudo é a mesma.

O círculo vicioso do capitalismo permanecerá intocável seja qual for o desenrolar desta história. A menos que…

Ato III – Um pouco de ar, por favor!

“Ai de mim”, disse o rato, – “o mundo vai ficando dia a dia mais estreito”. – “Outrora, tão grande era que ganhei medo e corri, corri até que finalmente fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte, mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro que eis-me já no fim do percurso, vendo ao fundo a ratoeira em que irei cair”. ” – Mas o que tens a fazer é mudar de direção”, disse o gato, devorando-o.” (Franz Kafka, Fábula Curta, in “Contos”)

A desconcertante precisão kafkiana é exortativa, não axiomática. Trafegamos e nenhum dos caminhos que percorremos nos levou a lugar algum. Caímos sempre no mesmo buraco, seja ele o da ignorância, do mercado, da ansiedade, do despreparo, do engano, da comodidade.

Os políticos se apressam em dizer que “apesar de tudo, as instituições democráticas serão preservadas”, como se isto fosse capaz de prover conforto à população e significasse algo positivo. Que “instituições democráticas”? Instituições democráticas nunca existiram. Nossos governantes fingem não saber o que é isto, preferem não saber, com efeito, não podem agir de acordo. O que você faria se seu funcionário jamais atendesse suas necessidades, desprezasse suas reinvidicações, escarnecesse sua importância, roubasse seus bens e agisse exclusivamente de acordo com seus interesses, fingindo que tu não existes? O demitiria, certo? É uma situação totalmente inaceitável e absurda. Algo que, uma vez identificado, seria extinto de imediato. Pois então. Perdemos tudo, todo respeito, toda importância, será que até nossa capacidade de mudança?

Talvez não estejamos todos mortos, talvez haja um mundo melhor após o eclipse. Como alertou o Pink Floyd na última frase de sua obra prima “The Dark Side Of The Moon”: “e tudo sob o sol está em perfeita harmonia, mas o sol é tapado pela lua.” O eclipse não se originou agora, é decrépito, senil, por trás desta crosta renovada do sistema, que tenta-nos provar que suas engrenagens são passíveis de choque, esconde-se a verdadeira essência putrefata do que nos governa: o capitalismo em sua forma pura. Nossa atualidade é fruto apenas de inúmeras trocas de pele, de “crises” fabricadas pela conspiração favorável ao bem estar do mercado, contudo, viver isso não é nada démodé: respiramos o capitalismo cotidianamente, o sentimos quando percebemos que sempre teremos que pagar mais caro por nossa comida, nosso transporte, nosso lazer, nossos vícios, nossa higiene, nosso estudo, nossa vida, quando temos a consciência de que iremos pagar sempre mais do que as coisas valem e receber menos do que merecemos. Obter sucesso em nossa sociedade significa tão somente canibalismo, pisar sob os demais, uma vitória paliativa e unilateral da oligarquia burguesa. Ter dinheiro não é um crime, conquistá-lo é que o é. Conquista implica vitória, vitória implica derrota, derrota transparece disputa, disputa implica ambição, ambição transparece desigualdade, desigualdade gera luta, luta implica injustiça, injustiça significa a permanência do capitalismo. Qual a última vez que vistes o sol? Acaso lembra-se da última ocasião que desfrutaste a vida? O que estás deixando de fazer para estar aqui pensando?

O predatismo precisa acabar. Os deuses do capital, destituídos. Os valores, restaurados. A verdade, glorificada. O mundo suplica por sua reconstrução. Há muito trabalho para ser feito.

A revolução clama. Atenda ao seu chamado.

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Sexo Nunca Mais

Artigo originalmente publicado no site Duplipensar em 06.08.2005.

” – Já fizeste isto antes?

– Naturalmente. Centenas de vezes…quer dizer, muitíssimas vezes.

– Com membros do Partido?

– Sempre com membros do Partido.

– Do Partido Interno?

– Não, com aqueles porcos, não. Mas há uma porção que gostaria de tirar proveito, se tivesse oportunidade. Não são tão santos quanto pretendem.

O coração dele deu um salto. Muitíssimas vezes, dissera ela. Oxalá tivessem sido centenas…milhares. Tudo quanto cheirasse a corrupção o enchia sempre de ardentes esperanças. Quem poderia saber? O Partido talvez estivesse podre sob a crosta; seu culto da severidade e autonegação podiam ser apenas uma máscara de iniqüidade. Se pudesse infeccioná-los todos com lepra ou sífilis, com que prazer o faria! Tudo que servisse para apodrecer, debilitar, minar!

Ele puxou-a para baixo, fê-la ajoelhar-se à sua frente.

– Escuta. Quantos mais homens tiveste, mais te quero. Compreendes?

– Perfeitamente.

– Odeio a pureza, odeio a virtude. Não quero que exista virtude alguma, em parte nenhuma. Quero que todos sejam corruptos até os ossos.

– Então eu te sirvo, querido. Sou corrupta até os ossos.

– Gostas de fazer isto? Não me refiro a mim, somente. Gostas da coisa em si?

– Adoro!

Acima de tudo, era o que desejava ouvir. Não somente o amor de uma pessoa, mas o instinto animal, o desejo simples, indiscriminado; era a força que faria a derrocada do Partido.

(…)

Antigamente, pensou ele, um homem olhava um corpo de mulher, via que era desejável e pronto. Mas agora não era possível ter amor puro, ou pura lascívia. Não havia mais emoção pura; estava tudo misturado com medo e ódio. A união fora uma batalha, o clímax uma vitória.

Era um golpe desferido no Partido. Era um ato político.”

George Orwell, 1984, pág 121/122.

Durante o processo de releitura de 1984, esta parte em especial acabou por chamar-me a atenção.

A descrição da cópula sexual entre Winston e Júlia, mais exatamente o doloroso labirinto pelo qual percorreram para chegar lá, é surpreendentemente significativo. Minha mente logo conectou-se com uma reportagem de capa da revista Carta Capital de tempos atrás, se me lembro bem, era traçado uma linha do tempo da liberação sexual em nosso planeta nas últimas décadas. A relevância específica desta reportagem é a descrição dos esforços atuais do governo estadunidense no que se refere ao sexo. Nunca na história dos E.U.A têm sido empreendido tanta atenção – e tanto dinheiro – para combater o instinto sexual dos jovens (em especial). Tudo sob a caudilha égide protestante. Patrulhas percorrem os bairros do país dando palestras, enumerando estatísticas, propagando fatos, narrando histórias pavorosas de pessoas que se entregaram ao sexo e sofreram conseqüências terríveis, encenando um horrendo teatro persuasivo, visando adiar – e/ou/porque não? – destruir o instinto, a experiência sexual nas pessoas, tentando, além de doutrinar, atrair mais ativistas para suas falanges. E o sucesso tem sido imenso. É a personificação da Liga Juvenil Anti-Sexo orwelliana. George W. Bush deveria pagar royalties à família de Orwell por isso.

São verdadeiramente repugnantes ações deste tipo. É a imposição de um estatuto governamental que fere todo e qualquer direito individual. Estão vendendo idéias, forjando espetáculos, influenciando ao seu bel prazer uma massa refém (!?) de suas atrocidades. No mundo de 1984, o sexo é algo praticamente inexistente, que foi expurgado brutalmente do seio da sociedade, reprimido, desestimulado, proibido, punido. Com o tempo, todo e qualquer instinto sexual tinha quase que deixado de existir. Não havia esta necessidade. Não havia esta prática. Pois:

“O objetivo do Partido não era simplesmente impedir que homens e mulheres criassem lealdades difíceis de controlar. Seu propósito real, não declarado, era roubar todo o prazer ao ato sexual. Não só o amor como o erotismo eram o inimigo, tanto dentro como fora do casamento. Todos os casamentos entre membros do Partido tinham de ser aprovados por um comitê nomeado para esse fim e – embora o princípio jamais fosse claramente declarado – a permissão era sempre recusada se o casal desse a impressão de haver qualquer atração física. O único fim reconhecido do casamento era procriar filhos para o serviço do Partido. A cópula devia ser considerada uma pequena operação ligeiramente repugnante, como um clister. (…) O Partido estava procurando matar o instinto sexual ou, se não fosse possível matá-lo, distorcê-lo e torná-lo indecente.” (pág. 67)

O sexo deixava de ser natural, saudável, instintivo, prazeroso. Era um dever, uma obrigação horrorosa, insuportável, evitável se possível. Desde a primeira vez que li 1984, penso que um aviso a ser colocado nele seria interessante (que na verdade faz-se desnecessário diante de sua obviedade), algo como: “Esta é uma obra de ficção, contudo, qualquer semelhança com o mundo real NÃO É mera coincidência”. O livro é a mimese – muito mais palpável e verossímil – do apocalipse, do grande caos do autoritarismo velado que governa o planeta. Esta bestialidade inaudita, de proporções gigantescas, torna-se totalmente asquerosa sob a luz de observações necessárias. Ao transpormos a casca de podridão do sistema, o que encontramos é justamente estes esforços incessantes em reduzir o homem à máquina, a inanimação pura e simples, à reles e vis propósitos capitalísticos.

No mundo em que os ocidentais imperialmente rotulam de 2005, devemos encarar o IngSoc de Orwell sob o epíteto generalizador de “sistema”, pois não está restrito a um local especifico, mas sim a todos os continentes. O objetivo do sistema é obliterar nosso id. Destruído este princípio do prazer, ele quer fundir nosso ego (o princípio da realidade reguladora) com o superego (o princípio da consciência), originando uma nova entidade concebida diretamente de suas entranhas, portanto, inescapavelmente impregnada de suas doutrinas. Possuindo esta nova entidade dentro de nós, nos adaptaremos ao nosso meio da forma como está instituído, atendendo diretamente aos princípios sistemáticos. À medida que o tempo passa, o antigo homem – tenham em mente aqui o cunho pejorativo que o termo “antigo” pode ser encarado, pois é assim que ele é manipulado – será aniquilado, extinguido. E as novas gerações nascerão indelevelmente associadas ao grande pai, o grande salvador, o Grande Irmão, que é a figura carismática e sem rosto, mas intensamente sólida, do sistema. O homem pós-moderno, o homem do século XXI (chamem do que quiser) não terá mais nenhum vínculo com sua essência, sintomaticamente, não verá nada de errado no que se apresenta a ele. Tal qual acontece com as figuras do Partido e como também se sucede com os habitantes do “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley. A ausência de contato sexual, as novas formas de procriação (pelo processo bokanovsky em “AMN” e por inseminação artificial – predominantemente – em “1984”), a adoção de um novo e transmutado halo humanístico (se é que se conserva algo disso), completamente maligno (grifo derivado apenas de minha qualidade de “antigo”) e fruto de estratégias bem delineadas, postas em prática a longo prazo, são pontos comuns nestas duas distopias sociais.

Diante da perda do halo original e tentando evocá-lo, Winston pragueja: “Odeio a pureza, odeio a virtude. Não quero que exista virtude alguma, em parte nenhuma. Quero que todos sejam corruptos até os ossos”. Ele queria tudo que “servisse para apodrecer, debilitar, minar”. Tudo que servisse para enfraquecer o Partido. A corruptibilidade da alma, nestas circunstâncias, é o contrário do que o sistema prega, conseqüentemente, esta corrupção é a ação libertadora de nossa essência. É mais do que necessária, é urgente. O coito sexual entre Winston e Júlia, resquícios de uma reminiscência humana, naquelas condições, era um ato de afronta, que ultrajava o Partido, zombava de suas diretrizes. A aspiração de um pouco de ar puro em meio ao torpe e venenoso ambiente do Grande Irmão. A necessidade de ser corrupto neste mundo ganha conotação positiva à medida que este pressuposto significa o inverso do que está estabelecido. Ao invertermos o que está invertido colocamos as coisas no seu devido lugar. Neste sentido, que a praga da corrupção se alastre como fogo nas almas de nossos semelhantes! Que a insatisfação impere! Que o sentimento revolucionário brote incessantemente dentro de nós! Que o sexo continue a ser o que sempre foi: uma necessidade basal, saudável e renovadora para nosso espírito!

Pois “sexo nunca mais” é o que sistema quer, “sexo nunca mais” é o que o governo estadunidense almeja instaurar. Resistiremos bravamente a isto. Pedindo licença artística a Orwell: é fazendo ouvir a nossa voz e permanecendo sãos de mente que preservaremos a herança humana!

Iremos até o fim nesta guerra grande mestre, palavra de um ente verdadeiramente humano, pode confiar.

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